Colômbia: conferência põe em ação apelo papal por ‘teologia cessante’

Foto: CELAM (Divulgação Facebook)

Teólogos, cientistas sociais, historiadores e artistas, incluindo um rapper indígena mexicano, reuniram-se em Bogotá, na Colômbia, para discutir como a religião é hoje representada na cultura popular.

O Papa Francisco “diz que a nova teologia não pode ser um diálogo entre teólogos porque é autorreferencial, mas deve ser um diálogo interdisciplinar”, disse Emilce Cuda, secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina, durante os três dias de reuniões sobre expres­sões religiosas na cultura popular, ocorridas na sede do Conselho Episcopal Latino-Americano e Caribenho (Celam).

Os teólogos, disse ela, “devem estar entre as pessoas e ouvir a linguagem que usam para expressar a fé hoje, para expressar as suas necessidades e sonhos”, e envol­ver-se com expressões populares de fé transmitidas por meio de tatuagens e rap, por exemplo.

A conferência, intitulada “Teologia nas periferias: a linguagem simbólica da cultura popular”, apresentou painéis sobre o uso da religião na formação de ideolo­gias, narrativas midiáticas em torno da religião, a apro­priação de símbolos religiosos e a sua representação na arte.

Felipe Legarreta, estudioso bíblico da Universidade Loyola de Chicago, nos Estados Unidos, e participan­te da conferência, disse que estudar o uso moderno de símbolos religiosos segue o exemplo dos primeiros pais da igreja, que “se apropriaram de símbolos, linguagens apropriadas para traduzir e interpretar a mensagem do Evangelho em novos contextos.”

Legarreta afirmou esperar que a conferência apoie uma “nova epistemologia e metodologia para a teologia que esteja em diálogo com as outras ciências e com os po­vos da terra, sobretudo aqueles que estão nas periferias”.

O Padre José Carlos Caamaño, teólogo da Universi­dade Católica da Argentina, ressaltou que “conhecer os desafios do nosso tempo é fundamental para podermos articular uma linguagem que comunique o Evangelho; caso contrário, o que comunicamos é uma doutrina va­zia, uma doutrina desumanizante. Se você está preocu­pado com a salvação das pessoas, você tem que adquirir conhecimento sobre elas usando disciplinas que sai­bam como capturar uma realidade histórica concreta”, por exemplo, mediante a colaboração de historiadores e sociólogos.

Emilce constatou que tal abordagem “é a forma de compreender a teologia da América Latina, uma vez que a teologia das periferias dessa região não é pauta­da em categorias filosóficas, mas mediada pela cultu­ra”.

Fonte: UCA News

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