Na Epifania, cristãos celebram a manifestação do Filho de Deus e Salvador do mundo

Reprodução da internet

No domingo, 2, a Igreja no Brasil celebra a Solenidade da Epifania do Senhor.  Embora no calendário litúrgico essa solenidade seja celerada no dia 6 de janeiro para que os fiéis brasileiros possam cumprir o preceito desse dia santo sua comemoração é transferida para o domingo após a Solenidade de Santa Maria Mãe de Deus, no dia 1º.

A palavra “epifania” significa “manifestação”. Portanto, celebra-se nessa ocasião “a manifestação de Jesus como Messias Israel, Filho de Deus e Salvador do mundo”, como ressalta o Catecismo da Igreja Católica. Por isso, a liturgia desse dia recorda o texto do Evangelho de São Mateus a visita dos “reis magos” do oriente ao menino Jesus logo após seu nascimento em Belém. O texto também diz que eles vieram guiados por uma estrela até o local onde o Senhor havia nascido.  

Além do Evangelho de São Mateus, há documentos apócrifos antigos e de grande valor para a tradição cristã que relatam a visita dos Reis Magos ao Menino Jesus.

Esta solenidade é celebrada  com bastante ênfase pelos cristãos de rito oriental. Tanto que a maioria das igrejas ortodoxas celebram a Vigília do Natal em 6 de janeiro, seguindo o antigo calendário juliano, de origem anterior à era cristã.

Magos

A palavra “mago” era usada para designar os sábios do Oriente, especialmente aos sacerdotes da Caldeia que foram os primeiros a estudar a astronomia no mundo. Portanto, não está relacionado a astrólogos ou feiticeiros.

São Beda, o Venerável (673-735), doutor da Igreja muito respeitado, foi monge beneditino na Inglaterra, historiador. Ele pesquisou e escreveu sobre os Reis Magos, e foi o primeiro e escrever seus nomes. Segundo ele, “Melquior tinha setenta anos, de cabelos e barbas brancas, tendo partido de Ur, na Caldeia. Gaspar era jovem de vinte anos, e teria partido de uma distante região montanhosa, perto do Mar Cáspio. E Baltasar era mouro, com quarenta anos, partira do Golfo Pérsico, na Arábia Feliz”. Gaspar significa “aquele que vai inspecionar”; Melquior quer dizer: “Meu Rei é Luz”, e Baltasar “Deus manifesta o Rei”.

Diferentes povos

Para São Beda e outros doutores da Igreja, os três representavam as três raças humanas existentes, os reis e os povos de todo o mundo. O Catecismo da Igreja Católica sublinha que, nesses “magos”, representantes das religiões pagãs circunvizinhas, o Evangelho vê as primícias das nações que acolhem a Boa Nova da salvação pela Encarnação.

A vinda dos magos a Jerusalém para “adorar ao Rei dos Judeus”, portanto, mostra que eles procuram em Israel, à luz messiânica da estrela de Davi, aquele que será o Rei das nações. Sua vinda significa que os pagãos só podem descobrir Jesus e adorá-lo como Filho de Deus e Salvador do mundo voltando-se para os judeus e recebendo deles sua promessa messiânica, tal como está contida no Antigo Testamento. A Epifania manifesta que “a plenitude dos pagãos entra na família dos patriarcas” e adquire a “dignidade israelítica”.

Representação dos Reis Magos comum nos presépios (reprodução da internet)

Presentes

Também segundo São Beda, os presentes oferecidos ao Menino Jesus têm um significado importante: o ouro, como reconhecimento da realeza; o incenso, reconhecimento da divindade; e a mirra, reconhecimento da humanidade e símbolo de sofrimento, era usada para embalsamar corpos, o que simboliza o Cordeiro a ser imolado para tirar o pecado do mundo.

Nesse sentido, os Magos reconheciam o Menino Jesus como rei, deus e vítima a ser imolada.

A Igreja interpreta essa visita como o cumprimento da profecia de Davi: “Os reis de Társis e das ilhas lhe trarão presentes, os reis da Arábia e de Sabá oferecer-lhe-ão seus dons. Todos os reis hão de adorá-lo, hão de servi-lo todas as nações”. (Sl 71, 10-11)

De acordo com São João Crisóstomo, doutor da Igreja e Patriarca de Constantinopla, os três Reis Magos foram mais tarde batizados pelo Apóstolo São Tomé e trabalharam muito pela expansão da Fé. Segundo essa tradição, seus restos são venerados na Catedral de Colônia, na Alemanha. As relíquias deles teriam sido descobertas na Pérsia por Santa Helena, mãe do imperador romano Constantino, e levadas para Constantinopla. Depois, foram conduzidas para Milão e, em seguida, transferidas para a Catedral de Colônia, em 1163.

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