
Com a publicação das novas orientações sobre o funcionamento das igrejas e a realização de missas, outras celebrações e manifestações religiosas na Arquidiocese de São Paulo, publicadas nesta sexta-feira, 12, a Igreja Católica adere mais uma vez ao esforço coletivo para conter o avanço da COVID-19 na capital paulista.
Desde o início da pandemia, há 1 ano, a Arquidiocese tem orientado o clero e os fiéis sobre os cuidados e recomendações das autoridades sanitárias no combate ao novo coronavírus.
Primeiras recomendações
Em um comunicado 13 de março de 2020, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, enviou as primeiras orientações para que as igrejas fossem mantidas abertas, limpas e bem ventiladas, para as celebrações e atividades religiosas. Para os templos com grande afluência de fiéis, era recomendado o aumento do número de celebrações para evitar aglomerações.
Já nessa ocasião, recomendava-se aos idosos e outras pessoas consideradas do grupo de risco para o desenvolvimento da forma grave da doença que acompanhassem as celebrações litúrgicas de suas casas, pelos meios de comunicação, até que fosse superada a pandemia.
Em uma carta enviada aos bispos auxiliares, padres e diáconos, no dia 17 do mesmo mês, Dom Odilo reforçou as orientações dadas anteriormente e recomendou “a calma e o bom senso”, evitando toda forma de pânico. “Orientemos o povo sobre o contágio, a prevenção contra o vírus e sobre os cuidados da saúde, seguindo indicações seguras dadas pelas autoridades sanitárias.

Missas
Em 21 de março, quando foi anunciada a quarentena em todo o Estado de São Paulo, o Cardeal Scherer emitiu outro comunicado, determinando “a suspensão temporária de todas as celebrações e eventos religiosos com a participação de povo da Igreja Católica na Arquidiocese de São Paulo”.
Em um comunicado complementar, publicado no dia 26 do mesmo mês, Dom Odilo reiterou que as celebrações e demais atos religiosos e pastorais fossem realizados privadamente pelos ministros “em benefício de suas comunidades e de todo povo”, sendo transmitidos pelas mídias sociais e meios de comunicação. Desde então, o próprio Arcebispo passou a transmitir a missa diária de sua residência, o que ocorre até o momento.
Renovação pastoral
O Purpurado também enviou uma carta a toda a Arquidiocese no dia 24 de março, motivando os padres e fiéis a usarem de criatividade para continuarem a missão da Igreja na cidade.
“Eis que um vírus minúsculo está nos obrigando a repensar nossa ação evangelizadora e pastoral […]. Somos obrigados a nos repensar para alcançar o povo, para estar em contato com as pessoas, levando o Evangelho a elas, sendo sinal de conforto e esperança para tantos desalentados e outros tantos desiludidos e órfãos das ilusões da felicidade e salvação oferecidas pelo ter, o poder, o prazer e todas as promessas de vida e felicidade sem Deus”, escreveu.

Semana Santa
Por ocasião da Semana Santa e da Páscoa, o Cardeal Scherer enviou uma nova carta com orientações sobre como celebrar as liturgias desse período de restrições, sem a participação presencial dos fiéis, tomando como base as instruções publicadas pela Santa Sé a esse respeito.
“Sei que este tempo de ‘quarentena’ custa muito ao nosso povo e a nós também. E não sabemos por quanto tempo isso vai durar, nem quais sacrifícios ainda serão exigidos. Estou certo que cada um está tentando fazer o melhor que pode e só Deus sabe com quanta caridade, mesmo se isso não aparece em público nem faz notícia”, ressaltou Dom Odilo.
Os fiéis foram convidados a celebrar o mistério pascal no âmbito da “igreja doméstica”, manifestando sua fé por meio de sinais e gestos, em comunhão com suas comunidades paroquiais.
Retomada gradual
No dia 24 de junho, foi apresentado o protocolo de retomada gradual das atividades pastorais e administrativas da Arquidiocese de São Paulo na nova etapa de enfrentamento da pandemia de COVID-19 na capital.
Esse protocolo foi elaborado por uma comissão integrada pelos representantes das dioceses que abrangem a área do Município de São Paulo – Arquidiocese de São Paulo, dioceses de Santo Amaro, Campo Limpo, São Miguel Paulista e Osasco – e as circunscrições eclesiásticas católicas de rito oriental que têm sede na cidade – Eparquia Maronita do Brasil, Eparquia Católica Greco-Melquita Nossa Senhora do Paraíso e Exarcado Apostólico Armênio para a América Latina.

Missas com o povo
O Arcebispo, então, orientou os padres e demais responsáveis pelas igrejas da Arquidiocese que, a seu prudente critério, retomassem as celebrações com a presença de povo, observando cuidadosamente as medidas preventivas recomendadas pelas orientações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicadas em maio, e pelo Termo de Cooperação para o funcionamento de igrejas, templos religiosos e afins, firmado em 28 de abril entre a Prefeitura de São Paulo e um grupo de vereadores da capital.
Dom Odilo reforçou que fossem levados em conta, todos os cuidados e recomendações preventivas das autoridades sanitárias, como o número reduzido de fiéis nos templos, o respeito ao distanciamento entre as pessoas, o uso de máscaras, a higienização das mãos e dos locais de culto, entre outras medidas.
O Cardeal novamente recordou que a legislação canônica da Igreja já prevê que as pessoas impossibilitadas por razões justificáveis de participar presencialmente dos sacramentos aos domingos e dias santos já estão dispensadas do cumprimento desse preceito, recomendando-se que santifiquem esse dia por meio de um momento de oração ou, na circunstância atual, acompanhem as celebrações pelas mídias, mesmo que essa forma não substitua a participação presencial dos sacramentos.
Momento atual
O agravamento da pandemia nas últimas semanas, com recordes de mortes, infecções e ocupação de leitos hospitalares, levaram o Arcebispo a publicar novas orientações para as paróquias e comunidades da Arquidiocese.
A partir da próxima segunda-feira, 15, as celebrações com a participação presencial do povo ficam suspensas. No entanto, as igrejas permanecerão abertas para a visitação e oração pessoal dos fiéis, assim como para o atendimento individual, seguindo todos os protocolos sanitários já recomendados. As missas também continuarão sendo celebradas de maneira privada e transmitidas pelas mídias.
“Ninguém deve pagar com a própria vida o descuido ou a negação dos riscos da pandemia […]. Enquanto isso, esperamos que a vacinação chegue em breve a toda a população, de maneira que, com o cumprimento do dever das autoridades públicas e a colaboração da população, possamos ficar livres dos males presentes e voltar a uma vida serena”, afirmou Dom Odilo.