China impõe dificuldades para a realização de cerimônias religiosas on-line

Necessidade de ‘Permissão de Serviço de Informação Religiosa da Internet’ é mais uma ação de cerceamento à religiosidade no país

Fotos: Portas Abertas

A criação ou compartilhamento de conteúdo religioso on-line passou a ser proibido na China no começo deste mês, o que pode afetar a realização de cerimônias religiosas transmitidas pela internet bem como outras reuniões promovidas por igrejas que não sejam controladas pelo estado. A informação é da ONG Portas Abertas que monitora a perseguição e a intolerância a cristãos em diferentes partes do mundo.

Essa regulamentação torna ainda mais rígidos o controle sobre os cristãos na China. Conteúdo religioso, incluindo cristão, budista, islâmico e de ensino, compartilhado nas redes sociais será declarado ilegal e o criador ou compartilhador da postagem poderá ser punido.

O acesso legal à internet somente será concedido ao que o regime comunista chinês chama de “Cinco Religiões Autorizadas”, que incluem a Igreja Católica controlada pelo Estado e as “Três Religiões” protestantes.

Para poder postar ou compartilhar qualquer coisa on-line requer uma ‘Permissão de Serviço de Informação Religiosa da Internet’. Na prática, estes só serão disponibilizados para as igrejas já ‘legalmente estabelecidas’. Mesmo essas igrejas terão seu conteúdo examinado de perto, para garantir que a mensagem esteja de acordo com os ensinamentos do Partido Comunista Chinês. Todas as outras igrejas ‘subterrâneas’ estão efetivamente sendo expulsas da internet.

Um líder cristão não identificado no sul da China comentou a Portas Abertas: “Já observamos que em nossa área, as reuniões on-line com um grande número de participantes ‘desapareceram’”

Os responsáveis pelas igrejas que desobedecerem a medida poderão ser chamados para as “reuniões de chá” com autoridades, onde receberão fortes advertências e enfrentarão detenção administrativa, entre outras punições.

Os contatos cristãos já disseram a Portas Abertas que excluíram qualquer postagem relacionada à religião nas mídias sociais em antecipação à entrada em vigor das novas leis.

De acordo com Marco Cruz, secretário-geral da Portas Abertas Brasil, esta última lei faz parte de uma estratégia de longa data do Partido Comunista Chinês. “O Partido há muito vê a religião como uma ameaça em potencial. Quando percebeu que não podia acabar com os cristãos no país, tentou contê-lo. Eles temem que os cristãos sejam leais a outra instituição ou tenham outra devoção que não seja ao Partido Comunista Chinês”, explica Cruz.

Nos últimos anos, o Partido fez algumas ações para dificultar ainda mais a vida dos cristãos. Instalou tecnologia de reconhecimento facial em algumas igrejas aprovadas pelo Estado, fechou e destruiu igrejas não reconhecidas.

“As igrejas precisarão adaptar a maneira como operam, com muitas possivelmente ficando offl-line por enquanto. À medida que a busca da nação por significado continua a não ser atendida pelos dogmas ateus oficiais da nação, eles continuarão a crescer”, afirmou o secretário-geral.

Fonte: Portas Abertas

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