Arquidiocese avança no caminho de comunhão, conversão e renovação missionária

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, comentou a promulgação dos documentos referentes à renovação pastoral e administrativa da Arquidiocese de São Paulo, a partir das propostas do 1o sínodo arquidiocesano (2017-2023).

Tais decisões, que entrarão em vigor na quinta-feira, 25, festa da Conversão de São Paulo, patrono da Arquidiocese, são fruto das reflexões dos 12 grupos de trabalho pós-sinodais criados em abril para apresentar propostas específicas com o objetivo de constituir ou rever instrumentos organizativos da vida pastoral da Igreja em São Paulo.

O primeiro deles diz respeito à readequação das regiões episcopais e dos setores pastorais em decanatos, isto é, unidades pastorais integradas por certo número de paróquias e todas as organizações eclesiais e pastorais nelas compreendidas, confiando-os a um padre decano.

Também foi promulgado um novo Diretório da Pastoral dos Sacramentos da Arquidiocese de São Paulo, em substituição ao até então vigente, para ser a referência comum para toda a Arquidiocese no que se refere à pastoral dos sacramentos.

Entre os documentos, também estão a revisão e a atualização do Diretório para a Formação Presbiteral, das Normas Administrativas e Financeiras da Arquidiocese de São Paulo e a instituição do Fundo de Auxílio Fraterno Presbiteral (FAFPRES), da Mitra Arquidiocesana de São Paulo.

Dom Odilo destacou, ainda, os próximos passos do caminho pós-sinodal da Arquidiocese, como a elaboração de um novo plano arquidiocesano de pastoral, que deverá propor mais especificamente as ações para implementar as propostas e diretrizes sinodais.

O SÃO PAULO – Como foi o processo que resultou na promulgação desses novos documentos referentes à organização pastoral da Arquidiocese?

Cardeal Odilo Pedro Scherer – Nós realizamos um sínodo arquidiocesano de 2017 a 2023, com o tema: “Comunhão, conversão e renovação missionária da Arquidiocese”. Ao longo do sínodo, em diversas ocasiões, houve a reflexão sobre a situação religiosa e pastoral da nossa Arquidiocese e entre as propostas sinodais aparece também esta: rever e melhorar a organização pastoral da Arquidiocese. Ao terminar o sínodo, em 25 de março de 2023, logo foram constituídos grupos de trabalho para elaborar as propostas de revisão e renovação da organização pastoral. Depois de passar por muitas reuniões e por um amplo processo de discernimento, chegamos à definição das propostas que agora entram em vigor.

Por que foram criados os decanatos e em que eles se distinguem nos setores pastorais até então existentes?

Em grande parte, os setores pastorais já não respondiam aos seus objetivos. Os decanatos são formados por grupos maiores de paróquias e terão um Padre Decano provisionado para suas funções, que são definidas num regulamento próprio. As principais atividades dos decanos estão voltadas para um acompanhamento mais próximo do clero e dos agentes de pastoral em sua área e também a colaboração mais direta com o Vigário Episcopal da Região.

Em que consiste o Diretório da Pastoral dos Sacramentos e quais atualizações o senhor destaca em relação ao diretório anterior?

O Diretório traz uma breve reflexão teológica sobre cada sacramento e, a seguir, explicita as normas pastorais para a preparação e a recepção de cada um deles. O Diretório não é totalmente novo, mas consiste na revisão e atualização do Diretório. Na maior parte, ele é adotado da mesma forma em todas as dioceses da província eclesiástica de São Paulo.

Quais foram as principais contribuições das reflexões sinodais para o Diretório da Formação Presbiteral?

Também já tínhamos um Diretório para a formação dos seminaristas. Esse Diretório foi revisto e ampliado, de maneira que ele engloba, agora, também o pastoral das vocações e a formação permanente do clero. Esse Diretório segue as diretrizes e orientações da Santa Sé e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para a formação presbiteral.

Em que sentido as novas normas administrativas e financeiras da Arquidiocese estão relacionadas com a ação evangelizadora da Igreja?

Os bens da Igreja estão a serviço da evangelização, do culto divino e da caridade pastoral. Fora disso, não se justificam. Assim acontece com o dinheiro, os imóveis, os bens culturais e outros bens. Portanto, eles precisam ser bem administrados, com transparência e prudência, seguindo normas estabelecidos, para não serem desviados de sua finalidade. As Normas Administrativas e Financeiras da Arquidiocese de São Paulo, que substituem o anterior Plano de Manutenção da Igreja em São Paulo, deixam claros os princípios, diretrizes de ação e procedimentos administrativos, para que tudo isso aconteça. E isso também é serviço à evangelização e à vida e missão da Igreja.

Por que foi criado o Fundo de Auxílio Fraterno Presbiteral?

Trata-se de um organismo novo, cuja finalidade é incentivar concretamente o auxílio fraterno entre os padres da Arquidiocese e prover às situações de necessidade dos padres, especialmente dos enfermos, idosos e inválidos, que já não podem mais exercer o ministério pastoral. São sacerdotes que deram a vida pela Igreja e não podem ser abandonados na hora da necessidade.

Além desses documentos, serão promulgadas novas decisões resultantes do caminho sinodal da Arquidiocese?

A Carta Pastoral pós-sinodal traz as grandes questões levantadas pelo sínodo e também as diretrizes pastorais e as propostas para enfrentar os desafios da vida e da missão da Igreja em São Paulo. Agora se trata de colocar isso em prática. Neste ano, trabalharemos sobre um novo Plano de Pastoral para a arquidiocese de São Paulo; esse Plano deverá propor mais especificamente as ações para implementar as propostas e diretrizes sinodais.

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