Há 100 anos, nascia São João Paulo II

São João Paulo II

Nesta segunda-feira, 18, comemora-se os 100 anos do nascimento de São João Paulo II. O polonês batizado com o nome de Karol Józef Wojtyla foi o 264º Pontífice romano e morreu em 2 de abril de 2005, sendo canonizado em 27 de abril de 2014.

BIOGRAFIA

Karol Józef Wojtyla nasceu no dia 18 de maio de 1920 em Wadowice, cidade próxima de Cracóvia. Era o mais novo entre os três filhos de Karol Wojtyla e Emilia Kaczorowska. Ainda jovem, perdeu os irmãos e a mãe. Tinha muitos talentos: praticava esportes e gostava de atuar e dirigir espetáculos teatrais.

Após a invasão da Polônia no início da Segunda Guerra Mundial, em 1939, as forças de ocupação da Alemanha nazista fecharam a universidade onde ele estudava filosofia. Para evitar ser deportado para a Alemanha, Karol teve diversos empregos, desde entregador para um restaurante a operário numa mina de calcário. Após a morte de seu pai, seu grande companheiro, o jovem Karol ficou só. Em outubro de 1942, ingressou no seminário clandestino conduzido pelo arcebispo da Cracóvia, Adam Stefan Sapieha.

Karol Wojtyla com seus pais, Karol e Emilia

Os alemães fugiram de sua cidade em 1945 e os estudantes puderam retomar o então arruinado seminário. Foi ordenado padre em 1º de novembro de 1946 e, logo depois, mudou-se para Roma, onde obteve seu primeiro doutorado em Teologia.

Foi nomeado bispo auxiliar da Cracóvia por Pio 12, em 1958 e, seis anos depois, tornou-se arcebispo. Foi criado cardeal por Paulo VI em 1967. À frente da Arquidiocese de Cracóvia, dom Wojtyla foi um opositor pacífico ao regime comunista e um incansável defensor da liberdade religiosa.

PONTIFICADO

O cardeal Wojtyla foi eleito Bispo de Roma e Papa da Igreja Católica em 16 de outubro de outubro de 1978, com apenas 58 anos, teve o terceiro pontificado mais longo da história: 26 anos e seis meses.

Eleição de João Paulo II, em 16 de outubro de 1978

O conclave que o elegeu aconteceu logo após a morte de São João Paulo I, em seu brevíssimo pontificado.  

Primeiro pontífice italiano em 455 anos, João Paulo II, ao aparecer pela primeira vez no balcão da Basílica de São Pedro diante da multidão que se aglomerava na praça para conhecer seu novo Papa, pediu: “Se eu errar no italiano, corrijam-me, por favor”.

Seu longo pontificado foi marcado por números surpreendentes: escreveu 14 encíclicas, 15 exortações apostólicas, 11 constituições apostólicas, 36 cartas apostólicas, e editou 30 motu proprio. Proclamou 1.338 beatos e 482 santos. Wojtyla também possui um recorde de 109 viagens apostólicas internacionais por 129 países. Dessas viagens, três foram ao Brasil, em 1980, 1991 e 1997.

VATICANO II

Com sólida formação em Teologia,  Wojtyla participou de todas as sessões do Concílio Vaticano II (1962- 1965), contribuiu efetivamente na ela- boração dois documentos conciliares: a declaração Dignitatis humanae, sobre a liberdade religiosa, e a constituição pastoral Gaudium et spes, sobre a

presença da Igreja no mundo moderno. Mais tarde, em 1967, participou da ela- boração da encíclica Humane vitae (Vida humana), de Paulo VI.

João Paulo II, diante da imagem de Nossa Senhora de Fátima

FILHO DE MARIA

A devoção de São João Paulo II à Nossa Senhora marcou toda a sua vida. Tanto que ele escolheu como lema episcopal, que também foi adotado em seu pontificado, a expressão mariana Totus tuus (todo teu), de São Luís Maria Grignion de Montfort em seu Tradado da Verdadeira Devoção à Virgem Maria.

E foi justamente no o dia 13 de maio de 1981, memória de Nossa Senhora de Fátima, que Woktyla foi atingido pelos três tiros disparados pelo turco Ali Agca, diante de uma multidão na Praça de São Pedro.

O Santo Padre sempre afirmou que naquele dia Nossa Senhora salvou sua vida, e desviou com sua mão a bala lhe  seria fatal.

João Paulo II, na abertura do Grande Jubileu, em 24/12/199

GRANDE JUBILEU

Nos anos seguintes, São João Paulo II se dedicou a preparação da Igreja para a celebração do grande Jubileu do ano 2000, em comemoração dos dois milênios do nascimento de Jesus Cristo. O evento assumiu um significado altamente simbólico no âmbito da sua missão pastoral e teve uma forte importância penitencial, expressa de modo emblemático no dia do perdão, 12 de Março.

Enquanto isso, Wojtyla via sua condição física se debilitar pela progressiva degeneração causada doença de Parkinson. O encerramento do jubileu abriu a fase conclusiva do seu pontificado e, depois de uma longa agonia, morreu na noite de 2 de abril de 2005, no 2º Domingo da Páscoa, Festa da Divina Misericórdia.

INCANSÁVEL MISSIONÁRIO

Ao longo de seu pontificado, São João Paulo II criou numerosas dioceses. Promulgou os Códigos de Direito Canônico latino e o das Igrejas Orientais, publicou o Catecismo da Igreja Católica.

Com grande proximidade da juventude, criou as jornadas mundiais da juventude, para as quais fez importantes viagens. Esse espírito missionário levou por toda a vida. Já nos primeiros meses de seu pontificado, na República Dominicana, após beijar o chão, declarou: “Viajarei por onde me chamarem as exigências da fé e a defesa valores humanos”.

Oração, proximidade e amor pela justiça

Para celebrar o centenário do nascimento de São João Paulo II, o Papa Francisco presidiu uma missa na manhã desta segunda-feira, no altar onde está sepultado seu predecessor, na Basílica de São Pedro.

Papa Francisco preside missa no altar do túmulo de São João Paulo II, em 19/04/2020

Na homilia, Francisco destacou três características do bom pastor encontradas em Wojtyla: a oração, a proximidade ao povo, e o amor pela justiça.

“São João Paulo II era um homem de Deus porque rezava e rezava muito”, afirmou o Papa, acrescentando que, apesar do muito trabalho que tinha para guiar a Igreja, Wojtyla “bem sabia que a primeira tarefa de um bispo é rezar” “e

nos ensinou que à noite, quando um bispo faz o exame de consciência, deve perguntar-se: quantas horas rezei hoje?”.

PASTOR

Sobre a proximidade, Francisco recordou que o Santo Padre polonês não era um homem separado do povo, pelo contrário, ia ao encontro dos povos nas suas inúmeras viagens. “Um pastor é próximo do povo, do contrário não é pastor, é um hierarca, é um administrador, talvez bom, mas não é pastor. Proximidade ao povo. E São João Paulo II nos deu o exemplo desta proximidade: próximo dos grandes e dos pequenos, dos de perto e dos de longe, sempre próximo, se fazia próximo”, completou o Papa.

O Pontífice recordou que São João Paulo II foi um homem que queria a justiça em todos os aspectos e, por isso, era também um homem da misericórdia. “Pensemos o muito que São João Paulo II fez para que as pessoas entendessem a misericórdia de Deus… Ele havia sentido que a justiça de Deus tinha esta face de misericórdia, esta atitude de misericórdia. E este é um dom que nos deixou: a justiça-misericórdia e a misericórdia justa”, afirmou Francisco.

(Com informações de Vatican News)

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