Cardeal Scherer abre festa da padroeira na Basílica de Sant’Ana

Cardeal Odilo Pedro Scherer, preside missa na Basilica de Sant’Ana, no domingo, 25 (foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

A Basílica de Sant’Ana, na zona Norte da Capital Paulista, acolheu o Cardeal Odilo Pedro Scherer na noite do domingo, 25, para a missa que abriu as  comemorações da padroeira, celebrada na segunda-feira, 26.

A Eucaristia também marcou o 1º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, instituído pelo Papa Francisco, e o primeiro aniversário da elevação da sua igreja matriz à dignidade de basílica menor, título concedido pela Santa Sé.

“Que a Basílica de Sant’Ana seja um sinal muito claro de que Deus habita esta cidade, esta presente, mora entre nós e não está longe. Aqui é a casa de Deus, onde todos podem entrar. Ninguém precisa ter medo de aproximar de Deus, que é Pai e quer acolher a todos estender as suas bênçãos”, afirmou o Arcebispo de São Paulo, na homilia, ressaltando que, mesmo com as restrições da pandemia, os fiéis não deixaram de visitar a Basílica para rezar, participar dos sacramentos, além de buscarem ou testemunharem a caridade cristã.

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Portas abertas

O pároco e reitor da Basílica, Padre José Roberto Abreu de Mattos (Beto), destacou que, neste último ano, a comunidade paroquial de Sant’Ana teve que se “reinventar” para continuar realizando a sua missão.

A Basílica permaneceu aberta durante todos os dias. Mesmo no período de suspensão das atividades presenciais entre março e abril, o templo continuou acolhendo os fiéis para orações e atendimentos individuais.

Atualmente, a comunidade conta com três padres para o atendimento dos fiéis, com horários diários de confissões, direção espiritual e três missas diárias. A catequese também não parou nesse período, adaptada para a modalidade on-line, assim como as formações bíblicas. No último ano, 80 crianças fizeram a primeira Comunhão.

Caridade

A Basílica também se manteve com um ponto de referência para o serviço da caridade, com o atendimento das cerca de 400 pessoas em situação de rua que, todas as manhãs, são acolhidos para o café da manhã oferecido pela comunidade, e as 1.200 famílias cadastradas que, todos os meses, são atendidas.

“Isso só é possível graças a solidariedade do povo, que responde a todos os pedidos que fazemos”, afirmou o Pároco, enfatizando que não foi fácil manter essas ações, em uma época em que todas as pessoas sofreram algum impacto econômico na pandemia.

(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Os fiéis e benfeitores também colaboraram nas obras de revitalização internar do templo, com o restauro das imagens sacras e do piso. O próximo passo, é a reforma da parte externa da basílica. Para isso, a comunidade já iniciou uma campanha para a arrecadação de fundos. 

“Estamos colhendo os frutos de ter permanecido ao lado do povo durante esse período difícil, de ter feito desta Basílica uma casa onde as pessoas se sentissem acolhidas e amparadas. Ela se tornou um polo de referência das famílias na zona Norte”, acentuou Padre Beto. 

Indulgências

Ao elevar uma prece especial por todos os avós e idosos, Dom Odilo enfatizou que por ocasião da data comemorativa instituída pelo Papa, a Igreja concede indulgências plenárias próprias do Dia Mundial dos Avós e dos Idosos e, especificamente na Basílica de Sant’Ana, os fiéis que a ela peregrinarem durante as festividades da padroeira também podem obter indulgências.

A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja. Para obter as indulgências, o fiel precisa ter se confessado recentemente, rezar nas intenções do Papa e fazer um ato de caridade.

Paróquia

A origem da Paróquia se confunde com a origem da cidade de São Paulo no século XVI, quando uma grande porção de terra do outro lado da margem do Rio Tietê foi confiada aos missionários da Companhia de Jesus (Jesuítas), ao norte da Vila de São Paulo de Piratininga.

Anexa à sede da fazenda, havia uma igreja dedicada a Sant’Ana. Ali, os colonos se reuniam para rezar e, assim, foi se difundindo a devoção à mãe da Virgem Maria. Em cartas enviadas aos portugueses em 1560, São José de Anchieta, fundador da cidade de São Paulo, chega a mencionar a fazenda.

Em 12 de julho 1895, Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, então bispo diocesano de São Paulo, erigiu a Paróquia de Sant’Ana. A sede provisória da nova paróquia passou a ser a Capela Santa Cruz, do Colégio Santana.

“Em 126 anos, nossa paróquia passou por muitos desafios, como as duas grandes guerras mundiais. Podemos dizer que esta pandemia tem sido como uma ‘terceira  guerra  mundial’. Mas permanecemos firmes e o povo tem correspondido e colaborado nessa missão”, completou.

(Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

Basílica

Construída entre 1896 e 1936, a matriz paroquial de Sant’Ana é um dos símbolos do bairro que recebeu o mesmo nome.

No dia 5 de maio de 2020, a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos atendeu o pedido do Cardeal Scherer para conceder à Igreja de Sant’Ana o título de basílica menor. O ato que oficializou a elevação do templo à nova dignidade aconteceu no dia 26 de julho do mesmo ano.

De acordo com o decreto Domus Ecclesiae (Casa da Igreja), da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, entre as Igrejas de uma diocese, em primeiro lugar e com maior dignidade, está a catedral, “na qual é colocada a cátedra, sinal do magistério e do poder do Bispo, pastor da sua diocese, e sinal da comunhão com a cátedra romana de Pedro”. Seguem-se depois as igrejas paroquiais, que são sede das várias comunidades da diocese. “Entre estas igrejas e outras que são chamadas por outros nomes, existem algumas dotadas de uma especial importância para a vida litúrgica e pastoral, que podem receber do Sumo Pontífice o título de ‘Basílica Menor’”, explica o documento.

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