Arcebispo Metropolitano presidiu missa campal da Solenidade de Corpus Christi, na Praça da Sé, e destacou a centralidade da Eucaristia para a vida cristã e a vitalidade da Igreja
Vindos de diferentes paróquias da Arquidiocese de São Paulo, leigos, religiosos, diáconos e padres lotaram a Praça da Sé, em frente à Catedral Metropolitana, na manhã da quinta-feira, 8, para a missa campal da Solenidade de Corpus Christi, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer.
Ao saudar os fiéis, sacerdotes e os bispos concelebrantes, o Arcebispo de São Paulo recordou que este é o dia da festa do Santíssimo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, “a quem recordamos todas as vezes que celebramos a Eucaristia, lembrando a Sua Paixão, Morte e Ressurreição, a Sua presença permanente entre nós, sendo Ele também o alimento do nosso caminho para a vida eterna”.
MEMORIAL DO GRANDE MISTÉRIO DA FÉ
Na homilia, Dom Odilo ressaltou que a Eucaristia é o grande dom de Deus que Jesus Cristo deixou à Igreja, e observou que as leituras proclamadas nesta solenidade ressaltam o conceito de memorial, e todas as gerações devem dar graças a Deus pelas maravilhas que Ele fez em favor da humanidade.
O Arcebispo também explicou que na Última Ceia, Jesus deu novo sentido à Páscoa Judaica, pela entrega de Seu Corpo e de Seu Sangue para a salvação do mundo e a remissão dos pecados, e a cada celebração da Eucaristia se atualiza este sacrifício de Cristo: “‘Lembrem-se de mim e do que Eu fiz e faço, cada vez que celebrarem a Páscoa, a Eucaristia’, diz o Senhor”.
“A Eucaristia que celebramos é o sacramento do pão da vida, que é Jesus! Ele que se entrega pela vida do mundo. Jesus deseja que todos tenham vida em abundância já neste mundo e também a vida eterna”, enfatizou.
Recordando a exortação do apóstolo Paulo à comunidade de Corinto, Dom Odilo destacou que a Eucaristia é vínculo de unidade, “mistério de comunhão com Cristo e de comunhão entre nós”, de modo que não pode estar dividida a comunidade que celebra a mesma Eucaristia, que participa do mesmo pão e do mesmo cálice.
SACRAMENTO CENTRAL PARA A VIDA DA IGREJA
O Arcebispo Metropolitano também recordou que a Eucaristia é “o mistério central na vida da Igreja, o mistério central de Jesus Cristo que se doa e continua a se doar, que continua a reunir os seus discípulos em torno de si, a alimentá-los com o pão da Palavra, da vida, da esperança, da caridade e do amor”.
Desse modo – prosseguiu Dom Odilo – a Eucaristia contém tudo que a Igreja crê, anuncia, espera e convida que os cristãos façam em seu dia a dia, sendo a celebração eucarística o ápice da vida da Igreja: “Alimentados por este encontro com Ele, partimos em missão para o dia a dia e para a missão da Igreja”.
VALORIZAÇÃO DA MISSA DOMINICAL
Dom Odilo também enfatizou a centralidade da Eucaristia nas comunidades, nas quais deve haver a especial a valorização da missa dominical.
“Domingo é o dia do Senhor, dia em que proclamamos a Ressurreição de Jesus e Sua presença viva entre nós. Na celebração da Eucaristia, sobretudo a Eucaristia dominical, nós temos a verdadeira epifania da Igreja, a manifestação daquilo que Ela é: Jesus reunido com os seus discípulos”, enfatizou.
O Arcebispo Metropolitano pediu aos padres que se empenhem para que haja boa participação dos fiéis nas missas, e que possam orientá-los sobre a importância da Eucaristia para a vida do cristão.
“Temos de falar ao povo não simplesmente sobre o dever de participar da Eucaristia dominical, mas também falar da beleza, do significado alto, bonito, da participação na missa dominical”, exortou, recomendando que se fale a respeito disso especialmente às crianças, adolescentes e demais pessoas que estão no processo de iniciação à vida cristã, por meio de uma efetiva catequese progressiva ao mistério da fé celebrada na Igreja.
