Corpo de Bombeiros de São Paulo:144 anos de história, salvamentos e serviços

Corporação criada em março de 1880, após um grande incêndio no Largo São Francisco, atendeu mais de 570 mil ocorrências no ano de 2023

Corpo de Bombeiros de São Paulo/Divulgação

Quando surge uma emergência, uma tragédia ou um incêndio, quais profissionais lhe vêm à mente? Quem está à frente dessas ocorrências? É o Corpo de Bombeiros, treinado para enfrentar situações extremas, salvar vidas e preservar o patrimônio e o meio ambiente.

O Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo foi criado oficialmente em 10 de março de 1880, após um incêndio destruir, no mês anterior, a biblioteca da Faculdade de Direito e o arquivo do Convento de São Francisco, no Largo São Francisco, no centro da capital paulista.

ERA PRECÁRIO O COMBATE ÀS CHAMAS

A história da corporação, porém, antecede esse episódio. Na segunda metade do século XIX, São Paulo emergiu em grande expansão. Entre os anos de 1872 e 1900, a população aumentou mais de sete vezes, chegando a cerca de 239 mil habitantes. Passaram a aumentar, também, a quantidade de incêndios pela cidade, mas apagar as chamas à época era tarefa designada a policiais ou à própria população. Aliás, as pessoas eram avisadas da ocorrência de incêndios pelos sinos das igrejas.

Em 1850, um incêndio na Rua do Rosário, atual XV de Novembro, esquina com a Rua Boa Vista, ganhou grandes proporções em razão da falta de recursos apropriados para apagá-lo. Pessoas, com uma bomba de água emprestada, tentaram conter as chamas. Em 1862, outro incêndio, em uma livraria na Rua do Carmo, sem grandes proporções, chamou a atenção do poder público, constatando a falta de estrutura para se combater incêndios. No ano seguinte, em 1863, houve mais um incêndio, desta vez na Rua do Comércio, em uma loja de ferragens, decorrente da explosão de uma barrica de pólvora.

Diante desse histórico de episódios e dos riscos que iam se mostrando cada vez maiores, em 1874 o então chefe de Polícia, Doutor Joaquim José do Amaral, solicitou ao presidente da Província, João Teodoro Xavier, que fossem destinados recursos e autorização para a criação de um serviço regular de bombeiros, com uma equipe habilitada e com a aquisição de equipamentos apropriados. Assim, surgiu a primeira turma de bombeiros. Eram dez homens, egressos do Corpo de Bombeiros da Corte e agregada à Companhia de Urbanos.

Com a substituição do chefe de polícia, não houve continuidade ao trabalho e os bombeiros foram designados para tomar conta das ruas.

A MUDANÇA DE PANORAMA

Após o grande incêndio de 15 de fevereiro de 1880 ter resultado na destruição da biblioteca da Faculdade de Direito e do arquivo do Convento de São Fran- cisco, o deputado Ferreira Braga discursou indignado com o fato de uma cidade “tão rica e tão populosa” como São Paulo não possuir um Corpo de Bombeiros organizado. Assim, ele propôs a criação de uma Seção de Bombeiros, composta de 20 homens, vinculada à Companhia dos Urbanos.

Finalmente, em 10 de março de 1880, criou-se oficialmente o Corpo de Bombeiros da Polícia Militar do Estado de São Paulo, cuja sede inicial foi o prédio onde funcionava a Estação Central da Companhia de Urbanos, na Rua do Quartel (hoje Rua 11 de Agosto). Em 24 de julho de 1880, o Tenente José Severino Dias, do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, iniciou os trabalhos de organização dos serviços de combate a incêndios, de instrução e da instalação do atual Corpo de Bombeiros.

A SERVIÇO DA SOCIEDADE

O Corpo de Bombeiros se consolidou como referência em resgates, salvamentos e combate a incêndios. Hoje também é responsável por coordenar o sistema de emergências, abrangendo um vasto leque de atividades, como a prevenção nas praias, rios, alturas e edifícios; programas de educação pública e o projeto Bombeiro na Escola.

