“Há uma grande alegria de ter o Santo Padre que, apesar de tudo, enfrenta uma viagem complicada, também do ponto de vista físico, mas ao mesmo tempo há trepidação porque se espera que esta visita possa trazer consolação aos povos que sofreram”, afirma dom Jurkovič.
“O Papa vem como portador de uma paz mais universal, não apenas de uma reconciliação nacional”: palavras do Núncio Apostólico no Canadá, Dom Ivan Jurkovič. De Ottawa, o diplomata fala do significado da “peregrinação penitencial” de Francisco, no contexto de um percurso de reconciliação empreendido pela Igreja local com os povos indígenas:
Desde que fui nomeado núncio, em 2021, pude viver imerso na atmosfera particular que foi criada na sociedade canadense com atitudes muito críticas em relação à Igreja pelo seu passado. A Igreja fez coisas muito boas, mas aqui estamos falando do envolvimento na preservação da identidade cultural dos povos indígenas. Embora os Papas e bispos tenham se manifestado várias vezes, explicando e até mesmo pedindo desculpas, havia a necessidade de abordar o problema de uma maneira diferente. A Conferência Episcopal, nos últimos três anos, planejou um caminho mais complexo que incluiu, como seu primeiro objetivo, o encontro pessoal do Santo Padre com quatro delegações. Foram reuniões muito importantes que aconteceram entre o final de março e o início de abril, que abriram as portas para este gesto extraordinariamente generoso do Santo Padre de vir aqui pessoalmente, e testemunhar em primeira pessoa a atitude da Igreja. O Canadá é um país enorme. Um território imenso com uma diferenciação cultural muito acentuada, especialmente entre francófonos e anglófonos. Nos últimos 20-30 anos, tem havido um fenômeno maciço de migração. Então o Papa chega neste contexto, chega com sua sensibilidade que é universal.
Dom Jurkovič afirma se trata de uma viagem “atípica”, que comporta inúmeras responsabilidades, sem perder todavia o caráter de festa quando está presente o Santo Padre.
Há uma grande alegria de ter o Santo Padre que, apesar de tudo, enfrenta uma viagem complicada, também do ponto de vista físico, mas ao mesmo tempo há trepidação porque se espera que esta visita possa trazer consolação aos povos que sofreram, e também um esclarecimento, uma atitude mais serena da Igreja.
O Núncio aborda ainda outro tema, que é a grande presença de ucranianos no Canadá e, como se sabe, um argumento que preocupa o Papa de modo especial:
A questão da Ucrânia é muito latente, porque há uma presença considerável de ucranianos que vieram nos últimos cem anos. O Canadá olha com particular atenção para o Santo Padre e para a sua sensibilidade diante desta tragédia na Europa. O Papa, portanto, também vem como portador de uma paz mais universal, não apenas de uma reconciliação nacional. Uma preocupação pela paz mundial tão dramaticamente ameaçada.
Fonte: Vatican News