Há 50 anos, fiéis testemunham a fé, a esperança e a caridade na Paróquia Santa Cruz

Em meio à reserva florestal do Horto, na zona Norte da capital paulista, há 50 anos foi erigida uma igreja que leva o nome não só de uma das marcas distintivas dos cristãos, mas, também, da capelinha da qual se originou: a Paróquia Santa Cruz, cuja matriz se localiza na Avenida Santa Inês, 2.229, no Parque Modelo. 

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Em ação de graças pelo jubileu de ouro, a comunidade paroquial se reuniu em um tríduo festivo entre os dias 8 e 10, e em uma missa solene, no dia 11, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, tendo entre os concelebrantes Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana; e os Padres Ciro Attanasio, Superior Provincial da Congregação Servos da Caridade (SdC) – Guanellianos, e Flávio Demoliner, SdC, Pároco. 

A pujança pastoral da Paróquia pôde ser vista já na procissão de entrada, com a participação dos coordenadores da Catequese, Coroinhas e Cerimoniários, Equipe de Festas, Liturgia, Ministério de Música, Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão, Pastorais da Acolhida, Familiar, da Criança, da Saúde e da Solidariedade Guanelliana, Apostolado da Oração, Escoteiros, Guanellianos Cooperadores, Vicentinos e Terço dos Homens. 

Dom Odilo, ao saudar a todos, ressaltou que a Paróquia, mais do que o templo, é constituída pelas pessoas que dão vitalidade às ações pastorais, e lembrou que aquela missa era um momento de júbilo e gratidão ao Senhor e, ao mesmo tempo, de olhar para frente, “para que Deus nos dê a graça de escrever páginas bonitas nos próximos anos”. 

SOB O SINAL DA SANTA CRUZ 

Na homilia, o Arcebispo destacou que a cruz é o sinal do amor de Deus, que entregou seu próprio Filho para a salvação da humanidade, de modo que uma paróquia com este título “tem a missão de ser sinal, no bairro e na cidade, do amor misericordioso de Deus para conosco”. 

Dom Odilo disse que a Paróquia, em todo o seu agir, é chamada a anunciar o Evangelho e a testemunhar a fé, esperança e caridade cristã: “Vocês devem ser o sal da terra e a luz do mundo neste pedaço de São Paulo”. 

O Cardeal reforçou os apelos do Papa Francisco, também refletidos no sínodo arquidiocesano, para que se renove na Igreja o chamado a todos os batizados para a participação, comunhão e missão. “Precisamos tomar consciência de que a transmissão da fé deve ser feita mediante um esforço missionário”, disse, recordando que a Paróquia Santa Cruz só conseguiu chegar aos 50 anos porque anteriormente houve quem tivesse se preocupado em transmitir o patrimônio da fé católica.

DA CAPELINHA À PARÓQUIA 

Em 1965, graças ao empenho de algumas famílias que moravam no bairro, houve a reabertura de uma capelinha dedicada à Santa Cruz, que havia sido inaugurada em 1903. A convite de Magda Borges Francano, o Padre Narciso Piacentini, então Capelão no Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo, começou a presidir missas no local. Com o aumento da participação dos fiéis, surgiu a ideia de se construir um templo maior.

Em 1967, o Sacerdote solicitou ao governo do estado de São Paulo um terreno na área de reserva florestal do Horto para edificar a nova igreja, pedido que foi aceito em 1969. No ano seguinte, a Arquidiocese de São Paulo confiou o terreno à recém-chegada Congregação dos Servos da Caridade, fundada em 1908 por São Luís Guanella (1842-1915). 

Em 22 de março de 1970, Dom Paulo Evaristo Arns, à época Bispo Auxiliar da Arquidiocese, deu posse ao Padre Armando Brédice, SdC, que liderou a construção da igreja. Em 30 de abril de 1972, o mesmo Dom Paulo, já como Arcebispo Metropolitano, presidiu a missa de criação da Paróquia Santa Cruz. 

“Para conseguir construir a igreja, nós fizemos festas, jantares e até quermesse na linha do trem que passava ao lado do terreno. O Padre Armando foi estruturando a comunidade com as pessoas que frequentavam a capelinha”, recordou, ao O SÃO PAULO, Irene Neves Sivieri, cooperadora guanelliana e integrante da Pastoral da Liturgia. 

