Jerusalém: cristãos celebram a Paixão de Cristo no Calvário

Na Basílica do Santo Sepulcro, em jerusalém, fiéis participam de celebrações da Sexta-feira Santa (foto: Patriarcado Latino de Jerusalém)

Na Sexta-feira Santa, 2, dia da contemplação da do lenho da cruz de Cristo, a Igreja de Jerusalém celebra este mistério no lugar onde tudo aconteceu: o Calvário, convidando religiosos, peregrinos e fiéis a entrarem mais intimamente na experiência da Paixão de Cristo.

Apesar das restrições da pandemia de COVID-19, este ano, foi possível realizar as celebrações com a participação de fiéis locais e religiosos locais, seguindo os protocolos sanitários. Desde o fim de fevereiro, o governo de Israel vem flexibilizando gradativamente a circulação das pessoas, após ter mais da metade da população vacinada e uma queda significativa de casos e mortes pelo coronavírus. A celebrações, no entanto, ainda não podem ter participação de peregrinos.

Para comemorar a data, foram realizadas três celebrações: a ação litúrgica da Paixão no Calvário e da Via-Sacra, pela manhã, e a representação da Paixão com a procissão fúnebre, à noite.

Procissão com Eucaristia para a comunhão dos fiéis na celebração da Paixão no Santo Sepulcro (Foto: Nadim Asfour/Custódia da Terra Santa)

Adoração da cruz

Segundo a tradição, as portas da Basílica do Santo Sepulcro foram solenemente abertas às 8h para receber os grupos de fiéis para a celebração que, no resto do mundo, acontece à tarde.

A ação litúrgica, presidida pelo Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Pierbattista Pizzaballa, divide-se em três momentos: Liturgia da Palavra, Adoração da Cruz e Comunhão Eucarística. As leituras antecipam o canto de aclamação à Paixão segundo João (Jo 18,1-19,42), alternada entre os cantores franciscanos e o coro da Custódia da Terra Santa. O “silêncio ensurdecedor” se intensificou quando um dos cantores franciscanos entoou a estrofe da morte de Jesus em frente ao altar grego, colocado sobre a rocha do Calvário. Os fiéis e religiosos, de joelhos, acompanharam este momento com devoção.

Datada de uma tradição do século IV, a adoração da cruz segue a liturgia da Palavra e é outra parte central da celebração. Na antiguidade, esse momento durava de três a quatro horas, permitindo ao povo rezar diante da relíquia da Santa Cruz e ouvir as passagens do Evangelho que se referem à Paixão.

Em seguida, acontece o rito de comunhão dos fiéis, que é feito com a Eucaristia consagrada na Missa da Ceia do Senhor, na noite anterior. Depois da comunhão e da bênção, em silêncio, todos se dirigiram à Capela Franciscana, onde a relíquia da cruz foi exposta para uma breve adoração antes do fechamento do Sepulcro.

Pela Via Dolorosa, fiéis revivem os passos da paixão de Jesus (Foto: Nadim Asfour/Custódia da Terra Santa)

Via-Sacra

Cerca de uma hora após a celebração no Santo Sepulcro, os frades franciscanos se reuniram para a tradicional Via-Sacra, liderados pelo Padre Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton. A Via-Sacra de Jerusalém retrata os últimos momentos da vida de Jesus, da Via Dolorosa ao Santo Sepulcro, através das estações espalhadas pela cidade velha.

O grupo de fiéis e religiosos passou pelas ruas estreitas do mercado árabe, partindo do convento franciscano da Flagelação, subindo ao Calvário e, finalmente, chegando à basílica do Santo Sepulcro, em frente à Edícula, a capela erguida no local onde Jesus foi sepultado.

Procissão

A noite foi dedicada ao tradicional cortejo fúnebre, novamente presidido por Frei Francesco Patton. Essa é uma tradição milenar que remonta às representações medievais denominadas “Mistérios”, inspirados na Paixão de Cristo.

A representação cênica ajuda os fiéis a recordarem a Paixão, Morte e a Ressurreição nos lugares onde tudo aconteceu e sublinha dois aspectos: por um lado, permite tornar visível que Cristo conheceu realmente a morte na carne, superando-a; por outro, mostra como a morte é necessária para que a Ressurreição aconteça.

(Fonte: Custódia da Terra Santa)

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