17 jovens iniciam a preparação ao sacerdócio no Seminário Propedêutico da Arquidiocese

Quantidade é quase três vezes maior que em 2024; encontros vocacionais, mais divulgação nas paróquias, diálogo com as famílias e oração pelas vocações influenciaram o crescimento

Há muito tempo não se via os bancos da capela com tantos seminaristas, nem as mesas do refeitório tão ocupadas. Os frutos de despertar vocacional foram tantos que foi preciso até construir mais 12 quartos e reformar os banheiros. Em 2025, o Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção, na Vila Nova Cachoeirinha, está com 17 seminaristas, quase o triplo do ano passado, quando seis jovens iniciaram o itinerário formativo ao sacerdócio. A média de idade dos propedeutas é de 22 anos: o mais novo tem 18 anos, o mais velho, 35. 

“Essa quantidade de seminaristas, 17, é, antes de tudo, um gesto da ternura de Deus, da Sua delicadeza e bondade. É graça de Deus, pois como São João Paulo II dizia: a vocação é um dom de Deus, uma graça de Deus, a uma comunidade que reza. Nós rezamos tanto a Deus por vocações em nossa Arquidiocese, sobretudo com a Quinta-feira pelas Vocações nas paróquias, nas comunidades, nos grupos pastorais e nas famílias, que Ele ouviu o nosso clamor”, comentou o Padre João Henrique Novo do Prado, Reitor do Seminário Propedêutico e Coordenador do Serviço de Animação Vocacional da Arquidiocese, responsável pelo Centro Vocacional Arquidiocesano (CVA). 

O CHAMADO FEITO DIRETAMENTE NAS PARÓQUIAS E FAMÍLIAS 

Padre João Henrique também atribuiu o aumento no número de propedeutas ao intenso trabalho realizado pelo Serviço de Animação Vocacional, incluindo a ida a paróquias e comunidades para falar das vocações e o diálogo com as famílias dos jovens. 

O Reitor lembrou, ainda, que nas paróquias que mais enviaram vocacionados ao seminário um traço comum é que se fortaleceu uma cultura de oração – “uma vida ativa de oração consegue suscitar boas vocações” – e o testemunho do pároco incentivou os rapazes a discernir sobre a vocação ao sacerdócio. 

Padre João também destacou o apoio do Arcebispo Metropolitano à promoção das vocações: “Eu sou muito grato a Dom Odilo pelo grande incentivo às vocações. Ele é o grande animador vocacional da Arquidiocese de São Paulo. Se agora estamos colhendo tudo o que foi plantado, certamente Dom Odilo foi alguém que muito ajudou a plantar a sementinha da vocação. Ele ficou muito feliz pelo ingresso desses jovens no nosso Seminário”. 

ENCONTROS VOCACIONAIS 

Desde o ano passado, mensalmente, encontros vocacionais têm sido realizados no Seminário Propedêutico: “Assim temos feito para que o jovem já possa ir se familiarizando com os espaços, com a rotina da casa, bem como conhecer a pessoa do Reitor. Com isso, a adaptação se torna mais tranquila. Inclusive, eu fiquei bastante surpreso nessa primeira semana da nova turma, pois os jovens se mostraram muito bem adaptados com as questões litúrgicas, de estudo e de tarefas que têm de realizar aqui na casa”, detalhou Padre João Henrique. 

Lucas Bonfim, 24, vocacionado da Paróquia São José do Maranhão, na Região Belém, e Gabriel Holanda, 27, que frequentava paróquias na Diocese de Osasco (SP) e na Região Lapa, ingressaram no Propedêutico este ano, após terem participado dos encontros vocacionais em 2024. À reportagem do O SÃO PAULO, eles destacaram que os encontros foram fundamentais para que se sentissem já familiarizados com essa casa de formação, bem como para fortalecer a convivência com outros jovens propedeutas. 

Lucas, que fará o estágio pastoral em sua paróquia de origem, contou que desde criança desejava ser padre – “Eu até brincava de celebração da missa quando era pequeno, cortava o lençol de casa pra poder fazer casula” –, mas que só decidiu fazer discernimento vocacional após ser perguntado por Dom Cícero Alves de França, Bispo Auxiliar de São Paulo, se nunca havia pensado em ser padre, e por receber amplo apoio do Pároco da Paróquia São José do Maranhão, Padre Arlindo Teles. 

Já Gabriel Holanda jamais havia pensado na possibilidade de se tornar sacerdote, mas esse despertar surgiu após o seu avô, com câncer, ter recebido a Unção Enfermos, em 2023. “A dor dele não era mais física, era espiritual, psicológica. Meu avô recebeu o sacramento da Unção dos Enfermos e percebi que depois que o padre saiu do quarto, ele estava muito aliviado e extremamente feliz. E aí pensei: ‘Eu também quero ser isso, quero ser essa fonte de consolo’”, recordou o jovem, que fará estágio pastoral na Paróquia Cristo Rei, na Região Lapa. 

O PROCESSO FORMATIVO 

Padre João Henrique explicou que no Seminário Propedêutico, o seminarista é introduzido na dinâmica do seminário: “Ele é inserido na vida comunitária, na vida de estudos e na vida espiritual, ou seja, começa a dar os primeiros passos nessas áreas da formação”. 

Os seminaristas também recebem uma reflexão introdutória sobre as quatro dimensões da formação sacerdotal: humano-afetiva, espiritual, intelectual e pastoral-missionária, e realizam o estágio pastoral aos finais de semana. 

Ao término deste ano no Propedêutico, os seminaristas aprovados passam à etapa do Discipulado, no Seminário de Filosofia Santo Cura d’Ars, onde permanecem por três anos. A etapa seguinte é a da Configuração, no Seminário de Teologia Bom Pastor, durante quatro anos, antes de receberem a ordenação diaconal, que antecede a ordenação presbiteral.