Basílica Abacial Nossa Senhora da Assunção: Há 100 anos, um itinerário de fé aos peregrinos na região central da cidade

Centenário de dedicação da Basílica que fica junto ao Mosteiro de São Bento foi celebrado em missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, no sábado, 6

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Quem chega ao Largo São Bento, no centro da capital paulista, se depara com o tradicional Mosteiro de São Bento, que faz parte do roteiro histórico da cidade de São Paulo. Ali também fica a Basílica Abacial de Nossa Senhora da Assunção, o Colégio e Faculdade de São Bento. 

A dedicação da Basílica Nossa Senhora da Assunção aconteceu em 6 de agosto de 1922. Ela é administrada pela Ordem de São Bento, monges beneditinos que chegaram ao País bem antes, em 1598. 

Em ação de graças pelo centenário, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu missa, no sábado, 6, durante a qual lembrou que a dedicação da Basílica aconteceu no ano do primeiro centenário da Independência do Brasil. 

HISTÓRIA 

A ordem beneditina foi fundada por São Bento, em 529, no convento italiano de Monte Cassino, com monges comprometidos com os votos de pobreza, amor a Deus e ao trabalho. São conhecidos pela famosa Regra de São Bento e pelo tradicional lema “Ora et Labora”. 

Os primeiros monges beneditinos chegaram ao Brasil em 1598 e construíram na então Vila de São Paulo uma capela em honra a São Bento. No entanto, pouco tempo depois, a particular devoção do povo à Virgem Maria levou a mudar o título da capela para Nossa Senhora do Monte Serrat. 

A população de fiéis e o número de monges foi aumentando e, em 1650, construiu-se uma igreja maior. Em 1720, ampliou-se novamente a construção e, na ocasião, foi entronizada uma imagem da Santíssima Virgem Maria Assunta ao Céu que foi colocada no altar-mor da nova igreja. 

Em 1903, Dom Miguel Kruse começou a construção do templo atual. No mesmo ano, fundou-se o Colégio de São Bento, e, em 1908, dentro do Mosteiro da Ordem Beneditina, nasceu a Faculdade de São Bento, a primeira faculdade livre de Filosofia do Brasil. 

Em 6 de agosto de 1922, na Festa da Transfiguração de Nosso Senhor Jesus Cristo, aconteceu o ritual solene da dedicação do templo, por Dom Duarte Leopoldo e Silva, então Arcebispo de São Paulo. E o Papa Pio XI concedeu o título de Basílica. 

ARTE E FÉ 

Quem entra no Mosteiro de São Bento encontra um espaço de silêncio que convida à oração por meio do belo e da arte. A Basílica é toda em estilo arquitetônico neorromântico e eclético germânico; a decoração interna é inspirada na Escola Beuronense, de autoria de Dom Adalbert Gresnigt; o conjunto escultórico sobre a capela-mor é de autoria de Anton Lang. Os sinos e o relógio foram instalados, em 1922, mesmo ano da dedicação da Basílica. 

O Mosteiro de São Bento oferece uma decoração da sua igreja com afrescos da escola beuronense e um órgão de 7 mil tubos. Há, também, espaços onde ocorrem palestras, eventos corporativos, concertos e outras atividades sociais. As orações da Liturgia das Horas, entoadas em latim, e o canto gregoriano podem, em alguns horários, ser acompanhados pelos fiéis. 

Em 2007, em sua visita apostólica ao Brasil, o Papa Bento XVI ficou hospedado no Mosteiro. 

RESTAURO 

De 2010 a 2016, houve o restauro da capela do Santíssimo Sacramento, do presbitério e das naves laterais. Ainda falta restaurar a nave principal. 

“O processo de restauração é uma preocupação que visa a preservar a memória histórica e artística deste espaço sagrado, bem como o resgate da beleza original das grandes pinturas murais da Igreja, do seu acervo móvel e metais”, destacou Dom Hildebrando Brito de Miranda, assessor de imprensa da Basílica e do Mosteiro de São Bento. 

João Dias, 61, é autônomo e reside em São Paulo há 40 anos, desde que chegou do Ceará: “Recordo-me, como se fosse hoje, a primeira vez que entrei nesta igreja. Foi um momento de profundo encontro comigo mesmo e com Deus. Aqui me batizei e busquei os demais sacramentos”. 

MORADA DE DEUS 

Na homilia da missa do sábado, Dom Odilo meditou sobre o valor e a importância dos templos como morada de Deus. “Podemos nos perguntar se Deus precisa de igrejas quando o mundo inteiro é pequeno para conter sua presença. Deus aceita que nós, em nosso reconhecimento e devoção, dediquemos um espaço para sinalizar que Ele tem uma casa no meio de nós”, afirmou. 

O Cardeal acrescentou, ainda, que as igrejas são um sinal para a humanidade de que “o Senhor está no meio de nós”, que Ele habita as cidades e se manifesta na vida da sociedade, por meio do testemunho daqueles que creem n’Ele. 

O Arcebispo enfatizou que as igrejas são lugares nos quais a família de Deus se reúne para celebrar a fé. “Aqui, proclamamos a Palavra de Deus, celebramos os sacramentos, testemunhamos a nossa fé”, destacou Dom Odilo, completando que a Igreja é o lugar para apresentar nossas súplicas, angústias, alegrias e ação de graças a Deus. 

O Cardeal enfatizou que a Basílica Nossa Senhora da Assunção é um verdadeiro patrimônio da fé. “Quando olhamos a nossa volta, nesta igreja, estamos ladeados pelos 12 apóstolos, pelos santos beneditinos – São Bento, Madre Escolástica e outros que nos precederam no caminho da fé e nos deixaram seu legado e testemunho –, como preciosa herança e patrimônio da Igreja.” 

Por fim, o Cardeal afirmou que celebrar o centenário da dedicação da Basílica de Nossa Senhora da Assunção é um convite para renovar a fé, o amor, a alegria, o serviço e o testemunho dos monges e dos fiéis que aí, diariamente, celebram a fé, o dom da vida e o compromisso cristão. 

TRANSMISSÃO DA FÉ 

Dom Evaldo Xavier Gomes, Comissário Pontifício no Mosteiro de São Bento, enfatizou que, mesmo em meio à grande agitação da cidade, a Basílica de Nossa Senhora da Assunção é um lugar de refúgio, silêncio e oração para os fiéis. 

O Monge destacou que “esta igreja é um farol e um oásis para as pessoas que andam cansadas e sedentas de Deus”. Também pontuou que, diariamente, centenas de pessoas passam pela Basílica “em busca de um momento de paz, conexão com Deus e, ainda, para o sacramento da Confissão e, outras, para uma assistência espiritual”. 

“Muitos vêm a esta igreja como turistas e saem daqui revigorados pela experiência e encontro com Deus e a Virgem Maria”, concluiu Dom Evaldo. 

Horário das missas: Segunda à sexta-feira: 7h e 13h, Sábado: 6h, Domingo: 8h30 e 10h 
Confissões: Segunda, quarta e sexta-feira: das 14h às 16h
Brunch:
último domingo do mês 

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários