Em março de 2022, na cidade de La Flotte-en-Rém, na França, a remoção da imagem de Nossa Senhora do espaço público havia sido exigida judicialmente pela Associação Libre Pensée 17 (Pensamento Livre 17), em nome da laicidade e da lei de 1905, que instituiu a separação entre Igreja e Estado. Esse pedido provocou fortes reações, como um abaixo-assinado reunindo quase 30 mil assinaturas.
Na quinta-feira, 12, porém, o Tribunal Administrativo de Apelação de Bordeaux confirmou a decisão tomada em primeira instância pelo Tribunal de Poitiers em março passado, ordenando a retirada da imagem.
O Tribunal de Bordeaux reconhece que “o município não tinha intenção de expressar uma preferência religiosa ao introduzi-la neste local, em 2020, após o acidente de trânsito que danificou a original. No entanto, observa também que a imagem da Virgem Maria é uma figura importante na religião cristã, em particular a católica, e que a própria imagem apresenta um caráter religioso”. Uma observação, portanto, que vai contra as disposições relativas à lei de 1905.
A Justiça agora dá à cidade seis meses para executar essa decisão. Entretanto, o prefeito Jean-Paul Héraudeau confirma sua intenção de apelar desta decisão do Tribunal Administrativo para salvar a imagem da Virgem. “Entraremos em contato com nosso advogado e estudaremos tudo isso. O terreno pertence, de forma conjunta, ao município e a proprietários privados. Como delimitar onde se localiza o espaço público e o espaço privado? Isso pode nos deixar com uma porta aberta”, afirmou.
Esta imagem de Nossa Senhora foi construída em um jardim privado, após a 2ª Guerra Mundial, a pedido de uma família em agradecimento por pai e filho terem regressado com vida da guerra. Na década de 1980, foi deslocada alguns metros para o espaço público devido à criação de um novo cruzamento, à entrada da vila. Em 17 de maio de 2020, houve um acidente de trânsito, e o carro acabou danificando a imagem. Por este motivo, decidiu-se reconstruí-la de forma idêntica antes de reinstalá-la no mesmo local, que agora se torna motivo de disputa em nome da laicidade do Estado.
Fonte: Gaudium Press