Dez anos depois de militantes do autoproclamado Estado Islâmico (EI) terem varrido as planícies de Nínive, no Norte do Iraque, a comunidade cristã “ainda está viva” e trabalhando para reconstruir e evangelizar, disseram dois arcebispos católicos orientais: Dom Nizar Semaan, da Eparquia Siríaco-Católica de Hadiab-Erbil, e Dom Bashar Warda, da Arquidiocese Caldeia de Erbil.
As igrejas católica siríaca e católica caldeia, cada uma com suas próprias liturgias e hierarquias, são duas das 23 igrejas católicas orientais sui iuris (“de seu próprio rito”) que, juntamente com a Igreja Católica Romana, compõem a Igreja Católica universal.
A invasão de Mossul, em junho de 2014, fez com que as cidades, bem como as aldeias nas imediações, ficassem sob controle do EI. Dom Bashar estimou que cerca de 13,2 mil famílias cristãs e yazidis foram forçadas a fugir para a sua arquidiocese na região autônoma do Curdistão iraquiano.
Agora, cerca de 9 mil destas famílias regressaram às suas casas nas planícies de Nínive e estão tentando reconstruir a sua comunidade.
Por sua vez, Dom Nizar afirmou que embora o Iraque tenha “um pouco de estabilidade agora, o EI não se trata apenas de um exército, mas de uma ideologia”, cuja mentalidade – que rejeita a diversidade religiosa – deve ser combatida por meio do cultivo de “um sistema educacional moderado, que permita o florescimento humano em meio a uma atmosfera de paz e respeito”.
Como segundo passo para ajudar os cristãos a permanecerem no Iraque, ele também enfatizou a necessidade de desenvolver uma constituição nacional “construída sobre seres humanos e não sobre a religião”.
O Iraque, onde cerca de 98% da população é muçulmana, acolhe comunidades cristãs há cerca de 2 mil anos, tendo sido evangelizado pelo apóstolo São Tomé e seus discípulos. Os cristãos locais sofrem com a constante perseguição, que viu seu número diminuir de 1,4 milhão em 2003 para cerca de 250 mil hoje.
Fonte: Aleteia
