Papa Francisco recorda os 25 anos da encíclica de São João Paulo II sobre ecumenismo

São João Paulo II e líderes de Igrejas cristãs, durante celebração do Jubileu do Ano 2000

O Papa Francisco recordou os 25 anos da publicação da Encíclica Ut unum sint, de São João Paulo II, sobre o empenho ecumênico, comemorados nesta segunda-feira, 25.

Em carta enviada ao presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch, o Santo Padre destacou que o documento de seu predecessor foi escrito com o olhar voltado para o horizonte do Jubileu do Ano 2000, desejando que a Igreja mantivesse bem presente a oração de seu Mestre e Senhor: “Que todos sejam um”.

Francisco enfatizou que a Encíclica “confirmou de modo irreversível o empenho ecumênico da Igreja Católica” e reitera que “a legítima diversidade não se opõe de forma alguma à unidade da Igreja, antes aumenta o seu decoro e contribui significativamente para o cumprimento da sua missão”.

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UNIDADE NA DIVERSIDADE

O Pontífice lembrou, ainda, que o Papa Wojtyla publicou o texto na Solenidade da Ascensão do Senhor, colocando-o sobre o signo do Espírito Santo, “artífice da unidade na diversidade, princípio da unidade da Igreja”, no mesmo contexto litúrgico em que são celebrados os 25 anos de sua publicação.  

“Neste aniversário, dou graças ao Senhor pelo caminho que nos permitiu percorrer como cristãos na busca da plena comunhão”, escreveu o Papa, afirmando compreender a “impaciência” de quem pensa que poderia e deveria ser feito mais. “Todavia, não devem nos faltar fé e reconhecimento: muitos passos foram feitos nestas décadas para curar feridas seculares e milenárias”.

Ainda segundo o Pontífice, Ut unum sint reitera que “a diversidade legítima não se opõe à unidade da Igreja; pelo contrário, aumenta seu decoro e contribui muito para o cumprimento de sua missão” (n. 50).

“De fato, ‘somente o Espírito Santo pode despertar diversidade, multiplicidade e, ao mesmo tempo, promover a unidade. […] É Ele quem harmoniza a Igreja’, porque, como diz São Basílio, o Grande,  ‘Ele mesmo é harmonia’”, enfatizou Francisco, recordando um trecho de sua homilia na Catedral Católica do Espírito Santo, em Istambul, Turquia, em 2014.

COMPANHEIROS DE VIAGEM

Francisco destacou que são visíveis os progressos no maior conhecimento e estima recíprocos, no avanço, no diálogo teológico e caritativo, e em várias formas de colaboração no diálogo da vida, no plano pastoral e cultural.

O Papa dirigiu seu pensamento também “aos irmãos que estão à frente das diversas Igrejas e comunidade cristãs” e aos cristãos de todas as tradições, “que são os nossos companheiros de viagem”.

“Como os discípulos de Emaús, podemos sentir a presença do Cristo ressuscitado que caminha ao nosso lado, explica-nos as Escrituras e reconhecê-lo na fração do pão, na espera de partilhar a mesa eucarística”, completou Francisco.

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NOVAS INICIATIVAS

O Santo Padre também dirigiu seu agradecimento as todos aqueles que trabalham ou trabalharam no Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e anunciou duas iniciativas:

A primeira é um Vademecum ecumenico para os bispos, que será publicado no segundo semestre, como um incentivo e um guia para o exercício de suas responsabilidades ecumênicas. “De fato, o serviço à unidade é um aspecto essencial da missão do Bispo, que é ‘o princípio visível e o fundamento da unidade” em sua Igreja particular’”, reiterou o Papa, citando a Constituição Dogmática Lumen gentium, do Concílio Vaticano II.

A segunda iniciativa é o lançamento  da revista Acta Œcumenica, que servirá de subsídio para quem trabalha a serviço da unidade.

ESTRADA A SER PERCORRIDA

Fazendo memória do caminho percorrido, o Papa recordou a importância de perscrutar o horizonte, fazendo a pergunta feita por São João Paulo II na Encíclica: “Quanta est nobis via?” ( Quanta estrada nos resta por fazer?), expressa no número 77 do documento.

Nesse trecho, São João Paulo II indaga quanta estrada os separa ainda “daquele dia abençoado, em que será alcançada a plena unidade na fé e poderemos então na concórdia concelebrar a santa Eucaristia do Senhor” e reiterou que “a finalidade última do movimento ecumênico é o restabelecimento da plena unidade visível de todos os batizados”.

DOM DO ESPÍRITO SANTO

Ao concluir a carta ao Cardeal Koch, o Papa Francisco afirmou que “a unidade não é principalmente o resultado da nossa ação, mas é dom do Espírito Santo” e que não acontecerá como um milagre, virá no caminho, realizada pelo Espírito Santo.

“Invoquemos confiantes, portanto, o Espírito, para que guie os nossos passos e cada um sinta, com renovado vigor, o apelo a trabalhar pela causa ecumênica; Ele inspire novos gestos proféticos e reforce a caridade fraterna entre todos os discípulos de Cristo, ‘para que o mundo creia’ (Jo 17,21) e se multiplique o louvor ao Pai que está nos céus”, concluiu o Pontífice.

ACESSE:  
Carta Encíclica Ut unum sint, Sobre o Empenho Ecumênico

(Com informações de Vatican News)

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