Cardeal Scherer ordena dois novos padres para a Arquidiocese de São Paulo

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na noite da sexta-feira, 6, a Paróquia Nossa Senhora do Brasil, no Jardim América, abriu suas portas para acolher fiéis de toda a Arquidiocese de São Paulo, que se juntaram aos membros da comunidade para celebrar a ordenação de dois novos padres para a Igreja.

A paróquia, onde tantas vezes, os jovens diáconos João Henrique Funari Fouto, 29, e Pedro Paulo Pereira Funari, 33, alimentaram a sua fé, receberam os sacramentos e formação cristã, agora, os acolhia para receberem, pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, o segundo grau do sacramento da Ordem. Diante de seus familiares e amigos, os candidatos, que são primos, disseram o seu “sim” a Deus, tornando-se irmãos no sacerdócio.

RITO

Como prevê o rito de ordenação, após a proclamação do Evangelho, os candidatos foram chamados a se apresentarem diante do Arcebispo. Em seguida, depois de serem interrogados pelo Cardeal e fazerem suas promessas sacerdotais, os diáconos se prostraram diante do altar, enquanto toda a assembleia invocou a intercessão de todos os santos.

O momento central da celebração foi a imposição das mãos sobre os eleitos, seguida da prece de ordenação, na qual o Arcebispo invoca a força do Espírito Santo para constituí-los na dignidade de presbíteros.  

Após serem revestidos dos paramentos litúrgicos sacerdotais – a estola e a casula –, os novos padres tiveram suas mãos ungidas com o óleo do Crisma, que, como sublinha a oração do ritual, os reveste de poder para “a santificação do povo fiel e para oferecer a Deus o santo sacrifício”.

Em seguida, os recém-ordenados recebem o pão e o vinho que serão oferecidos a consagrados no Corpo e Sangue de Cristo, na missa. “Toma consciência do que vais fazer e põe em prática o que vais celebrar, conformando tua vida ao ministério da cruz do Senhor”, disse o Arcebispo, segundo prevê o rito.

Por fim, os novos padres foram saudados pelo Arcebispo, bispos auxiliares e demais padres, sendo acolhidos no presbitério. “Pela ordenação, estabelece-se um vínculo espiritual e eclesial, de fé, forte e profundo, entre o padre e o bispo… Vocês são irmãos na ordem sacerdotal. Este é um laço profundo que devem conservar e cultivar”, disse Dom Odilo, convidando o povo a rezar pelos sacerdotes para que realizem sempre a vontade de Deus.

ENSINAR, SANTIFICAR E PASTOREAR

Na homilia, o Cardeal Scherer ressaltou que, ao receberem o sacramento da Ordem, os candidatos foram consagrados “verdadeiros sacerdotes da nova aliança, para pregar o Evangelho, apascentar o povo de Deus e celebrar o culto divino, principalmente o sacrifício do Senhor”.

Em seguida, o Cardeal sublinhou a função de ensinar, santificar e pastorear o povo em nome de Cristo. “Meditando na lei do Senhor, procurai crer no que lerdes, ensinar o que crerdes, praticar o que ensinardes”, reforçou Dom Odilo, segundo as palavras do rito de ordenação.

O Purpurado também salientou a missão dos sacerdotes de incorporar os seres humanos ao povo de Deus pelo Batismo, perdoar os pecados em nome de Cristo pelo sacramento da Reconciliação, confortar os doentes com a Unção dos Enfermos, além de oferecer, nas diversas horas do dia, louvores, súplicas e ação de graças não só pelo povo de Deus como por todo mundo. “Lembrem-se de que vocês foram escolhidos dentre os seres humanos e colocados a serviço deles nas coisas de Deus”, completou.

LOUVOR E GRATIDÃO

No fim da celebração, o Padre Pedro Paulo fez um discurso espontâneo, manifestou o agradecimento dos neossacerdotes recordando as palavras de Santa Teresinha do Menino Jesus e afirmou: “Nós louvamos as misericórdias do Senhor”. Em seguida, o Sacerdote renovou o desejo de dedicarem suas vidas para que Jesus Cristo seja mais conhecido e amado.

“Nós buscaremos realizar aquilo que prometemos diante de Dom Odilo: sermos sacerdotes de oração, que oferecem os sacramentos, que cuidam dos doentes, que vão atrás da ovelha perdida, que ensinam a Palavra de Deus e não a nossa palavra. Para isso, contamos com as orações de todos vocês”, concluiu Padre Pedro Paulo.

Dom Odilo destacou que a ordenação dos dois novos sacerdotes aconteceu no contexto do 3º Ano Vocacional no Brasil, o que também motivou sua realização na paróquia de origem dos candidatos, como forma de valorizar e incentivar a missão das comunidades no despertar de novas vocações. Em abril, haverá a ordenação de mais dois novos sacerdotes, dessa vez, na Paróquia São Patrício, no bairro do Rio Pequeno. Em dezembro passado, foram ordenados cinco padres na Catedral da Sé.

