Romaria a Aparecida: ‘Não estamos sozinhos. Cristo está à margem e Maria caminha conosco’

Disse Dom Carlos Silva, na missa da 124ª Romaria arquidiocesana a Aparecida, realizada neste domingo, 4

Peregrinos da Arquidiocese na Romaria a Aparecida (fotos: Luciney Martins/ **O SÃO PAULO**)

Oriundos das paróquias das seis regiões episcopais da Arquidiocese de São Paulo, milhares de fiéis foram a Aparecida (SP), no 3º Domingo da Páscoa, 4, para participar da 124ª Romaria arquidiocesana ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, que acontece anualmente no primeiro domingo de maio.

Este ano animados pelo tema “Com Maria, Peregrinos de Esperança”, os fiéis também estiveram no Santuário Nacional em peregrinação pelo Ano Jubilar e unidos em oração a toda a Igreja pelo bom êxito do Conclave que a partir de 7 de maio irá eleger o novo Papa.

“Que alegria nos encontrarmos na Casa da Mãe neste Ano Jubilar. Somos todos peregrinos de esperança”, afirmou Dom Carlos Silva, OFMCap., Bispo Auxiliar da Arquidiocese, que presidiu a missa das 10h no altar central da basílica, tendo como concelebrantes os também bispos auxiliares de São Paulo Dom Cícero Alves de França, Dom Rogério Augusto das Neves e Dom Carlos Lema Garcia, além de sacerdotes do clero arquidiocesano.

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, não participou da Romaria já que está no Vaticano para o Conclave, como um dos cardeais eleitores.

ACOLHIDOS POR MARIA COM TERNURA

Dom Carlos Silva, ao iniciar a homilia, pediu aos fiéis que erguessem as bandeirinhas coloridas que traziam nas mãos para expressar a alegria de terem peregrinado a Aparecida: “Nós somos o povo de Deus em marcha, peregrinos de fé. Chegamos à Casa da Mãe com os pés cansados, mas com o coração cheio de esperança”.

O Bispo Auxiliar de São Paulo também destacou que no santuário mariano todos são acolhidos com ternura pela Senhora Aparecida: “É bom estarmos sobre o olhar materno enquanto ainda ressoa em nós o canto do Aleluia Pascal. A pedra foi removida, a morte vencida, e, com Cristo ressuscitado, renasce em nós a esperança que não decepciona. Nós somos peregrinos de esperança”.

NO MAR DA GALILEIA, NO RIO PARAÍBA DO SUL E NAS GRANDES CIDADES

Ao refletir sobre o Evangelho proclamado no 3º Domingo da Páscoa (cf. Jo 21,1-19), em que Jesus aparece aos apóstolos às margens do Mar da Galileia quando estes já se encontravam desanimados e cansados, tendo voltado à rotina de suas vidas, Dom Carlos lembrou que o Senhor a eles ressurge no romper da manhã e os orienta a lançar as redes, e o milagre da pesca abundante acontece.

“Queridos irmãos e irmãs, como não recordar há mais de 300 anos, aqui em Aparecida, da outra pesca, aquela ocorrida no Rio Paraíba do Sul: três homens humildes, redes vazias, água turva, e a imagem de Nossa Senhora emerge da profundeza, como quem sussurra ‘Eu estou com vocês, não tenhais medo’. Primeiro o corpo, depois a cabeça. A mãe veio inteira, para cuidar do povo inteiro. Nós somos o povo cuidado pela mãe”, afirmou o Bispo.

“Também hoje, nós lançamos nossas redes nas águas turvas das grandes cidades, das periferias geográficas e existenciais, nos corações machucados pelo abandono, pela violência, pela desesperança. Não estamos sozinhos. Cristo está à margem. Maria caminha conosco”.

COM MARIA E NA FIDELIDADE AO FUTURO PAPA

Dom Carlos Silva e concelebrantes da missa

Ainda aludindo ao Evangelho no qual Pedro confirma sua adesão a Cristo e o Senhor manda que o apóstolo apascente suas ovelhas, Dom Carlos destacou que a lógica do Reino de Deus não é da autoridade pela via do poder, mas pela via do amor.

“Nós, Igreja em Romaria, vivemos esse tempo decisivo. Com a morte do querido Papa Francisco, o coração da Igreja se volta em oração, em silêncio, em esperança para o Conclave. Para nós que cremos, não será apenas um evento. É um novo Pentecostes. É o Espírito Santo conduzindo a barca de Pedro. No silêncio daquela capela bonita, a Capela Sistina, os cardeais escutarão mais do que palavras humanas, ouvirão o sopro de Deus”, afirmou Dom Carlos, recordando que Francisco foi “o Papa da misericórdia, do cuidado com os pobres, da ternura, e nos ensinou o caminho do Evangelho vivo com radicalidade e humildade”.

O Bispo Auxiliar de São Paulo convidou a assembleia de fiéis e os concelebrantes a repetir “Nós também vamos contigo, Senhor”, para destacar o carinho e a obediência que todos na Igreja deverão ter àquele que for eleito Papa no Conclave, “o escolhido pelo Espírito, aquele a quem Cristo confiará mais uma vez as chaves do Reino.

‘A BARCA DA IGREJA NÃO ESTÁ À DERIVA’

Ao término da homilia, Dom Carlos ressaltou que no caminho da fé na Igreja, os católicos seguirão com Maria – “modelo de uma esperança perseverante” – e sempre confiantes em Cristo, que nunca os abandona, nunca decepciona.

“A esperança cristã é certeza. Certeza de que a barca da Igreja não está à deriva. Certeza de que o novo Papa será escolhido não para reinar, mas para servir e para amar. Certeza de que cada um de nós, por mais simples que seja, tem uma missão no Reino de Deus. Irmãos e irmãs, nesta manhã pascal, diante da Mãe Aparecida, façamos nossa profissão de fé viva. Lancemos novamente as redes. Sigamos Pedro com Maria e descubramos, de novo, que Cristo nos espera sempre na margem da vida, no partir do pão e no coração do povo”, concluiu, desejando que os devotos marianos retornassem para suas casas renovados.

Na oração dos fiéis, houve preces pela ação missionária da Igreja; pela defesa da vida; pela prática da justiça em favor dos excluídos e injustiçados; pelo diálogo, solidariedade e comunhão fraterna; pelo repouso eterno do Papa Francisco; e para que o Espírito Santo conceda à Igreja um pastor que conduza o povo com os mesmo sentimentos de Cristo.

Após a Comunhão, Dom Cícero Alves de França rezou a consagração a Nossa Senhora Aparecida.