Há 75 anos, Beneditinos Valombrosanos testemunham a fé no Brasil

Em Pirituba, o Cardeal Odilo Pedro Scherer preside missa pelo jubileu de 75 anos da chegada ao Brasil dos primeiros monges da Ordem Beneditina Valombrosana
Luciney Martins/O SÃO PAULO

Uma missa na sexta-feira, 26, na Paróquia Nossa Senhora da Assunção, em Pirituba, marcou o jubileu de 75 anos da presença dos monges beneditinos valombrosanos no Brasil.

A Eucaristia foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, e contou com a presença de diversos religiosos, entre os quais Dom Giuseppe Casetta, OSB, Abade-Geral da Ordem Beneditina Valombrosana, vindo da Itália; Dom Robson Medeiros Alves, OSB, Abade Prior Sui Iuris do Mosteiro São João Gualberto; e Dom Emanuel d’Able do Amaral, OSB, Abade do Mosteiro de São Bento da Bahia e Presidente da Congregação Beneditina do Brasil.

NO BRASIL

Os três primeiros monges vindos da abadia toscana de Vallombrosa, na Itália, chegaram ao Brasil em janeiro de 1949, após o apelo do Papa Pio XII a todas as Igrejas, Ordens e Congregações Religiosas para que ajudassem as Igrejas da América Latina, enviando-lhes sacerdotes, religiosos e religiosas.

Os monges Dom Torello Nocioni, Dom Rudesindo Chiappini e Dom Pietro Morvidi foram acolhidos no Mosteiro de São Bento, em São Paulo, onde permaneceram algum tempo. A ação missionária e pastoral começou no bairro de Pirituba, que em tupi-guarani significa “lugar de muitos juncos”, local ainda pouco habitado, na época, considerado distante da cidade, carente de tudo, com estradas intransitáveis e sem assistência médica.

Em 1959, receberam a doação do terreno onde construíram a Capela de Nossa Senhora da Assunção e, em seguida, começaram a construção do Mosteiro São João Gualberto, que foi erigido canonicamente em 1967 e, se tornou a sede oficial da Congregação no Brasil.

Atualmente, no mosteiro de Pirituba residem 10 monges que se dedicam à evangelização e contam com uma extensão na cidade de Jundiaí (SP), o Mosteiro Nossa Senhora do Montenegro, onde oito monges residem.

O fundador da Ordem, São João Gualberto (995-1073), foi um fiel seguidor de São Bento, e a experiência com Cristo transformou sua vida. É considerado o herói do perdão e foi declarado Padroeiro das Florestas pelo Papa Pio XII, em 1951.

ORAÇÃO E AÇÃO

Dom Giuseppe Casetta, Abade Geral, ressaltou à reportagem que os mosteiros são ‘Casas de Deus’, espaços de oração e ação. “Como abade-geral, quero manifestar a alegria em celebrar 75 anos de dedicação pastoral, social e educativa em terras brasileiras. Nossos mosteiros são espaços sagrados, acolhedores, lugares de diálogo, escuta profunda da Palavra, estudo e cultura, enfim, casas onde a presença de Deus é vivida e irradiada a quem por aqui permanece e passa”.

Maria Antonia Fernandes Reina, 74, recordou que seu avô José Fernandes Castilho ajudou na construção do Mosteiro. “Meu avô colaborou muito no início com a promoção de quermesses, pedidos de donativos de casa em casa para a construção do belíssimo espaço que temos hoje”, disse ela, que participa desde os 7 anos de idade da comunidade. “Esta é uma bonita parceria dos monges com os fiéis que juntos promovem a fé e a caridade”, salientou.

AÇÃO MISSIONÁRIA

Os monges dedicam-se à vida contemplativa, própria do carisma, e à ação missionária, pastoral, social e educativa. Anexo ao mosteiro está o Colégio São João Gualberto, fundado em 1968, que atende aproximadamente 500 alunos, de 3 a 18 anos.

As ações sociais e caritativas são uma marca dos monges. Há um serviço permanente de promoção humana para mais de 80 famílias em situação de vulnerabilidade que recebem cestas básicas e remédios, fruto de doações dos paroquianos; visitas aos doentes, entre outras ações.

Dom Robson enfatizou que os beneditinos assumem o compromisso de rezar pela e com a Igreja. “Na paróquia que está sob nossa custódia, temos o compromisso de promover nosso carisma contemplativo por meio de momentos de oração: a Eucaristia, oração das Completas, a Lectio Divina com os paroquianos. Isso nos une e nos fortalece”, afirmou.

O Abade Prior destacou que a vida contemplativa dos monges se funde com a vida ativa. “Nosso carisma une a contemplação e ação. A oração nos impulsiona a comunicar Cristo em palavras e gestos concretos em favor dos nossos irmãos que são a expressão de Cristo entre nós”, afirmou.

EM MISSÃO

Na homilia, Dom Odilo recordou a história do mosteiro, o chamado e o envio missionário dos monges, que há sete décadas e meia se dedicam na igreja local. “Atendendo ao apelo do Papa Pio XII, os Valombrosanos aderiram à missão de evangelizar além-fronteiras, dedicando-se à nova evangelização”, disse, ressaltando que os monges que por aqui passaram deixaram sua marca na evangelização e na construção de paróquias.

O Purpurado afirmou que celebrar o jubileu da chegada dos Valombrosanos ao Brasil é um convite para renovar a fé, o amor, o serviço e o testemunho dos monges e dos fiéis que, juntos, celebram a fé, o dom da vida e o compromisso cristão, impulsionados pela Palavra de Deus e os ensinamentos do fundador São João Gualberto e de São Bento.

Por ocasião dos 950 anos da morte do fundador da congregação, o Papa Francisco concedeu indulgência plenária, no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2024, conforme estabelecido pela Santa Sé, por meio da Penitenciaria Apostólica.

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