“Proteger a vida, o meio ambiente e o patrimônio nas ações de prevenção e pronta resposta às emergências; coordenar o sistema estadual de atendimento às emergências e fazer cumprir as Leis de Segurança contra Incêndios”. Estas são as missões do Corpo de Bombeiros recordadas ao O SÃO PAULO por Olívia Perrone Cazo, 26, 1ª tenente e coordenadora da comunicação estadual do Corpo de Bombeiros.

“Nossa vida é proteger o patrimônio e a população, independentemente da situação, seja no meio das chamas, seja no salvamento. Estamos sempre preparados e a postos para as mais variadas circunstâncias”, assegurou.

A 1ª tenente explicou que existem duas categorias de bombeiros: os civis e os militares, com atuações diferentes, mas com o mesmo objetivo de combater e prevenir incêndios: “Bombeiros Civis são profissionais particulares ou voluntários que atuam em estabelecimentos como prédios, shoppings, hospitais ou indústrias. Já os Bombeiros Militares fazem parte da segurança do Estado e estão disponíveis para atuação em prol da população em geral”.

MOMENTOS MARCANTES

Em seus quase 144 anos de história, o Corpo de Bombeiros de São Paulo foi acionado perante grandes desastres, ataques terroristas, acidentes de carro e tragédias ambientais.

A 1ª tenente Olívia recordou algumas dessas ocasiões: o incêndio do edifício Andraus, na Avenida São João, em 1972; o incêndio no edifício Joelma, em 1974 (considerado o mais trágico da história da capital, em que 300 pessoas ficaram feridas e houve aproximadamente 190 óbitos); o desabamento do edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paissandu, após um incêndio de grandes proporções, em 2018; a tragédia de Brumadinho (MG), em 2019, em que 169 bombeiros da corporação de São Paulo auxiliaram nas buscas às vítimas do rompimento das barragens; e o resgate das vítimas das fortes chuvas no Litoral Norte Paulista em 2023.

“Nós, bombeiros, nunca desistimos. Só encerramos as atividades quando conseguimos esgotar todas as possibilidades de salvamento, resgate ou foco de incêndio”, ressalta a 1ª tenente. Ela conta que até o ano de 2031, a meta é de que 80% das emergências no estado de São Paulo sejam atendidas em até 12 minutos e que 80% das edificações e áreas de risco sujeitas ao Regulamento de Segurança Contra Incêndio tenham o processo de regularização. “Estamos empenhados em atingir a meta e proporcionar segurança à sociedade”, salientou, destacando ainda que os Bombeiros têm ampliado ações para orientar a população sobre as medidas preventivas básicas contra incêndios em residências, prédios, praias, rios e rodovias.

O CORPO DE BOMBEIROS DE SÃO PAULO EM NÚMEROS

  • 8 mil profissionais
  • 2,5 mil viaturas disponíveis 24 horas por dia
  • 20 Grupamentos de Bombeiros (GB)
  • 1 Grupamento Marítimo (GBMar), com sede em Guarujá (SP)
  • Comandos da Grande São Paulo, do Interior, e de outras unidades administrativas e operacionais
  • Em 2023, pelo canal de atendimento 193 foram recebidas 2,8 milhões de ligações (uma a cada 10 segundos)
  • No ano passado, foram atendidas mais de 570 mil ocorrências, das quais: 78 mil salvamentos de acidentes; 45 mil combates a incêndios; 236 mil resgates de vítimas; e 212 mil emissões de Habite-se.

PARA CONHECER MAIS!

Em 2005, com o intuito de preservar a história do Corpo de Bombeiros do Estado de Paulo, foi criado o Museu do Corpo de Bombeiros, localizado na Rua Domingos de Moraes, 2.329. Nele é possível consultar materiais, fotos, documentos e equipamentos, e também conhecer a trajetória da instituição, bem como a evolução dos equipamentos e dos serviços de Bombeiros. Outras detalhes sobre a coorporação podem ser vistos em: http://www.corpodebombeiros.sp.gov.br

Para emergências ligue: 193

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Paulo
Paulo
1 mês atrás

O Museu do Corpo de Bombeiros encontra-se fechado, sem precisão para abrir.