Em seis escolas de Israel, mais de 2 mil crianças e jovens árabes e judeus, de 3 a 18 anos de idade, dividem uma sala de aula, brincam juntos, convivem, falam sobre a história de suas famílias e constroem, lado a lado, comunidades inclusivas e multiculturais em uma sociedade fragmentada.
Trata-se da proposta da Hand in hand (“De mãos dadas”), uma escola-modelo criada em 1998, com apenas 50 estudantes, como alternativa a um sistema de escola pública que separa os alunos e perpetua um padrão de sociedade em que menores judeus e árabes dificilmente têm espaços de encontro, contribuindo para fomentar as divisões e o ódio intergeracional.
No novo modelo, as salas de aula sempre contam com dois professores, um que fala hebraico e outro que fala árabe, o que possibilita que todo o conteúdo ministrado seja compreendido por todos os alunos.
Com centros educacionais em Jerusalém, Galileia, Wadi Ara, Tel Aviv, Yafo e Tira, a proposta de educar em tolerância não se resume às crianças e jovens, mas inclui suas famílias em programas comunitários que vão desde esportes até arrecadação de fundos para vítimas de conflitos.
Nessas escolas, as crianças e adolescentes não apenas aprendem a língua uns dos outros, mas também uma narrativa diferente daquela que ouvem em casa: os livros de História incluem tanto os relatos israelenses quanto os palestinos.
Nesse assunto tão delicado, um professor árabe e um professor israelense apresentam os fatos históricos junto com as duas versões para incutir tolerância e ensinar que o importante não é concordar, mas estar disposto a ouvir o outro.
Esta rede de escolas também tem um calendário escolar próprio: todas as crianças celebram normalmente os feriados judaicos, cristãos e muçulmanos.
“Na escola, não encontramos a solução perfeita, mas damos a oportunidade para que as crianças falem sobre suas próprias histórias, qual é o ponto de vista em sua casa, o que seus familiares vivenciaram”, explica Noa Yammer, uma jovem judia dos Estados Unidos que mora em Israel desde os 18 anos e coordena a comunicação dessa rede de escolas.
Fontes: Hand in hand, El País e Nas Daily