Arcebispo dá posse a capelão do Mosteiro Nossa Senhora da Luz

Com Frei Estêvão Ottenbreit, Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil volta a assumir os cuidados pastorais do templo, dia 2
Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na festa da Apresentação do Senhor, na sexta-feira, 2, o Cardeal Odilo Pedro Scherer deu posse ao novo Capelão do Mosteiro Nossa Senhora da Luz: o Frei Estêvão Ottenbreit, 81, da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil. Entre os concelebrantes esteve Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, além de alguns frades da Província Franciscana. Da clausura, participaram as Monjas Concepcionistas, incluindo a Irmã Maria Aparecida de São José, Madre Vigária do Mosteiro.

Frei Estêvão descreveu como “um sonho” o fato de os Franciscanos retomarem os cuidados pastorais do Mosteiro da Luz. Desde o período do sucessor de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão (1739-1822), o Frei Lucas da Purificação, a capelania estava sob a administração da Arquidiocese de São Paulo.

“Por anos, tenho sido assistente das Irmãs Concepcionistas no Brasil e sempre sonhei que os frades pudessem voltar a assumir a capelania”, afirmou Frei Estêvão. Ele seguirá literalmente os passos de seu confrade, Frei Galvão, percorrendo o mesmo itinerário que o primeiro Santo brasileiro fazia, indo do Convento de São Francisco ao Mosteiro da Luz. Bem humorado, ele destaca uma pequena vantagem: “Hoje, eu posso ir de metrô”, brincou.

Frei Estêvão Ottenbreit, novo Capelão do Mosteiro da Luz, dialoga com monja concepcionista

RECOLHIMENTO E LUZ

A data da celebração também marcou os 250 anos da bênção da pedra fundamental do Mosteiro, idealizado e construído com a ajuda do próprio Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, para ser residência das Irmãs Concepcionistas. O espaço, que antes era uma ermida dedicada a Nossa Senhora da Luz, foi cedido à Madre Helena Maria do Espírito Santo para ser um “Recolhimento” de religiosas com o objetivo de honrar a Conceição Imaculada de Maria.

A missa também marcou o início do jubileu de 250 anos da morte da Madre Helena Maria do Espírito Santo (1736- 1775). As Irmãs que hoje mantêm a missão da Ordem fundada pela Madre se inspiram no exemplo da religiosa para continuar, por meio da oração e confecção das famosas “Pílulas de Frei Galvão”, a missão de semear a fé no coração do povo.

“As pílulas são um trabalho manual que desenvolvemos com muito amor e espiritualidade, desde a época de Frei Galvão”, explica a Irmã Fabiana da Imaculada Conceição.

VIDA CONSAGRADA

Além das atividades pastorais da capelania do Mosteiro, Frei Estêvão também acompanhará as Monjas Concepcionistas no Convento Claustro, sempre apontando Cristo “Luz da Luz”, como recitou no Credo professado solenemente por ele no rito de posse.

Também para Dom Odilo, a data de 2 de fevereiro, Dia Mundial da Vida Consagrada, representa um momento de confirmação vocacional. Afinal, há exatos 22 anos ele foi ordenado bispo pela imposição das mãos do Cardeal Cláudio Hummes, então Arcebispo de São Paulo.

Durante as preces da comunidade, o Cardeal recordou essa celebração e pediu orações: “Rezem por mim para que, na minha missão como bispo, eu siga o exemplo de Maria, que está sempre apresentando Jesus”.

INDULGÊNCIA PLENÁRIA

Junto ao altar do Mosteiro da Luz ainda estava montado o presépio. O motivo é que naquele dia ocorreu o encerramento do período indicado pelo Papa Francisco para a concessão de indulgência plenária em todas as igrejas da família franciscana, por ocasião da celebração dos 800 anos do presépio criado por São Francisco na cidade de Greccio, na Itália.

“O Papa estendeu as indulgências até a festa da Apresentação do Senhor porque hoje ainda há um pouco de Natal. Toda a infância de Jesus nos aponta o início do mistério da salvação”, explicou Dom Odilo.

HISTÓRIA DO MOSTEIRO

A história do Mosteiro Nossa Senhora da Luz se entrelaça intimamente com a vida de Frei Galvão. Inaugurada em 2 de fevereiro de 1774 pelo primeiro Santo brasileiro, a obra reflete não apenas a espiritualidade do frade franciscano na arquitetura do edifício, mas também o seu papel significativo na cidade de São Paulo.

Além da capela, as dependências do Mosteiro compreendem o convento das religiosas, um Memorial de Frei Galvão – com alguns de seus objetos de uso pessoal e religioso, o Museu de Arte Sacra de São Paulo e o túmulo do Frade, que atrai peregrinos e romeiros de todo país. O Santo faleceu no próprio Mosteiro em 23 de dezembro de 1822.

Em 1943, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional tombou o Mosteiro e, 27 anos depois, obteve na justiça a remoção de construções irregulares do terreno. Por meio de um convênio com o Governo do Estado de São Paulo, foi estabelecido o Museu de Arte Sacra na ala mais antiga do Mosteiro. Em 1977, o Mosteiro foi oficialmente tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).

Além de ser uma referência de fé, o Mosteiro representa a principal obra colonial de São Paulo do século XVIII e é um dos poucos conjuntos arquitetônicos coloniais que mantêm seu uso original. Por isso, foi declarado “Patrimônio Nacional Tombado”.

Erguido no centro da cidade de São Paulo, o Mosteiro da Luz é local de oração e encontro com Deus para muitos que querem escapar da correria cotidiana da grande metrópole paulista. “Uma ilha no deserto, onde as pessoas podem descansar e recobrar as forças no meio do agito da cidade”, disse Dom Odilo.

VISITE O MOSTEIRO

Endereço: Avenida Tiradentes, 676, próximo à estação Tiradentes do metrô
Missas: de segunda a sexta-feira, às 7h; aos sábados, às 8h e 16h; e aos domingos, às 8h, 10h e 16h.
*As “Pílulas de Frei Galvão” são distribuídas gratuitamente de segunda a sexta-feira, das 9h às 16h45, e aos sábados e domingos, das 9h às 16h.

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