Exortou o Cardeal Scherer aos seminaristas da Arquidiocese de São Paulo no encontro que marcou o começo do ano de atividades das casas de formação
Luciney Martins/O SÃO PAULO
Já virou tradição: no começo do ano de atividades do Seminário Arquidiocesano Imaculada Conceição, os seminaristas das três casas de formação – Seminário Propedêutico Nossa Senhora da Assunção, Seminário de Filosofia Santo Cura D’Ars e Seminário de Teologia Bom Pastor – se reúnem para partilhar vivências, praticar esportes, dialogar sobre a caminhada vocacional e participar de um momento formativo com o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo.
Este ano, o encontro ocorreu na sexta-feira, dia 1º, no Seminário de Filosofia e na matriz da Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus, localizados no mesmo complexo no bairro da Freguesia do Ó. Também participaram 18 seminaristas do Seminário Missionário Internacional Redemptoris Matter São Paulo Apóstolo.
“Este momento de integração dos seminaristas é importante principalmente para a dimensão comunitária de convivência com o outro. É no seminário que nós, sacerdotes, formamos os verdadeiros amigos do ministério presbiteral, fazendo com que o próprio Senhor seja também vivido com os irmãos na comunidade, na partilha, no saber perdoar, na dinâmica que faz com que cada um supere as inimizades e possa formar uma caminhada saudável em nome do Senhor”, disse, ao O SÃO PAULO, o Padre Frank Antônio de Almeida, Reitor do Seminário de Filosofia.
Atualmente, são 46 seminaristas na Arquidiocese, sendo seis no Seminário Propedêutico (etapa do Discernimento Vocacional), 19 no Seminário de Filosofia (Discipulado) e 21 no Seminário de Teologia (Configuração). Há, ainda, dois diáconos seminaristas.
PROMOÇÃO DAS VOCAÇÕES
O encontro do Arcebispo com os seminaristas, reitores e padres formadores começou com a oração das Vésperas.
Na sequência, Dom Odilo falou sobre a revisão e adequação do Diretório para a Formação Presbiteral da Arquidiocese, que entre as novidades trata sobre a formação permanente dos sacerdotes e estabelece a etapa do Discernimento Vocacional, que engloba a Pastoral Vocacional e o Seminário Propedêutico.
“Queremos dar novo impulso à pastoral das vocações na Arquidiocese. E convidamos vocês a participar disso. ‘Seminarista faz seminarista’”, disse o Arcebispo, exortando-os a motivar que outros jovens também procurem o discernimento vocacional.
Dom Odilo comentou ainda sobre a instituição da Quinta-feira das Vocações, pediu que nos seminários se intensifique diariamente os momentos de oração nesta intenção, e lembrou que todos os católicos devem rezar pelas vocações.
EM COMUNHÃO COM A IGREJA E INSPIRADOS EM BONS EXEMPLOS
O Arcebispo ressaltou aos seminaristas que a melhor referência para um sacerdote é Jesus, o Bom Pastor, mas que ao longo da história da Igreja muitos são os exemplos de padres, bispos e papas que testemunharam a santidade, e que, por isso, devem ser por eles conhecidos. Dom Odilo fez menção a alguns destes santos e beatos, incluindo os que viveram em São Paulo, como São José de Anchieta, Santo Antonio de Sant’Anna Galvão e o Beato Padre Mariano de la Mata.
O Cardeal também recomendou que os seminaristas busquem se informar sobre os fatos da Igreja por meio de fontes confiáveis, como as mídias do Vaticano e as da Arquidiocese de São Paulo, e que evitem publicações que fomentem divisões na Igreja. “Abram as janelas para aquilo que verdadeiramente acontece na vida da Igreja. Este é o chão da sua vocação. Fiquem com a Igreja que caminha com o Papa, com os bispos e que está no caminho da fé”, exortou.
TESTEMUNHAS QUALIFICADAS DA FÉ
Dom Odilo também enfatizou que cada um dos futuros padres “será testemunha qualificada da fé da Igreja”, e que por isso há um extremo zelo em relação ao processo formativo nos seminários: “A formação sacerdotal se dá pessoalmente, cada um precisa assumi-la, mas acontece conforme a Igreja prevê”.
O Arcebispo lembrou ainda que o Papa Francisco tem pedido que se formem padres missionários, que sempre se preocupem em ir ao encontro do povo para testemunhar Jesus Cristo, e que sejam cristãos virtuosos, vivendo as virtudes teologais da fé, esperança e caridade. “Para ser padre é preciso, antes de tudo, ser bom cristão”, enfatizou.
AGIR PASTORAL NA ARQUIDIOCESE
Dom Odilo também falou aos seminaristas sobre o atual período de pós-sinodal arquidiocesano, com a reorganização pastoral e administrativa da Arquidiocese e a realização das etapas da Assembleia Arquidiocesana de Pastoral com vistas à elaboração de indicações para o Projeto de Pastoral. “A proposta é de um caminho de comunhão, conversão e renovação missionária na nossa Arquidiocese, para que sejamos mais e melhor testemunhas de Deus na cidade”, explicou, detalhando que os trabalhos ocorrem em sintonia com o Sínodo universal (2021-2024) sobre a Igreja sinodal.
O Arcebispo sublinhou, por fim, que o agir pastoral sempre deve ter como meta evidenciar aquilo que é a vida e a missão da Igreja: o anúncio de Jesus; a celebração da fé – dimensão sacramental – para a glorificação de Deus e a santificação pessoal; e o testemunho da fé por meio das obras de misericórdia.
EM ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
Após o diálogo com os seminaristas, o Cardeal Scherer presidiu missa na Paróquia Nossa Senhora Mãe de Deus, tendo entre os concelebrantes Dom Carlos Silva, OFMCap., Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, e os reitores dos Seminários: Padre João Henrique Novo do Prado (Propedêutico), Padre Frank de Almeida (Filosofia), Padre José Adeildo Pereira Machado (Teologia) e Padre José Francisco Vitta (Redemptoris Mater).
Ao saudar os fiéis, Dom Odilo pediu-lhes que naquela missa rezassem de modo especial pelos seminaristas e as comunidades do Seminário Arquidiocesano que estão iniciando as atividades deste ano, e para que na Arquidiocese se despertem mais vocações sacerdotais, religiosas e missionárias.
Na homilia, ao comentar as leituras do dia – a venda de José por parte de seus irmãos a comerciantes ismaelitas (cf. Gn 37) e a parábola do filho do senhor da vinha assassinado pelos vinhateiros (cf. Mt 21) –, Dom Odilo enfatizou que Deus confia a cada pessoa capacidades e responsabilidades e espera frutos de vida de santidade, de justiça e de conversão verdadeira. “Se nós não cuidamos de produzir os frutos que Jesus quer de nós, o Reino de Deus nos será tirado, será dado a outros. Portanto, este é um convite muito forte para que também pensemos se estamos produzindo os frutos de vida cristã que Deus espera. Peçamos a Ele que nos ajude a converter o nosso coração e a acolher o seu Reino sempre com renovada fé e a produzirmos a cada dia os frutos de vida de santidade”, destacou.
Antes da bênção final, o Arcebispo rezou com os fiéis e os concelebrantes a Oração pelas Vocações, desejou aos seminaristas um bom ano de convivências e estudos e pediu a todos que continuem a rezar pelas vocações e a motivar os vocacionados.
