Dom Odilo: ‘A Igreja se renova quando parte em missão’

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, presidiu, na Catedral da Sé, a missa do 29º Domingo do Tempo Comum, 18, data em que também se comemora o Dia Mundial das Missões.

Neste dia, em todas as igrejas do mundo, é realizada uma coleta destinada a ajudar as dioceses, congregações e iniciativas missionárias que mais necessitam de apoio e sustento.

Na homilia, Dom Odilo destacou nesse dia, recorda-se de forma especial, o trabalho realizado pela Igreja nas comunidades mais distantes, onde ainda a fé cristã ainda não foi totalmente difundida ou onde há pouca presença de católicos. Ele recordou que, a cada três pessoas no mundo, duas não conhecem Jesus Cristo.

“Isso pode parecer estranho para nós, porque vivemos em um país onde, em geral, todas as pessoas tiveram algum contato com o Evangelho e com a Igreja. Porém, no mundo, ainda há muitos que não receberam o Evangelho”, afirmou o Cardeal.  

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DEVER DE TODOS

Nesse sentido, o Arcebispo salientou que o mandato de Jesus “Ide por todo mundo e anunciai o Evangelho a toda a criatura” não é apenas um conselho, mas uma obrigação de todo aquele que foi batizado. “Que o anúncio da Boa-nova da salvação e do amor misericordioso de Jesus chegue a todos os povos”, reforçou.

Por essa razão, explicou Dom Odilo, a Igreja não cessa de enviar missionários àqueles países e regiões onde há poucos cristãos, onde ainda não há comunidades formadas e onde os missionários realizam “um trabalho inicial de presença, de testemunho, por meio de obras que mostrem o fruto da fé cristã, da caridade, da misericórdia”.

“Foi assim que a Igreja fez desde os apóstolos e continua a fazer também hoje”, ressaltou o Cardeal, salientando que toda comunidade eclesial precisa se preocupar com as missões. “Nós, que recebemos missionários no passado, hoje, somos convidados a enviar missionários a outros lugares mais necessitados”, frisou.

APOIO MISSIONÁRIO

Dom Odilo enfatizou que o anúncio do Evangelho é tarefa de cada comunidade e de cada católico e mesmo aqueles que não podem partir em missão, podem ajudar por meio da oração e do sustento material aos muitos sacerdotes, religiosos, leigos, inclusive, famílias, que se dispõem à missão em terras distantes.

“Os missionários que partem precisam de apoio quando chegam em lugares onde ainda não há comunidades formadas ou há comunidades frágeis, precisam começar uma obra, talvez, construir uma igrejinha, erguer uma obra de caridade… Os missionários, precisam de alimentos, roupas, transporte, um lugar morar, têm contas a pagar”, destacou o Cardeal.

O Arcebispo sublinhou que as dioceses, congregações, comunidades e organizações evangelizadoras em toda África e em parte da Ásia, por exemplo, dependem do apoio dos católicos de todo mundo, manifesto na coleta do Dia Mundial das Missões. De igual modo, os missionários que atuam em regiões como a Amazônia, também são auxiliados por essa arrecadação.

“A Igreja se renova quando parte em missão, quando se preocupa com o vasto horizonte da missão. Por isso, se alguém está desanimado na sua fé ou pensa que a Igreja está desanimada, olhe para as missões, faça a sua parte pelas frentes missionárias e verá recobrada a sua fé, a alegria de ser cristão e membro desta Igreja enviada em missão”, manifestou Dom Odilo.

O Cardeal recordou, ainda, a dimensão missionária das paróquias, comunidades e famílias. Sobre esse último aspecto, ele sublinhou o papel missionário dos pais, que são os primeiros que testemunham e transmitem a fé aos seus filhos. Por isso, Dom Odilo manifestou preocupação da Igreja com o fato de grande parte das famílias, atualmente, não levarem mais seus filhos para serem batizados ou ingressarem na catequese. “Aqui se está impedindo a transmissão da fé”, disse.

DAR A CÉSAR E DAR A DEUS

Chamando a atenção para o trecho do Evangelho do dia (Mt 22,15-21), no qual Jesus é questionado pelos fariseus se é lícito ou não pagar imposto a César, Dom Odilo refletiu a partir da resposta dada pelo próprio Cristo: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”.

“O que é de César é nosso dever social de ajudar a construir a comunidade. E os governantes, representados por César, têm o  dever de promover o bem comum e fraternidade. Por isso, todos nós, de alguma forma, somos chamados a também fazer a nossa parte”, explicou o Arcebispo.  

Dom Odilo destacou que a Deus é devida a honra, a adoração, o reconhecimento e a gratidão. “Quando não existe mais o reconhecimento de dar a Deus o que é de Deus, também, muitas vezes, não se tem mais a consciência do dever social, de edificar a comunidade humana na justiça e na fraternidade, na solidariedade, no respeito”, completou.

O Cardeal acentuou que essas palavras de Jesus não devem ser tomadas como justificativa para separar a vida de fé da vida social. Pelo contrário: “É da nossa vida de fé que partimos para as consequências sociais, participando ativamente como cristãos, católicos”.

Recordando o período eleitoral no Brasil, o Arcebispo ressaltou que esta é uma ocasião para que cada um pense como exercer a sua parte no dever de ajudar para que a cidade seja melhor e bem governada, que haja justiça e promoção da dignidade da pessoa humana. Por fim, Dom Odilo convidou todos a também serem missionários no testemunho cristão da vida pública.

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