Patriarca Kirill consagra a Catedral de Nossa Senhora de Cazã

Na quarta-feira, 21, foi consagrada em Cazã, capital do Tartaristão, na Rússia a Catedral de Nossa Senhora de Cazã dedicada ao ícone da Mãe de Deus. A celebração contou com a presença de 7.000 fiéis, apesar das restrições contra a Covid. Cazã se caracteriza pelo diálogo entre as religiões

Catedral de Nossa Senhor de Cazã, na República de Tartaristão, Rússia 

Na última quarta-feira, 21, o Patriarca Ortodoxo russo Kirill (Gundjaev) consagrou a Catedral dedicada ao ícone da Mãe de Deus em Cazã, na República de Tartaristão, a pátria dos Tártaros russos. A solene celebração, à qual o Presidente Vladimir Putin enviou uma mensagem de bons votos, reuniu uma multidão de mais de 7.000 fiéis. Eles se alinharam pelas ruas de Cazã apesar das preocupações com a terceira onda da pandemia da Covid-19, que não mostra sinais de abrandamento em todo o país.

O Patriarca saiu excepcionalmente de seu auto-isolamento na periferia de Moscou, onde se encontrava desde o início pandemia. Foi a Cazã com um programa estudado para evitar qualquer risco de contágio para si mesmo e para os outros concelebrantes. A delegação da Igreja Ortodoxa se manteve à distância da multidão de fiéis, que permaneceu em frente aos telões instalados fora da Catedral, onde foram admitidas apenas 300 pessoas, incluindo as autoridades.

Monumento à coragem e fé do nosso povo

Em sua homilia, o Patriarca Kirill lembrou que “hoje consagramos a catedral construída no local onde foi encontrado o ícone milagroso conhecido no mundo inteiro como Nossa Senhora de Cazã”. Destacou também que o edifício foi reconstruído com os meios e a pedido de todo o povo desta cidade e de toda a Rússia. “Em um lugar que parecia hostil à fé ortodoxa”, acrescentou Kirill, “surge este monumento ao espírito, à coragem e à fé de nosso povo”.

Ícone de João Paulo II

A catedral foi reconstruída como a original, que Stálin mandou explodir como gesto demonstrativo em 1932. A igreja abriga o ícone que foi devolvido à Igreja Russa pelo Papa João Paulo II em 2004. Uma delegação guiada pelo cardeal Walter Kasper o trouxe de volta à Rússia. O Papa Wojtyla tinha recebido este ícone como presente em 1993 dos católicos americanos, eles contaram que a receberam depois de longas vicissitudes, e desde então o Papa rezava todos os dias diante do ícone em sua capela pessoal. O desejo do santo Papa polonês era poder devolvê-lo pessoalmente, um desejo que ele não pôde realizar.

Ivã, o Terrível

O ícone é uma das cópias mais antigas do original, perdido há séculos. As autoridades religiosas e civis expuseram-no em várias ocasiões para invocar a ajuda da Mãe de Deus nas circunstâncias mais dramáticas da história russa. Em meados do século 16, o czar Ivã, o Terrível, o fez na conquista de Cazã, o último reduto dos Tártaros que ocuparam a Rússia por mais de dois séculos. Tendo vencido a batalha em 1579, Ivã mandou construir a igreja agora restaurada; sua solene elevação como catedral ocorreu em 1808, no novo e magnífico edifício. Agora a imagem do ícone foi recolocada no lugar onde estava até os tempos soviéticos, com sua moldura prateada que a enfeitou até 1904, quando a atual variante do ícone também foi perdida.  

O Tartaristão é uma República de maioria muçulmana, mas com uma grande abertura para o diálogo com outras religiões. Seu primeiro presidente histórico, Mintimer Saraimiev, que esteve no cargo de 1991 a 2010, por iniciativa própria reconstruiu a grande mesquita Qol-Şärif dentro do Kremlin da cidade, que domina Cazã de cima. Ao seu lado, foi restaurada a Catedral Ortodoxa da Anunciação. Em 2005, sob os muros do Kremlin de Cazã, ele destinou um terreno aos católicos para construir sua própria igreja. O Cardeal Angelo Sodano a consagrou em 2008 com o título de Exaltação da Santa Cruz.

(Fonte: V.R.  Ásia News)

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