Arcebispo iraquiano é indicado a prêmio pelo Parlamento Europeu

Dom Najeeb Moussa Michaeel está à frente da Arquidiocese de Mosul desde 2019 e protegeu mais de 800 manuscritos históricos que datam do século XIII ao XIX

Arcebispo caldeu Najeeb Moussa Michaeel (Foto: Arquidiocese de Mosul)

Em um comunicado divulgado na semana passada, o Parlamento Europeu anunciou que o Arcebispo caldeu Najeeb Moussa Michaeel, de Mosul, no Iraque, foi indicado ao Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento 2020.

Dom Moussa, que está à frente da Arquidiocese de Mosul desde 2019, “protegeu mais de 800 manuscritos históricos que datam do século XIII ao XIX”, relembrou o Parlamento.

“Esses manuscritos foram posteriormente digitalizados e exibidos na França e na Itália. Desde 1990, ele contribuiu para proteger mais 8 mil manuscritos e 35 mil documentos da Igreja Oriental ”, disse o comunicado.

O Parlamento também reconheceu os esforços de Dom Moussa para garantir “a evacuação de cristãos, siríacos e caldeus para o Curdistão iraquiano” depois que militantes jihadistas do Estado Islâmico atacaram Mosul, em agosto de 2014.

Quando as forças curdas se retiraram da cidade, Dom Moussa e sua equipe, composta de seis a oito iraquianos locais, conseguiram embalar duas caminhonetes cheias de caixas de papelão, contendo 1,3 mil manuscritos antigos extremamente frágeis e valiosos, a maioria deles escritos em aramaico, a língua falada por Jesus. Ele, então, fugiu da cidade com os moradores locais, caminhando 64 quilômetros no calor escaldante até Irbil, capital da região curda do Iraque.

Em uma entrevista ao AsiaNews, em 22 de setembro, Dom Moussa disse que viu a nomeação não apenas como um “reconhecimento pessoal, mas para o Iraque como um todo”, especialmente para aqueles que “sofrem ou sofreram” devido à guerra.

“Esta nomeação representa uma honra” e uma forma de recordar “as vítimas inocentes, especialmente os Yazidis, um povo pacífico que enfrentou uma verdadeira tragédia e com o qual me sinto particularmente ligado”.

Ele também disse que a destruição provocada pelo Estado Islâmico era uma ameaça ao patrimônio do Iraque, que está “em perigo de extinção”. “Um povo sem herança é um povo morto”, disse Dom Moussa.

“Para salvar os manuscritos e as pessoas durante o avanço das forças do Estado Islâmico, muitos pés e muitas mãos foram necessários”, afirmou ele. “Naquela época, pedi a Deus que tivesse dez pés e dez mãos para salvar livros e pessoas, e ele respondeu, enviando-me muitos jovens que me ajudaram nesta missão”.

O PRÊMIO

O Prêmio Sakharov para a Liberdade de Pensamento foi criado pelo Parlamento Europeu, em 1988, e destaca personalidades ou organizações que se dedicam à defesa dos direitos humanos e das liberdades individuais.

Entre os vencedores deste prêmio incluem-se o sul-africano Nelson Mandela; as Mães da Praça de Maio, de Buenos Aires, na Argentina; o dissidente cubano Guillermo Farinas; o cineasta iraniano Jafar Panahi; Xanana Gusmão, líder da independência de Timor-Leste; e, em 2019, Ilham Tohti, economista que luta pelos direitos da minoria uigure da China.

Fontes: Crux Now e Agência Ecclesia

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