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Cardeal Scherer preside missa no centenário do Hospital Cruz Azul 

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Há um século, o Hospital Cruz Azul, no Cambuci, cumpre a missão de cuidado a pacientes e familiares de policiais militares, e o faz aliando fé e acolhimento. 

No dia 12, uma missa em ação de graças pelo centenário foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer no auditório da instituição. Concelebrou o Cônego João Inácio Mildner, Vigário Episcopal para a Pastoral da Saúde e dos Enfermos. 

A instituição mantém a capelania, com missa mensal, o sacramento da Unção dos Enfermos e a visitação aos leitos, garantindo, assim, apoio espiritual a pacientes, familiares e colaboradores. 

UMA HISTÓRIA DE CUIDADO 

Fundado em 1925 pela Associação das Damas da Cruz Azul de São Paulo, com o apoio do coronel Pedro Dias de Campos, o hospital surgiu para amparar as famílias de soldados e, ao longo das décadas, se consolidou como referência em maternidade, oncologia e atendimentos de alta complexidade. 

“É um hospital geral, capaz de realizar praticamente todos os tipos de atendimento. Hoje, contamos com nove salas cirúrgicas, três salas obstétricas, duas para pequenas cirurgias, além de uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com 40 leitos adultos e 18 pediátricos”, detalhou, ao O SÃO PAULO, Marcos Roberto Chaves da Silva, diretor financeiro do hospital. 

Em média, são realizadas 1,7 mil consultas por dia e aproximadamente 900 cirurgias mensais. O hospital chega a receber 6 mil pessoas diariamente, entre pacientes, acompanhantes, visitantes e profissionais. Atualmente, conta com cerca de 1,7 mil colaboradores e aproximadamente 800 médicos. 

O diretor explicou que o atendimento é garantido por meio da Caixa Beneficente da Polícia Militar, que cobre familiares dos policiais, além de convênios com operadoras de saúde e atendimento particular: “Os policiais são atendidos no Hospital da Polícia Militar, mas seus familiares e outros beneficiários têm aqui um suporte completo, com toda a estrutura necessária para os diversos níveis de atenção à saúde”. 

SINAL DE ESPERANÇA 

Na homilia, o Arcebispo de São Paulo enalteceu a instituição como espaço de cuidado e esperança para os enfermos: “Cem anos de serviço aos enfermos é uma história bonita, marcada por doação, entrega e conforto, acompanhando até mesmo os últimos momentos de vida de muitos pacientes, para ajudá-los a fazer a passagem em paz”. 

Dom Odilo destacou o papel essencial da capelania nos hospitais, como sinal de fé e de apoio espiritual não apenas para pacientes e familiares, mas também para os profissionais de saúde. 

“Jesus esteve sempre rodeado de doentes e nos deixou o exemplo de olhar para os enfermos com atenção e compaixão. Cuidar deles é missão confiada à Igreja e agrada a Deus, independentemente da fé religiosa”, explicou. 

O Cardeal também situou a celebração no contexto deste Ano Jubilar, que destaca o tema da esperança. “Quem vem ao hospital vem sempre com esperança: de cura, de alívio, de força. Nem sempre é possível alcançar a cura plena, mas a esperança nunca é desperdiçada. A cruz, que dá nome a este hospital, lembra justamente a promessa de vida em plenitude que nos vem de Cristo”, disse. 

Ao final, Dom Odilo convidou que todos olhem para o futuro com confiança e gratidão: “A comemoração de 100 anos nos encoraja a escrever as próximas páginas desta história com dedicação. Que o Hospital Cruz Azul continue sendo sinal de esperança e de vida para os enfermos e para todos que aqui buscam cuidado”. 

Após a missa, o Arcebispo de São Paulo visitou pacientes na enfermaria e crianças na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), levando-lhes conforto e palavras de esperança. 

A FÉ ALIADA À SAÚDE 

No interior do hospital há uma capela dedicada a São Francisco, aberta 24 horas, e um serviço de capelania acompanha pacientes e colaboradores que desejam apoio espiritual. Uma missa mensal também é celebrada. 

José Costa Júnior, gerente de compras, é responsável pela capelania. Ele organiza as celebrações e auxilia o Padre Geraldo Pedro dos Santos, Pároco da Paróquia São Joaquim, na Região Sé, que celebra mensalmente uma missa na intenção dos enfermos. Um grupo de quatro leigos ligados ao hospital faz visitas aos leitos. 

“Traz conforto para colaboradores, acompanhantes e pacientes participar da missa ou receber uma visita no leito hospitalar. É um momento de consolo e de oração na presença de Deus”, afirmou José. 

A assistente social Cristiane Mazarin Sanches ressaltou o atendimento humanizado, que inclui a dimensão espiritual. “Muitas vezes, há pacientes em terminalidade, e a presença do padre para a Unção dos Enfermos e a Eucaristia traz um conforto espiritual. As famílias se sentem acolhidas e sempre fazem questão de agradecer o atendimento”, completou. 

Cônego João Mildner destacou que “a presença da capelania em hospitais é sinal de vida e de esperança para todos os que vêm procurar saúde, enfrentar a enfermidade, a dor e, muitas vezes, o desespero”. Ele lembrou, ainda, que a missão da capelania é transmitir que “a vida tem sentido e, mesmo que a morte venha, temos sempre a esperança da vida eterna”. 

O Sacerdote frisou que a capelania não se destina apenas aos pacientes e familiares, mas também aos profissionais de saúde. “Eles também passam por momentos difíceis e precisam de vida e esperança, por isso o serviço religioso está presente em nome da Igreja”, completou. 

UM SÉCULO A SERVIÇO 

“Poucas instituições chegam a um século de existência, ainda mais na área da Saúde. Passamos por períodos muito difíceis, como a pandemia, em que os profissionais atuaram de forma altruísta. Este centenário é, sem dúvida, um momento indescritível para quem ajudou a construir essa história”, afirmou Régis Moisés Pereira, superintendente-geral do Hospital Cruz Azul. 

Selma Paulucci Ferreira é colaboradora há 38 anos na área administrativa: “O Cruz Azul é uma família. Tive meu filho aqui, conheci meu marido aqui. Portanto, devo tudo ao Cruz Azul. Tudo que eu tenho, o que conquistei, foi graças a essa instituição. Eu a levo dentro do meu coração e amo tudo que faço aqui dentro”. 

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