“Meu primeiro pensamento quando ouvi falar da morte de Dom Paride Taban na noite de Todos os Santos foi ‘ele foi para os santos’; eu não fui a única, ouvi outras pessoas fazerem o mesma observação”, diz à Fides Irmã Elena Balatti, missionária comboniana que vive e trabalha em Malakal, no Sudão do Sul.
Irmã Elena conheceu Dom Paride Taban, primeiro bispo de Torit, falecido em 1º de novembro. “Dom Taban procurou viver a sua vida como cristão, colocando-se ao serviço de todos e especialmente dos últimos”, sublinha Irmã Elena. “Ele deu um exemplo particular: embora em muitos contextos culturais, incluindo o do Sudão do Sul, e como adverte o Papa Francisco, às vezes se procuram carreiras na Igreja, Paride Taban renunciou prematuramente ao seu episcopado, aos 65 anos. Fê-lo por vários motivos e depois recebeu autorização da Santa Sé para prosseguir com a realização do seu sonho, nomeadamente a criação de uma comunidade de diferentes tribos, muitas vezes em conflito entre si, para que pudessem viver, ir à escola e trabalhar juntos”.
“A comunidade da aldeia chamava-se Kuron e é muito vibrante. Acredito que este seja um legado importante de Dom Paride Taban: unir as pessoas, apesar dos conflitos antigos, para viverem juntos de forma pacífica, especialmente os jovens. O sonho de Paride Taban é um sonho tão atual para o nosso mundo atormentado por tantas dificuldades e inimizades” destaca a missionária.
“Paride Taban passou grande parte da sua vida testemunhando que o ódio não é o caminho certo, que há sempre outro caminho, o da fraternidade”, conclui Irmã Elena.
A Aldeia da Paz de Kuron está localizada no estado de Equatória Oriental, na fronteira sudeste do Sudão do Sul. Paride Taban teve a ideia de uma aldeia da paz na década de 1990, quando visitou “Neve Shalom” (Oásis da Paz), em Israel, um lugar onde judeus e palestinos vivem juntos pacificamente. O primeiro núcleo da aldeia foi fundado em 2000. Nos anos seguintes, a Vila da Paz Kuron foi fundada e recebeu o nome da Santíssima Trindade.
Fonte: Agência Fides