AMPLIAÇÃO DE TRABALHOS 

Aos poucos, houve a estruturação das pastorais da Liturgia e da Catequese, do Apostolado da Oração, grupo de casais e o ministério de música. Além do templo, foram construídos a casa e o salão paroquial, uma quadra esportiva, a Creche Tio Tino, atual CEI Dom Guanella, que hoje atende mais de 200 crianças, e o Jardim da Infância Beija-Flor, que funcionou até 1986. Atualmente, no complexo da Paróquia, também há um centro para crianças e adolescentes (CCA). 

Entre 2017 e 2018, houve uma ampla reforma do templo, que incluiu a troca do telhado, a instalação de um painel artístico no presbitério, a construção da capela do Santíssimo e dos nichos laterais ao altar, nos quais estão imagens dos intercessores da Paróquia: São Luís Guanella, celebrado em outubro, e Nossa Senhora do Trabalho, festejada em maio. 

DESAFIOS PASTORAIS 

Com a pandemia de COVID-19, boa parte das ações pastorais acabou se desarticulando. Também houve queda na quantidade de fiéis nas missas, na procura pelos sacramentos da iniciação à vida cristã e nas atividades missionárias, que sempre ajudavam a atrair pessoas para a comunidade. 

“Estamos buscando meios para retomar essas atividades. Temos pensado muito em como visitar as famílias para resgatá-las à Paróquia”, afirmou Irene. 

Padre Flávio, Pároco desde fevereiro de 2019, comentou que uma dificuldade em especial é que boa parte das pessoas mora em prédios ou conjuntos residenciais, onde nem sempre há facilidade para a realização de visitas pastorais. “Aos poucos, os fiéis estão retornando às missas, já está melhor do que no começo do ano, mas ainda abaixo do que era antes da pandemia”, afirmou. 

COM O CARISMA DE SÃO LUÍS GUANELLA 

Na fase mais aguda da pandemia de COVID-19, em 2020, foi criada a Pastoral da Solidariedade Guanelliana. “Por meio dela, oferecemos, graças às doações dos paroquianos, de 100 a 150 marmitas por semana àqueles mais desprovidos de alimentação, em especial às pessoas em situação de rua”, detalhou Padre Flávio Demoliner, que por causa da iniciativa foi premiado com a Medalha São Paulo Apóstolo em 2021. 

“No geral, a comunidade se envolve na questão de doações de alimentos, de roupas e calçados a quem mais precisa”, comentou o Pároco, destacando que São Luís Guanella sempre estimulava que a Igreja fosse ao encontro dos que mais precisam, “não somente para dar o pão, que é necessário, mas também para apresentar a espiritualidade, a fim de atender essas pessoas de maneira mais completa”. 

Irene Neves Sivieri assegura que não há como dissociar a Paróquia do carisma solidário dos padres Guanellianos, algo que nesta comunidade paroquial também se expressa nos trabalhos dos Vicentinos, que atendem mais de 30 famílias mensalmente, e dos Guanellianos Cooperadores. “Todos nós, de certa forma, somos tocados por esse carisma de atenção ao outro, ao irmão, tendo a caridade como princípio”, concluiu. 

Sei muito e muito bem que peso tem a cruz, mas, sim, eu sei também que força tem Jesus.” Esses versos da canção “Eu tenho alguém por mim”, do Padre Zezinho, SCJ, que emocionaram os fiéis em um dos cantos após a comunhão, bem projetam os próximos anos da Paróquia que cresce à sombra da Santa Cruz de Cristo. 

(Colaborou: Fernando Arthur)

1 comentário em “Há 50 anos, fiéis testemunham a fé, a esperança e a caridade na Paróquia Santa Cruz”

  1. O padre Armando celebrou meu casamento e o batismo de meu filho Tiago, hoje com seus 26 anos de idade.Sou muito grata , pois fui muito ajudada pela esta igreja , inclusive com alimentação a qual na época meu marido estava desempregado .Gratidão…..

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