O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu a missa desta sexta-feira, 31, na capela de sua residência, transmitida pela rádio 9 de Julho e pelas mídias digitais da Arquidiocese.
Nesta data, a Igreja celebra a memória de Santo Inácio de Loyola, Sacerdote fundador da Companhia da Jesus (Jesuítas).
Inácio nasceu em Loyola na Cantábria (Espanha), em 1491. Viveu na corte e seguiu a carreira militar. Depois, consagrando-se totalmente a Deus, estudou Teologia em Paris, onde reuniu os primeiros companheiros com quem mais tarde fundou, em Roma, a Companhia de Jesus. Exerceu intensa atividade apostólica não apenas com seus escritos, mas formando discípulos que muito contribuíram para a reforma da Igreja. Morreu em Roma no ano de 1556.
ARDOR MISSIONÁRIO
No início da missa, Dom Odilo ressaltou que Santo Inácio fez uma grande obra na Igreja em um período muito necessário, após o Concílio de Trento, quando o cristianismo estava dividido devido à reforma protestante. “Ele colaborou para a renovação missionária da Igreja”, enfatizou, recordando, que, inclusive os brasileiros e mais precisamente os paulistanos, foram beneficiados por este movimento de reforma da Igreja, uma vez que os missionários Padre Manoel da Nóbrega e São José de Anchieta, fundadores da cidade de São Paulo, eram jesuítas contemporâneos de Santo Inácio.
“Peçamos, pela intercessão de Santo Inácio, um renovado ardor missionário para nossa Igreja, para que também façamos hoje o que esses missionários fizeram naquele tempo” .
PROFETA
Na primeira leitura (Jr 26,1-9), Jeremias traz uma palavra dura para o povo de Israel ao profetizar que o templo será destruído e a cidade reduzida a ruínas. “Não aceitando a profecia, o judeus querem matar Jeremias, não se questionam a respeito da sua palavra, querem calar o profeta para, assim, calar a profecia, porém a profecia vem de Deus e não pode ser calada”, observou o Cardeal.
Atitude semelhante aparece no Evangelho (Mt 13,54-58), quando as pessoas que viam Jesus ensinar na sinagoga, questionavam de onde vinha a sua sabedoria e os milagres por ele realizados, pois aquele era apenas “o filho do carpinteiro”. Então, Jesus afirma: “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família!”
Ao comentar este trecho, Dom Odilo enfatizou que as pessoas não devem olhar apenas para quem prega, mas devem se deixar interpelar pela Palavra de Deus que é anunciada. “Às vezes, temos que ouvir palavras de quem não gostamos ou não nos é simpático. Não devemos estar atentos só ao que dizem nossos amigos ou nossos bajuladores, que nem sempre estão interessados no nosso bem. Quem nos quer bem diz a verdade e, às vezes, a verdade dói, mas precisa ser dita, para que possa ajudar no processo de conversão”, afirmou.
JULGAMENTOS
Nesse sentido, o Cardeal Scherer chamou a atenção para o fato de, também atualmente, aqueles que anunciam a Palavra de Deus e os ensinamentos da Igreja serem julgados a partir de preconceitos. “Infelizmente, existe, hoje, essa mania de que há duas ‘verdades absolutas’ que estão acima de quaisquer outras e, a partir delas, julga-se a pregação: ‘ou é comunista’ ou não é ‘comunista’. Então, dizem que até o Papa, o Bispo, o Cardeal, a CNBB são ‘comunistas’ e, por isso, não precisam ser ouvidos… Cuidado! Estamos colocando o nosso preconceito acima da Palavra de Deus. Isso é muito perigoso”, alertou Dom Odilo, comparando tal atitude a do povo de Jerusalém que não quis ouvir Jeremias ou dos que não acreditaram na pregação de Jesus.
“Estejamos atentos à Palavra de Deus e não coloquemos os nossos preconceitos acima desta Palavra anuncia da pela boca daqueles que receberam essa missão”, reiterou o Arcebispo.