Instituída em março de 2023 pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, a Escola Bíblico-Catequética São José de Anchieta teve a conclusão de sua primeira turma no início deste mês.
Aproximadamente 800 catequistas, com no mínimo cinco anos de atuação na Catequese, finalizaram o itinerário formativo nesta escola arquidiocesana que tem por objetivo “aprofundar os conteúdos que poderão capacitar os catequistas em seu ministério. Também a Escola deve proporcionar conheci- mento, inspiração e motivação para que o catequista reconheça sua identidade, sua vocação e sua missão. Assim, o catequista saberá corresponder ao seu ministério e construir itinerários catequéticos com inspiração catecumenal, atendendo às necessidades de sua comunidade de modo adequado”, explicou, ao O SÃO PAULO, o Padre Paulo César Gil, Assistente Eclesiástico Arquidiocesano para a Animação Bíblico-Catequética.
A criação da Escola atendeu às orientações dadas pela Santa Sé e pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para a formação de catequistas após o Papa Francisco, em maio de 2021, instituir o ministério de Catequista por meio do motu proprio Antiquum Ministerium. “O catequista que busca uma preparação sólida para ser instituído no ministério deverá receber uma formação bíblica, teológica, pastoral, pedagógica e humana”, consta em um dos trechos do documento.
ITINERÁRIO FORMATIVO E METODOLOGIA
A Escola Bíblico-Catequética São José de Anchieta tem um núcleo de formação em cada uma das seis regiões episcopais, nos quais os assessores, de modo itinerante, trabalham os conteúdos próprios do processo formativo.
“O encontro é mensal e presencial, mas a formação continua com a vivência pastoral, solicitada como um trabalho individual ou em grupo, na comunidade paroquial. Cada catequista participante deve entregar um relatório das atividades”, explicou o Padre Paulo César Gil.
Os temas dos encontros são: Vocação do catequista; Contexto da Catequese; Catequista, testemunha da fé; Catequista, mestre e mistagogo; Catequista, promotor da comunhão; Vida de oração e fé; Agir catequético; e Catequista, ministro da Palavra.
“As vivências têm por objetivo aprofundar os passos pedagógicos e as competências do catequista, destacando as atitudes de Jesus. São trabalhadas as seguintes competências: Acolhimento; Escuta; Interação; Unidade; Conhecimento; Acompanhamento; Comunicação; e Espiritualidade”, detalhou o Sacerdote.
UMA CATEQUESE MAIS BEM QUALIFICADA
Dados de uma pesquisa aplicada às mais de 1,1 mil pessoas que se matricularam na 1ª turma indicaram que 50,7% têm entre cinco e dez anos como cate- quista. Além disso, apenas 18% dos inscritos já haviam participado antes de uma formação de Catequese em âmbito arquidiocesano, mas 61,9% disseram o terem feito em suas paróquias.
“A primeira turma da Escola, depois de oito encontros formativos, retiro e as vivências pastorais, poderá dar testemunho de seu compromisso com a Catequese e de seu discipulado, trilhando passos firmes na direção do projeto de Jesus Cristo. Considerando o número de catequistas que perseveraram até o final da etapa, participaram do retiro e entregaram as vivências pastorais, posso dizer que foi muito positivo o resultado”, avaliou o Padre Paulo César Gil.
Thais Miremis Sanfelippo da Silva Amadio, da Paróquia São Domingos Sávio, na Região Santana, é catequista há 19 anos. À reportagem, ela assegurou que na Escola pôde se atualizar. “A mudança de perspectiva de uma catequese pedagógica para uma catequese mistagógica implica uma revisão geral e completa da forma como ela é dada atualmente, bem como na atuação dos próprios catequistas. Os estudos e as vivências me ajudaram na percepção das diferenças, que são grandes, bem como me auxiliaram a planejar as modificações e adequações a serem feitas”, disse, destacando ser fundamental que em cada paróquia os párocos acompanhem o dia a dia da Catequese para que as mudanças possam ser efetivadas.
Catequista há cinco anos, Marcelo Scibarauskas, da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, na Região Sé, também é um dos concluintes da primeira turma. “Todos os temas abordados foram importantes para a formação técnica, e, também, para a vivência a fim de iniciarmos o entendimento do comportamento das famílias e suas dificuldades nos tempos atuais”, destacou.
De acordo com o Padre Paulo César Gil, em linhas gerais os participantes avaliaram positivamente a dinâmica da Escola. Ele lembrou, porém, que dois aspectos devem ser aprimorados: “Primeiro, a comunhão entre as regiões para garantir o êxito do projeto, que é arquidiocesano, pois precisamos cuidar da qualidade dos encontros, mantendo uma formação orgânica, ordenada e sistemática; e, segundo, a presença dos catequistas nos encontros. Quando um catequista se inscreve para a Escola, solicitamos a apresentação do pároco, confirmando a disponibilidade para a formação. Isso deveria justificar sua ausência em algumas atividades paroquiais e não o contrário; algumas faltas aconteceram porque os catequistas tinham atividades na paróquia no mesmo horário dos encontros. Mas isso diz muito sobre a formação da consciência de cada participante”.
NOVAS TURMAS COMEÇARÃO EM 27 DE ABRIL
No sábado, 13, em missa no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, 19 leigos, um de cada regional da CNBB, foram os primeiros a receber o ministério de Catequista no Brasil.
Em breve, haverá a divulgação de quando os cerca de 800 concluintes da primeira turma da Escola Bíblico-Catequética São José de Anchieta receberão o ministério de Catequista.
A nova turma deste ano já tem data para começar: em 27 de abril, em cada um dos núcleos de formação nas regiões episcopais.
“As inscrições para as turmas de 2024 já estão abertas! Estamos acolhendo e acompanhando as novas inscrições e, para isso, vamos seguir os mesmos critérios apresentados para a turma de 2023. Os párocos já receberam as orientações e deverão encaminhar uma carta de apresentação do catequista de sua comunidade que estiver apto para iniciar a formação. Contamos com a motivação dos párocos de nossa Arquidiocese, animando e acreditando neste projeto. O primeiro animador da ação catequética na comunidade é o padre. Com ele, a trajetória se tornará muito mais frutuosa”, ressaltou Padre Paulo César Gil.
Saiba mais sobre a Escola Bíblico-Catequética São José de Anchieta pelo e-mail: ebicatjosedeanchieta@gmail.com.
REQUISITOS PARA RECEBER O MINISTÉRIO DE CATEQUISTA:
- Ser escolhido pelo pároco e pela coordenação paroquial;
- Ter no mínimo 20 anos de idade e, ao menos, cinco anos de atuação na Catequese;
- Ter uma formação básica;
- Ter participado da formação na Escola Bíblico-Catequética São José de Anchieta;
- Estar ciente de seu ministério a serviço da evangelização, entendo-o não como um prêmio, mas, sim, fruto de seu testemunho de fé e de vida comunitária;
- Estar disponível para participar dos projetos de formação continuada em preparação da renovação do ministério (a cada 5 anos);
- Antes de receber o ministério, cada candidato passará pelo escrutínio de avaliação com o bispo e/ou por uma equipe designada.