Mantida com o auxílio da Caritas Arquidiocesana, casa de acolhida a refugiados afegãos completa 1 ano

Espaço, na cidade de Guarulhos, tem abrigado as pessoas que chegam ao Brasil fugindo da guerra no Afeganistão

Por Comunicação da Caritas Arquidiocesana de São Paulo

Comunicação da CASP

Até o início de agosto, a Casa de Acolhida Todos Irmãos, em Guarulhos (SP), havia abrigado cerca de 350 refugiados afegãos. A residência, coordenada pela Caritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP) em parceria com a Caritas Diocesana de Guarulhos, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) e a Prefeitura de Guarulhos, completará um ano no próximo dia 10 de agosto.

Desde que foi inaugurada no ano passado, a Casa de Acolhida tem sido um abrigo para aqueles que fogem da guerra no Afeganistão, e que desembarcam no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

AMBIENTE ACOLHEDOR

No dia em que a Assessoria de Comunicação da CASP esteve no local, duas meninas afegãs brincavam na brinquedoteca montada no local com o apoio de doações de pessoas físicas e organizações do terceiro setor, como a Fundação Abrinq. O espaço tem sido importante na adaptação das crianças refugiadas que não têm o costume de brincar em seu próprio país. 

Na sala ao lado da brinquedoteca, um afegão assistia à TV, enquanto, na cozinha, um grupo de homens jovens, em sua maioria, comiam sentados à mesa e duas mulheres cozinhavam.

Há ainda um espaço no imóvel em que uma voluntária dá aulas de português para quem está abrigado no local. 

O sobrado localizado no bairro Macedo pertence à Caritas Diocesana de Guarulhos e tem capacidade para manter 27 pessoas ao mesmo tempo, que ficam no local por um período de pelo menos três semanas até que consigam agilizar documentos e uma residência fixa.

No dia da visita, a atmosfera parecia muita calma, mas, de acordo com a assistente social Vanessa Pimenta, coordenadora do abrigo, nem sempre foi assim. “O perfil dos afegãos que chega muda constantemente. No começo eram famílias de poder aquisitivo mais alto e, agora, são pessoas mais humildes e há mais homens solteiros”, disse.

Devido às diferenças étnicas e religiosas, havia alguns conflitos na residência que precisavam ser mediados por Vanessa. “Aqui, o maior desafio foi a complexidade de entendermos a cultura deles. Foi um aprendizado para todos nós, inclusive para eles também, no sentido de também compreenderem a cultura brasileira”, explicou.

MUITO AMOR

Dados recentes do ACNUR apontam que o governo brasileiro emitiu 9 mil vistos humanitários para as pessoas afegãs nos países fronteiriços. Desses, 6.194 entraram no Brasil no período de janeiro de 2022 a abril de 2023. 

Desde dezembro de 2020, o governo brasileiro reconhece a situação de grave e generalizada violação dos direitos humanos no Afeganistão, algo que piorou com a retomada do poder pelo grupo extremista Talibã.

Diante dessa gravidade e sendo o Brasil o único país a conceder o visto humanitário à população afegã, esses cidadãos continuam chegando ao país em busca de residência e oportunidades, mas essa trajetória não tem sido fácil.

Ao chegarem aqui, eles encontram uma série de desafios e a situação só não é mais dramática devido ao apoio de organismos como a CASP.

“Para realizar esse trabalho, é preciso mesmo muito amor ao próximo. É você tentar compreender a situação difícil dessas pessoas, que não sabem se um dia poderão voltar ao seu país”, relatou Vanessa.

Agora que a compreensão da situação está mais assentada, Vanessa explicou que ela e a outra assistente social da casa, Mariana Capelas, podem apoiá-los para que tenham mais autonomia. “Tudo aqui é construído com eles”, frisou.

DESAFIOS

Como é gerida por entidades que dependem de doações, administrar a Casa de Acolhida é um desafio diário. 

A presidente da Caritas da Diocese de Guarulhos, Afonsina Gomes Araujo Silva, lamentou não poder manter a casa como todos gostariam. 

“Esse imóvel sempre foi voltado ao abrigo de refugiados. No passado, abrigávamos venezuelanos e sempre enfrentamos problemas para a sustentabilidade financeira”, explicou.

Com muito esforço coletivo, a Diocese realizou ações para levantar recursos para realizar a manutenção da casa. Agora, estão solucionando, por exemplo, problemas de vazamentos e infiltrações.

A Prefeitura de Guarulhos colabora com recursos para a compra de alimentos, mas estes também são incrementados com o apoio de doações.

“O começo foi desesperador! Mas, embora ainda precisemos de alguns itens, estamos conseguindo, com muita dificuldade, manter tudo funcionando para darmos o máximo de conforto que conseguimos a quem acolhemos”, disse Afonsina.

APOIO NECESSÁRIO

O administrador de empresas afegão Ahmad Khalid Omid e sua esposa, Hamira, mais o filho do casal, ficaram 21 dias abrigados na Todos Irmãos.

“O acolhimento foi muito importante para nós porque não tínhamos dinheiro para alugar um lugar, não tínhamos nenhum documento brasileiro”, disse.

Segundo ele, os funcionários da Casa os receberam muito bem. “Recebemos todo o auxílio necessário, como lugar para dormir, comida, ajuda para a regularização de documentos e apoio psicológico com a CASP. Éramos recém-chegados aqui e não sabíamos o idioma”, disse Omid que, hoje, trabalha e se esforça para construir uma vida feliz com a sua família no Brasil.

Na quinta-feira, 10, às 15h, haverá uma celebração por ocasião do 1o ano da Casa Todos Irmãos, aberta a quem queira participar. O endereço é Rua Paulo José Bazani, 60, bairro do Macedo, em Guarulhos (SP).

COMO AJUDAR

Se você quiser contribuir com o tema refúgio da CASP, poderá doar roupas e calçados em bom estado, principalmente para homens e adolescentes (meninas e meninos). Também pode doar alimentos (não perecíveis); produtos de higiene pessoal; brinquedos em bom estado; cadernos, estojos e lápis.

A doação também pode ser feita em dinheiro para a seguinte conta:

Caritas Arquidiocesana de são Paulo 
Bradesco 237
Ag. 0099
Conta poupança 1.000.161-7
CNPJ 62.021.308/0001-70

PIX 62.021.308/0001-70 (CNPJ)

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