Dom Odilo explica a reformulação da estrutura organizacional da Arquidiocese

O Arcebispo de São Paulo falou sobre a redistribuição geográfica de algumas paróquias em vista do melhor acompanhamento pastoral da Igreja na cidade

‘As organizações pastorais devem estar a serviço da vida e da missão da Igreja’, diz Dom Odilo
Luciney Martins/O SÃO PAULO

O caminho pós-sinodal da Arquidiocese de São Paulo segue a todo vapor com a assimilação das propostas sinodais e a elaboração de diretrizes pastorais em vista da comunhão, conversão e renovação missionária da Igreja na cidade.

Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, comentou o andamento das reflexões dos 12 grupos de trabalho pós-sinodais criados em abril para apresentar propostas específicas com o objetivo de constituir ou rever instrumentos organizativos da vida pastoral da Arquidiocese.

Entre essas propostas, destacam-se a reformulação da estrutura organizacional da Arquidiocese, especialmente das regiões episcopais, que terão uma adequação na distribuição geográfica das paróquias com o intuito de um melhor acompanhamento pastoral e administrativo. Dom Odilo também adiantou que serão criados os decanatos, novas estruturas pastorais que reunirão grupos de paróquias em cada região. Confira a entrevista.

O SÃO PAULO – Como estão as atividades dos grupos de trabalho pós-sinodais neste momento?

Dom Odilo Pedro Scherer – Os grupos de trabalho estão avançando nas propostas. Alguns grupos já estão bem adiantados e já entregaram propostas que, agora, são objeto de avaliação e discernimento do Arcebispo e dos Bispos Auxiliares. Em seguida, também o Conselho de Presbíteros será envolvido na definição das propostas.

Um desses grupos diz respeito à reformulação da estrutura organizacional da Arquidiocese. O que se pode esperar dessa reformulação? Isso também diz respeito à configuração das regiões episcopais, setores e paróquias?

A Arquidiocese de São Paulo é muito grande e buscamos uma forma adequada de acompanhamento pastoral e administrativo. As seis regiões episcopais são expressões importantes dessa organização e será feita uma adequação no número de paróquias e na sua distribuição geográfica. A Região Santana cederá à Região Brasilândia as seguintes paróquias: Sagrada Família, no Jardim Peri; Nossa Senhora de Fátima, na Vila Dionísia; Nossa Senhora das Graças, na Vila Nova Cachoeirinha; São Luiz Gonzaga, na Vila Santa Maria; São Miguel Arcanjo e Santo Antônio, no Limão.

A Região Brasilândia cederá à Região Lapa a Paróquia Nossa Senhora das Graças, no Morro Doce. A Região Sé cederá à Região Lapa as paróquias Nossa Senhora Aparecida, na Vila Beatriz; Cruz Torta [Nossa Senhora Mãe do Salvador] e Nossa Senhora Monte Serrate, em Pinheiros. A Região Sé cederá à Região Ipiranga a paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos, na Vila Monumento. E a Região Belém cederá à Região Ipiranga as paróquias de Santo Emídio, na Vila Prudente; São José, na Vila Zelina; Nossa Senhora do Pilar, no Parque Sevilha; Nossa Senhora da Glória, na Vila Bela; e a área missionária São José Operário, na Vila Prudente.

Além disso, estamos trabalhando na criação de decanatos dentro das regiões episcopais: ao todo, serão 24, cada um com um grupo de 12 a 15 paróquias. Os decanatos serão uma estrutura pastoral nova, com seu respectivo decano, com o objetivo de aprimorar o acompanhamento pastoral das paróquias e a vida do clero e dos agentes de pastoral. A proposta ainda está em estudo e, oportunamente, haverá uma definição oficial sobre a criação dos decanatos.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na recente Carta Pastoral, o senhor fala que é preciso reorganizar o con- junto do acompanhamento pastoral, expressado com o Organograma de Pastoral e também rever a forma de acompanhamento pastoral da Arquidiocese. Como isso tem sido refletido nos grupos de trabalho?

Há uma imensidade de organizações e organismos pastorais na Arquidiocese, o que é bom e sinal de vitalidade e dinamismo. Mas nem sempre se consegue acompanhar, de modo adequado, toda a diversidade das expressões de vida pastoral, nem promover a comunhão, a participação e a conversão missionária. É importante que haja na Arquidiocese um esforço participado em torno das grandes questões da vida e missão da Igreja, que se traduzem na vida pastoral. Portanto, o grupo de trabalho que se ocupa do tema está repensando justamente o acompanhamento pastoral, para torná-lo mais viável e, também, para dar à organização pastoral uma clareza eclesiológica. As organizações pastorais devem estar a serviço da vida e da missão da Igreja, em vez de serem grupos isolados que funcionam em vista de si próprios.

Como está a acolhida das propostas sinodais?

Na Carta Pastoral – “COMUNHÃO, CONVERSÃO E RENOVAÇÃO MISSIONÁRIA” foram recolhidas e publicadas as diretrizes pastorais e as propostas elaboradas pela assembleia sinodal para toda a Arquidiocese de São Paulo. Durante este tempo pós-sinodal, as paróquias e regiões, com seus conselhos pastorais, o clero e os agentes de pastoral, estão em fase de acolhida dessas diretrizes e propostas sinodais. Diante das muitas indicações oferecidas pelo sínodo arquidiocesano, é preciso que todos se perguntem novamente: que devemos fazer para promover a comunhão, a conversão e a renovação missionária, tão necessárias em nossa Igreja? A Carta Pastoral oferece respostas a essa pergunta. Mas é preciso apropriar-se das propostas em cada realidade pastoral. Esse esforço fará surgir os frutos do sínodo. Não se deve ficar à espera do trabalho dos grupos de trabalho pós-sinodais, os quais, mais que tudo, vão tratar de questões estruturais e organizativas. O mais importante do sínodo está dito na Carta Pastoral.

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