Assembleia Eclesial: a sinodalidade envolve todo o povo de Deus

Esta foi uma das reflexões no antepenúltimo dia do evento continental, na sexta-feira, 26

Foto: comunicação da Assembleia Eclesial

“A sinodalidade do povo de Deus” foi um dos assuntos tratados na 1a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, na sexta-feira, 26, antepenúltimo dia de atividades. O evento ocorre de modo híbrido, com a participação presencial de cerca de cem pessoas na Cidade do México e outras mil em diferentes países do continente americano, até o domingo, 28.

O dia começou com uma menção a uma frase do Papa Francisco: “o caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja do terceiro milênio”.

Rafael Luciani, teólogo venezuelano, pediu que toda a Igreja realize o discernimento para um novo modelo eclesial que seja fruto desta nova fase na recepção do Vaticano II . Ele lembrou que a sinodalidade não é algo novo, e São Paulo VI pediu em uma das sessões do Concílio “uma definição mais completa da Igreja”.

A América Latina tem “sinais emergentes de um novo modelo eclesial em chave sinodal”, lembrou a religiosa mexicana María Dolores Palencia, citando a reestruturação do Celam, a criação do Ceama, a celebração dos sínodos diocesanos e dos conselhos plenários, e também desta nova assembleia eclesial.

O primeiro passo neste caminho, destacou Luciani, é “a conversão de toda a Igreja ouvindo, aconselhando e construindo consensos”. O teólogo insistiu na escuta, que para ser autêntica “deve envolver todos os sujeitos eclesiais, em relações horizontais baseadas na dignidade batismal e no sacerdócio comum de todos os fiéis”.

Luciani lembrou que é preciso superar “as relações desiguais, de superioridade e subordinação próprias do clericalismo, e apostar na necessidade recíproca e no trabalho conjunto. A participação não como concessão, mas como direito de todos, sendo dever ouvir desde a escuta de quem exerce a autoridade”.

O teólogo insistiu que é preciso ser mais que “uma mera prática afetiva e ambiental”, mas “se traduzir efetivamente em mudanças concretas que ajudem a superar o atual modelo institucional clerical”.

María Dolores Palencia destacou a necessidade de deixar para trás “o modelo clerical, estagnado e seus privilégios”, e fortalecer a ideia de que “é todo o povo de Deus responsável por ações transformadoras, flexíveis, atentas às necessidades das novas gerações e junto com elas, que possam recriar uma comunidade eclesial participativa, de consenso, com novas e diversas formas de viver a autoridade e de tomar decisões ”.

Luciani defendeu “a criação de mediações e procedimentos para o envolvimento de todos os fiéis e o estabelecimento de modalidades de participação permanente, que considerem o leigo como sujeito pleno da Igreja”.

Na mesma perspectiva, María Dolores Palencia apelou a “recriar as redes de comunicação e participação para que este desafio de um laicato plenamente reconhecido chegue realmente a todos”. Ela comentou, ainda, que “é melhor uma Igreja com erros e equívocos, pronta para se levantar e recomeçar o caminho” a uma Igreja estagnada, que impede a passagem do Espírito.

Comunhão e companhia mútua

Participante da coletiva de imprensa da sexta-feira, o Cardeal Mario Grech, Secretário do Sínodo dos Bispos, apresentou a Igreja como um prisma, a mesma realidade, mas com rostos diferentes. Ele insistiu na importância de que se faça uma reflexão sobre a cultura sinodal, mas ainda mais sobre uma teologia do Povo de Deus.

“No Povo de Deus, todos devemos aprender, e cada um começa sua caminhada em um ponto diferente”. De acordo com ele, a decisão do Papa sobre o Sínodo da sinodalidade é profética. Ele insistiu que o Sínodo é para buscar uma resposta necessária, o que só será alcançada com a escuta, “também daqueles que estão fora”. Ele definiu o Sínodo como uma experiência familiar, na qual nem todos sentem o mesmo, há necessidade de paciência, caridade e amor e, acima de tudo, de acompanhar e acompanhar com esperança.

Na Igreja sinodal, lembrou o Purpurado, escutar é uma forma de pensar e uma prática, algo que deve ser vivido em todos os níveis eclesiais, todas as pessoas podem participar, comunicando-se com qualquer comunidade. Por esta razão, ele insistiu que “esta Assembleia pode ajudar a sustentar o processo sinodal, com todo o povo de Deus, juntos”, e junto com isso, a tomar decisões somente depois de ouvir o Povo de Deus.

“O Sínodo é para a comunhão, para acompanhar uns aos outros, para cuidar uns dos outros”, enfatizou Grech, pedindo que ao longo do Sínodo universal se pense a respeito do conceito de autoridade, de responsabilidade, de transparência em termos de abuso e exercício da autoridade.

Apresentação de conclusões

A 1a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe chega a sua reta final neste fim de semana. No sábado, às 11h30 (horário de Brasília), haverá a apresentação das conclusões, seguida dos testemunhos dos participantes, uma liturgia de ação de graças e a leitura da mensagem final.

O encerramento oficial será no domingo, 28, às 14h (horário de Brasília), com a missa conclusiva no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, após a qual haverá um momento de consagração à Virgem Maria.

(com informações do Celam e Vatican News)

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