A EUCARISTIA E A VITALIDADE DA IGREJA
Dom Odilo também enfatizou que é a partir da Eucaristia que brota toda a vitalidade da Igreja: “Sem a Eucaristia, nossa ação eclesial corre o risco de se tornar estéril, não dar frutos. A evangelização sempre parte do encontro com Jesus Cristo. Ele nos envia. Por isso, a evangelização só poderá acontecer se nós, realmente, aprofundarmos a participação na Eucaristia em nossas comunidades e o envio para a vivência da caridade em suas múltiplas expressões”.
O Arcebispo disse, ainda, que a participação na Eucaristia é profecia, anúncio de um mundo melhor: “A Eucaristia é a escola de unidade e de profecia de um mundo unido, que supera suas brigas, divisões e feridas e que continua no serviço ao próximo, sobretudo aos que mais necessitam”.
ANÚNCIO DE VIDA PLENA
Na conclusão da homilia, Dom Odilo ressaltou que a Eucaristia também é anúncio da vida plena: “Enquanto esperamos a vinda do Senhor, enquanto vamos ao encontro Dele, aqui já temos alguns sinais dessa vida plena que Deus nos dá a graça de experimentar, é justamente a profecia de um mundo diferente, melhor, o mundo futuro que será o da plenitude da vida, como Jesus prometeu”.
“Que acolhamos com renovada fé, amor e disposição este tão Sublime Sacramento, este grande mistério da fé que nos é dado como presente, como dom”, enfatizou.
TESTEMUNHO PÚBLICO DE FÉ
Ainda na homilia, o Arcebispo Metropolitano explicou que com a procissão com o Santíssimo pelas ruas neste dia, os cristãos anunciam que Cristo está no meio de nós e que “estamos empenhados para que Ele seja percebido como presença salvadora na cidade, e que por causa Dele e de nossa atuação por Ele, a cidade possa superar tantos problemas, tantos dilemas, sobretudo aqueles que contradizem o anúncio do Evangelho e da Boa Nova da salvação”.
Após a comunhão, houve a primeira bênção com o Santíssimo no altar montado em frente à Catedral da Sé, com súplicas ao Senhor em favor dos irmãos da rua e daqueles que se dedicam a zelar pelas pessoas que vivem nessa condição.
Na sequência, teve início a procissão com o Santíssimo, que passou sobre o tapete com 65 metros de comprimento, montado nas proximidades do marco zero da Praça da Sé. A confecção do tapete foi coordenada pelos membros da Missão Belém.
A procissão eucarística teve continuidade pelas ruas do centro da cidade, passando pelo Pateo do Collegio, Mosteiro de São Bento, até chegar ao Largo de Santa Ifigênia, em frente à Basílica Menor de Nossa Senhora da Conceição, onde houve a bênção conclusiva com o Santíssimo Sacramento.
Dom Odilo exortou os fiéis que ainda neste dia participem das celebrações de Corpus Christi que acontecerão à tarde nas paróquias da Arquidiocese de São Paulo.
A cobertura completa da celebração de Corpus Christi na Arquidiocese de São Paulo pode ser vista nas redes sociais do O SÃO PAULO (@jornalosaopaulo) e na edição do jornal a ser publicada na quarta-feira, dia 14.
AS ORIGENS DE CORPUS CHRISTI
Esta celebração foi instituída pelo Papa Urbano IV em 11 de agosto de 1264. No entanto, a origem dessa festa remonta o ano de 1247, em Liège, na Bélgica, onde surgiu um movimento eucarístico com a finalidade de propagar a fé católica na presença real de Cristo nas espécies eucarísticas.
Nessa ocasião, aconteceu a primeira procissão eucarística pelas ruas da cidade. Anos depois, essa celebração se tornou nacional e, em 1313, o Papa Clemente V a estabeleceu como uma festa de caráter mundial.