O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu a missa da Solenidade da Ascensão do Senhor na manhã deste domingo, 24, na Catedral da Sé. Nesta data, também é comemorado o 54ª Dia Mundial das Comunicações Sociais.
Devido às medidas de isolamento social para conter o avanço da pandemia de COVID-19, a celebração não teve a presença de fiéis e foi transmitida pela rádio 9 de Julho, pela Rede Vida de Televisão e pelas mídias digitais da Arquidiocese.
Estavam na missa apenas três padres concelebrantes, poucos auxiliares para liturgia e representantes da Pastoral da Comunicação, seguindo as recomendações sanitárias do distanciamento e o uso de máscaras de proteção.
UNIDOS PELA FÉ
“Se nossas igrejas estão vazias, não significa que a Igreja, corpo de Cristo, comunidade dos fiéis, está vazia. Estamos unidos na mesma fé, na caridade, na esperança e no mesmo desejo de que Deus tenha misericórdia de todos nós e, o quanto antes, essa pandemia passe e possamos voltar às nossas atividades do dia a dia”, afirmou Dom Odilo, no início da homilia.
O Cardeal acrescentou que, enquanto não é possível reunir a comunidade nas igrejas, os católicos continuem a viver a fé como a Igreja tem orientado: “acompanhando as celebrações, alimentando nossa fé na Palavra de Deus, na caridade, na oração em família, no cuidado solidário, na ternura em relação aos doentes e a todas as pessoas que vivem esse tempo com muito medo e angústia”.
COMUNICAÇÃO É NARRAÇÃO
Ao se referir ao Dia Mundial das Comunicações Sociais, o Arcebispo ressaltou o quanto os meios de comunicação são importantes para a Igreja e para a sociedade.
O Cardeal Scherer agradeceu todos aqueles que se dedicam ao trabalho de comunicação na Igreja, que se colocam “ao serviço da evangelização, da formação da opinião pública conforme os critérios e os valores do Evangelho, para ajudar o mundo a conhecer Jesus Cristo, conhecer as obras de Deus e também a esperança que nos anima na nossa fé e na contribuição que nós, cristãos, temos a dar para a edificação do mundo”.
Em seguida Dom Odilo, fez uma reflexão sobre a mensagem do Papa Francisco para esta data, cujo tema é “‘Para que possas contar e fixar na memória” (Ex 10, 2)’. A vida se faz história”, destacando a narração no processo comunicativo da humanidade.
CONTAR HISTÓRIAS
“Nossa vida é feita de muitas histórias, assim como nossa fé”, enfatizou o Cardeal, recordando que a própria Bíblia é formada por uma sucessão de narrações das experiências da fé, dos encontros com Deus, que se revelou à humanidade. “Histórias permeadas da presença, da misericórdia, do desígnio salvador de Deus, que nos estende a mão e não nos deixa caminhar sozinhos. Não nos abandona”, completou.
Dom Odilo recordou que, na mensagem, o Pontífice também chamou a atenção que a narração deve ser sempre voltada para a verdade, o bem, a justiça e a caridade. “O Papa adverte que, às vezes, a narração pode ser equivocada, pode estar fundamentada com propósitos errados, sendo uma narração falsa, ou seja, uma fake news, a partir do desejo de enganar, de espalhar intriga, ódio e desunião”, sublinhou.
“A nossa narração deve ser sempre honesta, a partir da verdade, de experiências verdadeiras da fé… Aí está o sentido da comunicação na Igreja e da evangelização”, reforçou o Cardeal, continuando: “Temos que lembrar que também o nosso trabalho de evangelização é narração, não é simplesmente contar verdades abstratas”, observou o Arcebispo.
TESTEMUNHO
O Cardeal salientou que toda a ação evangelizadora, como a catequese, o ensino da fé e pregação precisam levar em conta uma verdadeira experiência de fé. Ele recordou, ainda, o que o próprio Jesus recomendou aos apóstolos antes de subir aos céus: “‘Ide, fazei discípulos meus entre todos os povos’. Como? Narrando, contanto, anunciando. Eis a evangelização feita comunicação da fé”.
Por fim, o Cardeal exortou todos a serem testemunhas de Jesus Cristo e de seu Evangelho onde quer que estejam, segundo a herança da fé que vem Jesus, dos patriarcas, profetas, apóstolos, santos, dos “narradores e testemunhas da fé ao longo da história”.
“Nem a pandemia nos deve calar neste testemunho de fé. Mas deve ajudar a encontrar novas formas de dar este testemunho, para que o mundo creia, tenha referência em Jesus Cristo e encontre a esperança e a salvação”, concluiu o Arcebispo, lembrando que todo cristão é um comunicador e narrador da sua experiência da fé.