Recém-ordenado, Padre Miguel Lisboa preside missa pela 1ª vez

Benigno Naveira

No domingo, 10, o Padre Miguel Lis­boa Aguiar Marcondes, que recebeu a ordenação sacerdotal no sábado, 9, na Catedral da Sé, pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arce­bispo de São Paulo, presidiu uma missa pela primeira vez.

A Eucaristia foi na Paróquia Santo An­tônio de Pádua, Setor Rio Pequeno, sua paróquia de origem, onde serviu como co­roinha e acólito, na época em que o Pároco era o já falecido Padre Antônio Soares.

A homilia da missa foi feita por Dom Cícero Alves de França, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, que foi Reitor do Seminário de Teologia Bom Pastor na época em que o neossacerdote era seminarista. Entre os concelebrantes esteve o Padre João Carlos Deschamps de Almeida, Pároco, com a assistência do Diácono Lucas Raul de Faria.

Padre Miguel Lisboa (à direita do Bispo) foi designado para atuar na Re­gião Belém.

(Benigno Naveira/Colaborador de Comunicação na Região Lapa)

‘Não eu, mas Cristo em mim’ (Gl 2,20)

Dias de receber a ordenação sacerdotal, Padre Miguel Lisboa conversou concedeu entrevista à reportagem do jornal O SÃO PAULO.

Com 26 anos de idade, além das graduações em Filosofia e Teologia ele é Técnico em Web Designer. Sua Paróquia de origem é a Santo Antônio de Pádua, na Região Lapa. Ingressou nas casas de formações nos seguintes anos: Propedêutico (2015), Seminário de Filosofia (2016) e Seminário de Teologia (2019).

Leia a íntegra da entrevista a seguir:

Quando o senhor percebeu o chamado à vida sacerdotal? E como foi este processo de discernimento até o ingresso no seminário arquidiocesano?
O chamado à vida sacerdotal foi, para mim, um caminho construtivo a começar em minha paróquia de origem, onde fui coroinha, catequista; ali, também, participava do ministério de música e ajudava na secretaria paroquial. Todas essas realidades, além do testemunho do pároco à época, fizeram com que fosse despertado em mim o desejo de servir a Deus e sua Igreja mais de perto. O processo de discernimento é como alguém que busca vencer as miragens que nos podem aparecer diante dos olhos. Comigo não foi diferente! Até entrar no Seminário Arquidiocesano, tive que vencer muitas miragens que me saltavam aos olhos, como, por exemplo, a Faculdade de Medicina, a qual havia sido aprovado no vestibular da USP, em 2014. Entretanto, como o discernimento é sempre feito junto da Igreja, pude com meu pároco de origem “limpar a vista” e os ouvidos, para ouvir o que Deus de fato queria, e não eu.

Ao longo do processo de preparação ao sacerdócio, quais sinais o senhor percebeu de que esta era mesmo sua vocação?
O  processo  formativo é  sempre  constante  e  não  dependente  apenas  do candidato, mas, também, da comunidade formadora, expressa pelo reitor, que recolhe os frutos das experiências vividas no curso de vários anos de formação,  a fim de poder dizer se o candidato é idôneo para exercer o ministério. Dessa  forma,  os  sinais  perceptíveis  de  que  esta  é,  de fato,  minha vocação se deu, ao longo do processo formativo, ao qual a Igreja viu em mim vocação, por meio   do acompanhamento e do crescimento humano, da maturidade espiritual e  pastoral. Foram antes os “sim” que a Igreja disse a mim – na  aprovação para  os  estudos de Filosofia  e  Teologia,  ao  conferir  os ministérios  de  leitor e  acólito, ao receber-me  como  candidato  às  ordens sacras  e,  por  fim,  me  acolher  no  ministério  diaconal – que me fizeram ter certeza da vocação.

Gostaria que nos falasse sobre o lema de ordenação sacerdotal que escolheu e do porquê dessa escolha…
O lema que escolhi para a vida sacerdotal é: “Não eu, mas Cristo em mim” (Gl 2,20). Tal epígrafe faz parte da experiência de Paulo com Jesus a caminho de Damasco, e é um convite a experimentarmos um tipo de morte, para, então, ressuscitar Cristo em nós. Nela, Paulo nos leva ao início da vocação cristã e nos doa uma profissão de fé muito pessoal, na qual abre o seu coração e revela qual o estímulo mais íntimo da sua vida, manifestado na morte e ressurreição de Jesus. Dessa forma, se não houver uma morte do nosso “eu”, então, não haverá a verdadeira adesão à Ele, de modo que nossa vontade, ou seja, o nosso ego, não estará totalmente entregue e curvado à Jesus. Por isso, para hoje poder dizer que Cristo vive em mim, precisei dizer muitas vezes “não” pra mim mesmo e isso me fez escolher tal lema.

O que a Igreja em São Paulo pode esperar do Padre Miguel?
A vocação ao sacerdócio, de fato, é um dom que Deus concede à Igreja e ao mundo, uma via para santificar-se e santificar os outros que não se percorre de maneira individualista, mas sempre havendo como referência uma porção concreta do povo de Deus. Sendo assim, a Igreja em São Paulo não pode esperar outra coisa de mim, se não, estar unido e em disposição ao arcebispo para servir onde esta mesma Igreja sentir necessidade; pode esperar de mim, também, consonância com o os pilares propostos à vida desta Igreja a partir do sínodo arquidiocesano, a saber: o anúncio, a santificação e o testemunho, e fazer deste plano de ação evangelizadora e pastoral, o meu projeto de vida. Enfim, quero, totalmente livre, viver em profundidade o seguimento de Cristo, assumir em mim os sentimentos e as atitudes Dele em relação à Igreja e ao seu povo, conformando minha vida à do Senhor Jesus.

(Entrevista concedida a Daniel Gomes/jornal O SÃO PAULO)

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