Nesse sentido, o Arcebispo reforçou o apelo que tem feito sempre nas paróquias por onde passa, que, “em cada paróquia, haja, ao menos, uma vocação”. E a Paróquia Nossa Senhora do Brasil tem buscado corresponder a esse chamado, como enfatizou o Pároco, Padre Michelino Roberto, ao recordar que, nas últimas décadas, a comunidade paroquial ofereceu muitas vocações sacerdotais e consagradas à Igreja, como, por exemplo o Monsenhor Carlos de Souza Calazans, falecido em 2020, que é originário da Nossa Senhora do Brasil e, por muitos anos, foi pároco e reitor da Basílica de Nossa Senhora da Penha, na Diocese de São Miguel Paulista. Além deles, há padres que atualmente pertencem ao clero arquidiocesano, como os padres Alessandro Enrico de Borbón, João Bechara Ventura, Bruno Muta Vivas e Cláudio José Ribeiro. Este ano, há quatro jovens originários da paróquia no seminário arquidiocesano, além de um na Ordem dos Pregadores (Dominicanos).

‘A juventude foi feita para uma só coisa: buscar e amar a Deus’

O então seminarista João Henrique conversa com idosa, durante missão de férias realizada no período formativo dos futuros padres

Natural de São Paulo, João Henrique começou a pensar na possibilidade de ser sacerdote quando tinha 20 anos. Na época, estudava Economia na Universidade de São Paulo e fazia um intercâmbio da faculdade na Holanda. Ele relatou ao O SÃO PAULO que o despertar vocacional se deu no contexto de um processo de conversão pessoal. Embora se considerasse católico, não vivia em profundidade como católico.

“Houve um momento pontual em que decidi mudar, que foi fruto de um processo interior que vinha se dando fazia um tempo. A decisão de se converter veio acompanhada da vontade de ser padre ou monge, mas foram precisos uns anos para pôr essa vontade à prova e esclarecer se era verdadeira e agradável a Deus”, contou.

Aos 23 anos, João decidiu ingressar no seminário. Havia concluído a faculdade e estava fazendo mestrado. “Minha família é católica e me apoiou, apesar de um choque inicial, não houve ninguém que lutou contra”, disse.

Coincidentemente, seu primo, Pedro Paulo, passava por processo de discernimento semelhante. Também paulistano, ele contou para a reportagem que desde a infância sentia o desejo do sacerdócio no coração. “Lembro-me de que, na escola, conversando com uma amiga, eu já dizia que queria ser sacerdote. Sentia-me atraído por essa dedicação total a Deus, em ser um mediador das graças de Deus”, destacou.

GASTAR A VIDA

Durante a missão de férias dos seminaristas, Pedro Paulo visita paciente do Complexo Hospitalar Heliópolis, na capital paulista

O desejo de ser padre teve altos e baixos ao longo da vida de Pedro, que seguiu seu caminho de estudos, formou-se também em Economia e, quanto estava cursando o doutorado nos Estados Unidos, teve a certeza de que sua vocação era ser padre. “Eu via os sacerdotes celebrando a missa, fazendo as homilias, via essa dedicação e sentia que queria gastar minha vida assim”, afirmou o jovem, que deixou o doutorado e ingressou no seminário.

Os padres João e Pedro realizaram seus estudos filosóficos e teológicos em Roma, na Itália, como seminaristas da Arquidiocese de São Paulo, sendo acompanhados pelos formadores do seminário arquidiocesano e pelo Arcebispo. Nos períodos das férias, os jovens retornavam ao Brasil para participar de atividades comuns dos seminaristas, como a missão de férias realizada todos os anos no mês de julho, nas comunidades e realidades de vulnerabilidade social da Arquidiocese. Após a ordenação, os novos padres retornarão a Roma, para concluir os estudos. Padre Pedro fará mestrado em Teologia Espiritual e o Padre João, mestrado em Filosofia.Os neossacerdotes renovaram seu pedido de orações por eles e por todo o clero. “Gostaria de pedir que rezem pelo Padre Pedro, por mim, por todos os bispos, padres, diáconos e seminaristas de São Paulo e, enfim, por novas e santas vocações. Também gostaria de dizer aos jovens que a juventude foi feita para uma só coisa: buscar e amar a Deus. E Deus se encontra e se ama em Jesus Cristo”, concluiu.

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Luiz Thiago
Luiz Thiago
1 ano atrás

Que maravilha Senhor Jesus por nos dar mais dois Sacerdotes. Olhe por eles e por nós pecadores.
Dê-lhes o dom da sabedoria, do aconselhamento, da fraternidade e sobretudo do acolhimento ao povo de Deus. Amém

Maria Cecília Marino
Maria Cecília Marino
10 meses atrás

Deus os ajude a se manterem firmes na fé e no amor a todos que os buscarem e pedirem ajuda em nome de Jesus!