Após restauro, sinos da Igreja São José do Belém são reinaugurados

Matriz Paroquial de São José do Belém, onde estão instalados os sinos reinaugurados na quinta-feira, 19 (foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Os sinos da Igreja matriz da Paróquia São José do Belém, na zona Leste de São Paulo, voltaram a soar na noite da quinta-feira, 19.

Datados de 1927, os oito sinos passaram por manutenção, limpeza e modernização do sistema de automação, realizadas pela Fábrica de Sinos de Piracicaba e patrocinadas pelo Grupo Comolatti.

A bênção e reinauguração do campanário foi feita pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, durante missa concelebrada por Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Belém, e por diversos padres, dentre os quais, o Pároco, Padre Marcelo Maróstica Quadro.

A celebração contou com a presença do Cônsul-geral da Itália em São Paulo, Filippo La Rosa, e membros da família e do Grupo Comollati.

A celebração aconteceu no contexto das comemorações do jubileu de 125 anos da Paróquia, aberto no sábado, 14, com o rito de dedicação do novo altar e da matriz paroquial.

O Cardeal Scherer destacou as celebrações também acontecem durante Ano de São José, instituído pelo Papa Francisco para comemorar os 150 anos da proclamação do pai adotivo de Jesus como patrono universal da Igreja.

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Um dos oito sinos datados de 1927 (foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Convite à oração

“Os sinos estão ligados à vida do povo de Deus, o seu som marca os tempos da oração, reúne o povo para realizar as ações litúrgicas, avisa os fiéis sobre acontecimentos mais sérios que podem significar aflição ou alegria para esta porção da Igreja, nesta parte da cidade ou para cada um dos fiéis”, a firmou o Arcebispo, na introdução do rito da bênção.

Na homilia, Dom Odilo enfatizou que os sinos lembram que todos são chamados a oração e dar graças a Deus nas diversas horas do dia, acompanhando o ritmo da oração da Igreja, conforme antiga tradição.

“Que os sinos, ao tocarem, nos recordem o nosso louvor matinal, ao meio-dia, ao entardecer. Sempre com significados novos, podemos nos lembrar do que fizemos, do que nos propomos a fazer, de agradecer, até de pedir perdão. Mas por tudo louvar e engradecer a Deus”, completou.

Origem Milenar

Inventado na China há cerca de 4,6 mil anos, o sino é um instrumento de percussão utilizado para comunicação, para marcar as horas e avisar os trabalhadores acerca do fim do turno de trabalho.

Os sinos começaram a ser usados pelos cristãos por volta do século V, em mosteiros na região da Campânia, no sul da Itália, vindo daí o nome “campana” como sinônimo de sino. Ao longo dos séculos, tornou-se o principal símbolo nas torres das igrejas, para chamar os fiéis para as missas ou anunciar um acontecimento importante da comunidade.

“Na metrópole, em meio ao barulho de tantas vozes, temos que fazer o possível para que a presença da Igreja seja percebida na cidade. Nós estamos aqui”, afirmou o Cardeal Scherer, ao falar do valor simbólico dos sinos.

Casal Sergio e Ana Lucia Comolatti, com Cardeal Scherer, Dom Luiz Carlos e sacerdotes (foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Patrocínio

Já virou uma tradição do Grupo Comolatti patrocinar o restauro de sinos de igrejas em São Paulo. “Nós realizávamos campanhas de arrecadação de alimentos e agasalhos na Paróquia São Januário [San Gennaro], que fica próxima da sede da nossa empresa. Certa vez, perguntei ao Pároco se a Paróquia precisava de mais alguma ajuda. Então, ele nos pediu patrocínio para os sinos da torre nova que estava sendo construída”, contou Sergio Comolatti, presidente do grupo empresarial.

A partir daí, foram feitos os restauros dos sinos de outras paróquias. Em 13 anos, já foram 15 igrejas que tiveram seus sinos restaurados, entre as quais, os das paróquias São Vito, Bom Jesus do Brás, Nossa Senhora do Brasil, Nossa Senhora da Paz, São Cristóvão, além da Igreja Nossa Senhora da Boa Morte e do Mosteiro de São Bento, no centro. Em 2010, foi restaurado o carrilhão de 61 sinos da Catedral da Sé, o maior da América Latina.

Ao agradecer à família Comolatti pela generosidade, Padre Marcelo entregou a Sergio e sua esposa, Ana Lucia Del Carlo Comolatti, uma imagem de São José, abençoada pelo Cardeal Scherer.

Sinal da presença de Deus

“Nesse tempo em que as vozes se calam e as pessoas não conseguem ouvir umas às outras, os sinos ajudarão o povo a ouvir novamente a voz de Deus”, afirmou o Pároco, reforçando que a comunidade tem a missão de ser sempre um “sacramento”, isto é, sinal visível e sensível da presença de Deus no bairro.

Após a reinauguração, os sinos voltaram a soar três vezes por dia (às 9h, às 12h e às 18h) e, também, 15 minutos antes das missas.

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