No Museu de Arte Sacra, duas exposições tratam sobre a tradição dos presépios

Confeccionados em diferentes ma­teriais, formas e tamanhos, 93 conjun­tos de presépios estão sendo expostos pelo Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS SP), mantido pela Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo.

Iniciadas no dia 2, as exposições “As Tradições nos Presépios do Museu de Arte Sacra de São Paulo”, na sede da instituição, e “A Tradição Paulista de Presépios”, na Sala MAS/Metrô – Estação Tiradentes, podem ser vistas até 7 de janeiro de 2024.

“A tradição da montagem de presé­pios varia conforme cada país, e de re­gião para região brasileira, com várias maneiras de representar e ambientalizar o nascimento de Cristo, tanto pela for­ma, desenho ou disposição dos persona­gens quanto pela escolha dos materiais para constituir a estrutura dessas perso­nagens”, detalha, ao O SÃO PAULO, o museólogo Ramon Vieira, coordenador das exposições. “Cada cultura, localida­de, traz um elemento novo para a cena do presépio”, complementa.

UM RICO ACERVO

No interior do MAS SP, os conjuntos de presépios estão dispostos conforme a tipo­logia de tradição, remetendo tanto ao clás­sico presépio, concebido por São Francisco de Assis em 1223, quanto a representações da natividade peculiares de alguns países. Há, por exemplo, o tradicional pre­sépio napolitano, composto por 1,6 mil peças italianas do século XVIII. Nesta representação, o nascimento do Meni­no Jesus ocorre em meio ao cotidiano de uma vila de Nápoles. “No presépio, o visitante vai perceber imagens de alguns vendedores de frutas e de carne, além de outros comerciantes, mas há também os personagens principais: Maria, José, o Menino Jesus, os pastores e os reis ma­gos”, detalha Vieira.

Em cada presépio também são per­cebidas peculiaridades dos países, como a representação de animais característi­cos. Há, ainda, a incorporação de outros elementos folclóricos, pequenas caixas, lapinhas, miniaturas etc.

Presépios originários do Japão, Zim­bábue, Nigéria, Portugal, Itália, Espanha e países latino-americanos integram a exposição, bem como de diferentes par­tes do Brasil, com traços regionais. “Mes­tre Vitalino [Vitalino Pereira dos Santos, 1909-1963], um artesão, artista popular de Caruaru (PE), moldou peças em bar­ro, fazendo alusão a personagens e ca­racterísticas da região. Em seu presépio, Maria Bonita e Lampião estão entre os personagens”, exemplifica Vieira.

DE VÁRIAS PARTES DE SP PARA O METRÔ

Na exposição “A Tradição Paulista de Presépios”, na Sala MAS/Metrô – Es­tação Tiradentes, o visitante encontrará pinturas, esculturas e objetos que de­monstram a variedade de técnicas em­pregadas pelos artesãos, indicando a tra­dição cultural e religiosa dos paulistas na montagem de presépios e lapinhas.

Ramon Vieira explica que levar es­sas produções artesanais para um típi­co espaço da metrópole, o Metrô, ajudamostrar a riqueza da arte paulista: “A produção da imaginária de São Paulo está muito mais no interior, em grandes núcleos como Aparecida, muitas cidades do Vale do Paraíba e de outras regiões do estado. Nessa exposição, é interessante ver o contraponto entre esses presépios e os que são concebidos aqui na capital, alguns destes com o uso de materiais re­cicláveis ou elementos mais industriali­zados, como o vidro, por exemplo”.

Vieira destaca, ainda, a influência portuguesa na produção dos primeiros presépios, e lembra a relevância das ima­gens-amuleto de nó de pinho e as singu­lares paulistinhas: “Esta tradição santei­ra, hoje representada pelos figureiros do Vale do Paraíba, é um testemunho vivo da expressão artística e religiosa que per­dura ao longo dos anos”.