Desde julho do ano passado, a diretoria estatutária da Associação Amparo Maternal é composta pelo casal Lorenna Pirolo, diretora-presidente, e Emerson José Pirolo, diretor financeiro, fundadores da associação católica de fiéis Missionários da Redenção, que tem atuação social e evangelizadora na zona Leste da cidade. Já a coordenação de voluntariado compete à senhora Silvana Gavião.
Emerson e Lorenna, na companhia de Ednei Rodrigues, da equipe de tesouraria financeira, detalharam ao O SÃO PAULO o quanto têm trabalhado desde então para equilibrar as finanças da Associação Amparo Maternal e manter a excelência das atividades do Centro de Acolhida.
De acordo com Lorenna, o primeiro desafio foi entender os limites de atuação, uma vez que desde fevereiro de 2021 a maternidade, que atende gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), passou para a ser gerida pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), mas todas as questões de patrimônio do Amparo permanecem sob a responsabilidade da Associação, bem como os passivos financeiros, valor que a atual gestão conseguiu reduzir de R$ 6,5 milhões para R$ 5 milhões.
Também foi preciso correr contra o tempo para reverter algo que já estava praticamente consolidado: o encerramento da parceria da Associação com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS). “Sabíamos que se não renovássemos essa parceira, pela qual se custeia cerca de 70% do serviço do Centro de Acolhida, não teríamos verba para manter a continuidade dos trabalhos”, comenta Lorenna.
Ainda que a renovação da parceria com a Prefeitura tenha se efetivado, apenas com essa verba não seria possível manter o Centro de Acolhida, que em julho de 2021 apresentava déficit mensal de R$ 100 mil, valor hoje reduzido para R$ 22 mil, a partir de ações para melhor otimização dos recursos disponíveis, entre as quais a adequação de contratos, de salários e o controle do fluxo financeiro da instituição.
Nestes primeiros meses, algumas ações para a melhoria da infraestrutura foram feitas, como a pintura do Centro de Acolhida, reforma dos portões e a colocação de faixas para melhor identificação do Amparo. “Fizemos também uma reforma na rede elétrica, com recursos de um parceiro do exterior, e, apenas no mês de abril, a redução no valor da conta de energia foi de 40%”, relatou Emerson Pirolo, destacando que há um projeto para a instalação de uma rede de energia solar.
Houve ainda a reativação da campanha do cupom fiscal. “Estava zerada a entrada deste valor em julho quando assumimos. Fizemos um caminho crescente e hoje conseguimos a captação de recursos de cerca de R$ 7 mil, por meio de créditos de Nota Fiscal Paulista”, detalhou o diretor financeiro da instituição.
Outra iniciativa foi realizar um levantamento de quais eram os doadores do Centro de Acolhida, para reativar parcerias, bem como para mapear possíveis novos apoiadores.
“Sem esses recursos, não temos como manter o Amparo, pois o déficit mensal é de 30% do orçamento necessário. É por meio do crédito da nota fiscal, da arrecadação do bazar beneficente, das doações voluntárias que conseguimos dar fôlego e fazer algumas melhorias”, comenta Emerson Pirolo.
Questionada sobre o que motivou os missionários da Redenção a assumir o desafio de estar à frente da gestão do Amparo Maternal, Lorenna é enfática: “O que nos motiva é continuar essa missão iniciada por uma freira, depois dirigida por freiras vicentinas, mais adiante pelas freiras da Congregação de Santa Catarina e hoje por nós, mas sempre com Deus ao centro. Portanto, estar aqui não é um trabalho, é uma missão”.
No site do Amparo Maternal (https://www.amparomaternal.org) estão detalhadas todas as formas pelas quais qualquer pessoa ou empresa pode colaborar com a instituição, seja por meio de doações financeiras, seja com alimentos, itens de higiene e limpeza e roupas ou, ainda, com trabalho voluntário. Dúvidas podem ser esclarecidas pelo e-mail comunicacao@amparomaternal.org.
A HISTÓRIA DO AMPARO MATERNAL
1939 – Fundação da Associação Amparo Maternal por um grupo liderado pelo médico obstetra Álvaro Guimarães Filho, pela religiosa franciscana Madre Marie Domineuc e pelo então Arcebispo de São Paulo, Dom José Gaspar D’Affonseca e Silva (foto acima);
1945 – A entidade obteve votos na Câmara Municipal para o início das obras das instalações na Rua Loefgreen. Antes, a instituição teve sedes provisórias em várias casas alugadas situadas em diversos endereços da zona Sul da cidade.
1964 – O Amparo Maternal foi inaugurado pelo então governador Adhemar de Barros. Inicialmente, a estrutura foi planejada para ser um alojamento social, em que as mães poderiam morar e cuidar de seus filhos. Entretanto, como as mulheres nessas condições eram recusadas pelos hospitais de São Paulo, foi necessário estruturar a área hospitalar.
1974 – A Congregação das Irmãs Vicentinas de Gysegem assumiu a gestão da entidade, sob a liderança da Irmã Anita Gomes, permanecendo por quase 40 anos.
1985 – O Amparo Maternal consolidou o apoio de voluntárias que, além de se mobilizarem em prol do bazar, auxiliavam também as mães e os recém-nascidos na maternidade e no alojamento social.
1989 – Ao completar 50 anos de fundação, o Amparo Maternal contabilizava a realização de 200 mil partos de mulheres pobres e abandonadas. Destaque-se que maternidades públicas acessíveis a todas as mulheres no Brasil só se tornariam uma realidade a partir de 1990, com a entrada em vigor do Sistema Único de Saúde (SUS). Antes disso, só era atendido na rede pública de Saúde quem contribuía com a Previdência Social, fato que dá mais destaque ao trabalho do Amparo nestes primeiros anos, incluindo o Centro de Acolhida, que no ano de 1989 acolheu cerca de 2 mil pessoas.
2007 – A Associação Amparo Maternal passa a contar com o apoio administrativo da Associação Congregação de Santa Catarina (ACSC), tanto para os serviços prestados na maternidade quanto no Centro de Acolhida.
2008 – A ACSC assumiu a gestão da maternidade, permanecendo com o apoio administrativo ao alojamento social. Na nova configuração, a maternidade passou a ser conhecida como Hospital Amparo Maternal, enquanto o alojamento social estabeleceu convênio com a Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, tornando-se o Centro de Acolhida para Gestantes, Mães e Bebês.
2021 – Encerra-se a parceria com a Associação Congregação de Santa Catarina. O Centro de Acolhida permanece sob a gestão da Associação Amparo Maternal. Já a maternidade passa a ser gerida pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM).
(colaborou Fernando Geronazzo)