Em assembleia, Arquidiocese de São Paulo delineia propostas centrais de seu projeto pastoral, tendo em consideração as conclusões do 1º sínodo
Como transformar as diretrizes e propostas do 1º sínodo arquidiocesano de São Paulo (2017-2023) em uma renovada ação missionária e pastoral?
Com esta indagação central e tendo em vista a elaboração de um projeto pastoral, a Arquidiocese de São Paulo realizou a sua Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, com o tema “Um só Corpo e um só Espírito” (cf. 1Cor 12, 4-27), em três etapas: na primeira, em dezembro de 2023, buscou-se saber quais foram as recepções iniciais do sínodo e da Carta Pastoral “Comunhão, Participação e Missão” e das 118 Propostas Sinodais; na segunda etapa, em 2 de março, nas regiões episcopais e vicariatos ambientais, o objetivo foi organizar adequadamente as propostas da Assembleia Sinodal e as questões fundamentais para a implantação do sínodo nas comissões Anúncio, Santificação e Testemunho, pelas quais se organiza a vida pastoral da Arquidiocese.
A terceira etapa da Assembleia Arquidiocesana de Pastoral ocorreu no sábado, 18, na Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom), na zona Sul. Delegados das regiões episcopais e vicariatos ambientais, previamente convocados pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, se debruçaram sobre como fazer com que a Igreja de São Paulo seja mais mais missionária, obtenha melhor participação dos fiéis na Eucaristia dominical e nos demais sacramentos; e melhor organize, amplie e dinamize a caridade.
A Assembleia foi iniciada com a invocação do Espírito Santo e um momento de oração. “Peçamos ao Pai do Céu que dê a todos nós a abundância do seu Espírito para que possamos realizar com coragem, entrega, lucidez e criatividade a missão que hoje nos cabe”, exortou Dom Odilo.
FINALIDADES DO PROJETO PASTORAL
No começo da Assembleia, Dom Odilo destacou que nesta fase pós-sinodal a meta é agir diante de tudo que foi refletido durante o sínodo arquidiocesano e em conformidade com os apelos feitos pelo Papa Francisco, pelo Sínodo sobre a Igreja sinodal (2021-2024) e pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que indicam a necessidade de uma renovação missionária e de maior comunhão na Igreja.
Na Arquidiocese de São Paulo, este agir será estruturado em um projeto pastoral, com duração de dois anos, período durante o qual também deverão ser acolhidos os indicativos do Sínodo universal e da posterior exortação apostólica a ser redigida pelo Papa; do Jubileu 2025; e das atualizações das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) da CNBB.
“Nosso projeto pastoral deverá ter a finalidade de acolher aquilo que são as grandes questões postas pelo sínodo arquidiocesano, as percepções que estão expressas na Carta Pastoral e nas Propostas Sinodais. Nós já sabemos o que devemos fazer. Agora se trata de pensar como devemos fazer para traduzir em práticas pastorais, em atitudes novas, aquilo que vimos, ouvimos e discernimos a partir do sínodo”, ressaltou Dom Odilo, lembrando, ainda, que tudo o que for pensado para este agir não deve desconsiderar que é na paróquia que a vida da Igreja acontece.
PONTOS COMUNS DAS PROPOSTAS
Após a motivação inicial do Cardeal Scherer e a explicação da dinâmica dos trabalhos feita por Dom Carlos Silva, OFMCap., Bispo Auxiliar da Arquidiocese, os participantes da Assembleia foram divididos em 12 grupos nos quais formularam sugestões para métodos, estratégias e maneiras de como fazer para que a Igreja em São Paulo seja mais missionária; tenha melhor participação dos fiéis na Eucaristia dominical e nos demais sacramentos; e dê mais expressão à caridade organizada, bem como a dinamize e amplie.
Posteriormente, os relatores dos grupos apresentaram as propostas formuladas. Em relação ao agir missionário, alguns dos indicativos foram: o fortalecimento de grupos missionários; a criação de comissões decanais missionárias; o melhor uso dos canais de comunicação disponíveis; a maior oferta de subsídios para a missão; a instituição de escolas de formação nos decanatos para líderes missionários com um itinerário formativo comum; e o mapeamento do território paroquial para identificar os locais onde há maior necessidade de missão.
Sobre como melhorar a participação dos fiéis na Eucaristia dominical e nos demais sacramentos, algumas das propostas foram: ressaltar a cada missa o mistério pascal; ter maior atenção às pessoas nas ocasiões de celebrações como as exéquias e as missas de 7º dia; adotar uma linguagem que seja também compreensível para quem não participa com frequência da Igreja; ampliar nas paróquias os horários para Confissões; reforçar e melhor treinar as equipes de acolhida; ter maior zelo pelo espaço litúrgico; e envolver as famílias na vida da Igreja também para favorecer a cultura vocacional.
Para ampliar e dinamizar a caridade organizada, estas foram algumas das propostas: criar um cadastro de âmbito decanal e/ou arquidiocesano das famílias que são ajudadas pelas paróquias; firmar parcerias com comércio local para o pedido de doações; tornar mais conhecida as ações caritativas que a Arquidiocese já realiza; fazer maior uso das mídias para divulgar as iniciativas; criar uma rede arquidiocesana de solidariedade para que todos os trabalhos sejam mais bem articulados; efetivar a solidariedade financeira entre as paróquias; e ter assessorias qualificadas em suporte às pastorais sociais.
PRÓXIMOS PASSOS
“Pretendemos que o projeto pastoral não seja longo, mas, sim, claro e incisivo em algumas coisas, que mire não apenas um grupo em específico, mas toda a comunidade eclesial”, explicou o Arcebispo após ouvir o relato dos grupos. Ele destacou que o agir pastoral da Igreja não é tarefa apenas de alguns, mas de todas as pessoas.
Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Padre Tarcísio Marques Mesquita, Coordenador Geral do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, explicou que uma comissão vai se debruçar a partir desta semana sobre as propostas feitas na terceira etapa da Assembleia para elaborar “um projeto pastoral breve, sintético e prático”. O projeto pastoral deverá ser estruturado em torno dos eixos Anúncio, Santificação e Testemunho, e a redação final será submetida para a aprovação do Arcebispo. Ainda não há um prazo definido para que seja publicado.
Na conclusão da Assembleia, Dom Odilo comentou a urgência de a Igreja em São Paulo ser mais missionária para que não fique “estacionada”. Alertou, ainda, que é fundamental a participação dos fiéis nas missas e nos sacramentos – de acordo com a pesquisa do sínodo apenas 6% dos católicos na Arquidiocese vão à missa dominical regularmente –, pois “sem a fé celebrada, nós corremos muito o risco de ser uma Igreja de boas ideias, e ideias levam rapidamente a ideologias. Não devemos ser uma Igreja de ideias, mas uma Igreja que testemunha o Reino de Deus”, comentou. “A Igreja de Cristo é evangelização e celebração. As duas coisas vão juntas, uma em função da outra”, insistiu; e lembrou ainda que a caridade organizada deve ocorrer como testemunho e expressão de fé da comunidade eclesial.
Bom dia, muito bom as conclusões, espero e peço a Deus que nossos párocos esclareça, de formação para todos nós paroquianos, pois a muito tempo não recemos formação, principalmente dois documentos da Igreja, e necessário,”Ninguém da o que não tem”. Devemos receber para partilhar e viver.