
Teólogos, cientistas sociais, historiadores e artistas, incluindo um rapper indígena mexicano, reuniram-se em Bogotá, na Colômbia, para discutir como a religião é hoje representada na cultura popular.
O Papa Francisco “diz que a nova teologia não pode ser um diálogo entre teólogos porque é autorreferencial, mas deve ser um diálogo interdisciplinar”, disse Emilce Cuda, secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina, durante os três dias de reuniões sobre expressões religiosas na cultura popular, ocorridas na sede do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam).
Os teólogos, disse ela, “devem estar entre as pessoas e ouvir a linguagem que usam para expressar a fé hoje, para expressar as suas necessidades e sonhos”, e envolver-se com expressões populares de fé transmitidas por meio de tatuagens e rap, por exemplo.
A conferência, intitulada “Teologia nas periferias: a linguagem simbólica da cultura popular”, apresentou painéis sobre o uso da religião na formação de ideologias, narrativas midiáticas em torno da religião, a apropriação de símbolos religiosos e a sua representação na arte.
Felipe Legarreta, estudioso bíblico da Universidade Loyola de Chicago, nos Estados Unidos, e participante da conferência, disse que estudar o uso moderno de símbolos religiosos segue o exemplo dos primeiros pais da igreja, que “se apropriaram de símbolos, linguagens apropriadas para traduzir e interpretar a mensagem do Evangelho em novos contextos.”
Legarreta afirmou esperar que a conferência apoie uma “nova epistemologia e metodologia para a teologia que esteja em diálogo com as outras ciências e com os povos da terra, sobretudo aqueles que estão nas periferias”.
O Padre José Carlos Caamaño, teólogo da Universidade Católica da Argentina, ressaltou que “conhecer os desafios do nosso tempo é fundamental para podermos articular uma linguagem que comunique o Evangelho; caso contrário, o que comunicamos é uma doutrina vazia, uma doutrina desumanizante. Se você está preocupado com a salvação das pessoas, você tem que adquirir conhecimento sobre elas usando disciplinas que saibam como capturar uma realidade histórica concreta”, por exemplo, mediante a colaboração de historiadores e sociólogos.
Emilce constatou que tal abordagem “é a forma de compreender a teologia da América Latina, uma vez que a teologia das periferias dessa região não é pautada em categorias filosóficas, mas mediada pela cultura”.
Fonte: UCA News