Ações pós-sinodais com vistas à comunhão, conversão e renovação missionária da Igreja em São Paulo também foram destacadas no encontro
Evangelizar na grande metrópole, tendo como horizonte as reflexões do 1o sínodo arquidiocesano de São Paulo (2017-2023) – “Caminho de comunhão, conversão e renovação missionária” – e em sintonia com a ação evangelizadora da Igreja no Brasil e em todo o mundo, é a missão pastoral posta à Arquidiocese de São Paulo.
Convocados pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, os bispos auxiliares, padres, diáconos, religiosos e leigos que estão à frente das atividades pastorais em diferentes organismos da Arquidiocese participaram na manhã do sábado, 9, na Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação (Fapcom), na zona Sul, da primeira etapa da Assembleia Arquidiocesana de Pastoral, durante a qual se falou sobre a recepção do 1o sínodo arquidiocesano e foi apresentada a reformulação da organização pastoral da Arquidiocese.
Com o tema “Um só Corpo e um só Espírito” (cf. 1Cor 12, 4-27), a assembleia pastoral também destacou a identidade sinodal da Igreja, como foi ressaltado ao longo do 1o sínodo arquidiocesano e também agora no Sínodo universal – “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”, que será concluído em outubro de 2024.
“A sinodalidade é uma característica da Igreja, não simplesmente um método”, enfatizou Dom Odilo na mesa de abertura. Ele também afirmou que o Sínodo universal tem levado a Igreja a reencontrar a própria essência: “A Igreja é uma instituição humana, mas também divina, e tem como grande mestre e orientador o Espirito Santo. E o que temos de fazer é nos unirmos ao Espírito Santo”.
TRABALHOS PÓS-SÍNODO
Em março deste ano, na conclusão do 1o sínodo arquidiocesano, foram publicadas conjuntamente a Carta Pastoral do Arcebispo e as Propostas Sinodais. Dom Odilo também criou 12 grupos de trabalho pós-sinodais.
Na assembleia pastoral, o Cônego José Arnaldo Juliano dos Santos, Teólogo-perito do sínodo e membro de alguns destes grupos, apresentou um panorama sobre o pós-sínodo. Em linhas gerais, tanto a Carta Pastoral quanto as Propostas Sinodais foram amplamente distribuídas e ocorreram momentos de estudo e aprofundamento de seus conteúdos nas paróquias, regiões episcopais e nos vicariatos para a Pastoral da Comunicação e para a Educação e a Universidade. Além disso, há indicativos de que em 2024 os projetos de ação evangelizadora nas regiões serão orientados por estes conteúdos.
“Entretanto, todos os coordenadores que nos enviaram relatórios indicaram que é necessário que o clero seja mais protagonista na leitura e aprofundamento da Carta Pastoral e das Propostas Sinodais, e que também incentive os seus conselhos de pastoral a fazê-lo e, a partir disso, que se comece a elaborar um plano de ação evangelizadora em cada paróquia”, observou o Cônego.
ORGANOGRAMA PASTORAL E ADMINISTRATIVO
Padre Marcelo Maróstica Quadro, integrante do grupo pós-sinodal de reformulação da estrutura organizacional da pastoral, apresentou o novo organograma da Arquidiocese, no qual as atuais 18 coordenações pastorais serão substituídas por três grandes comissões: Anúncio, Santificação e Testemunho. “Essas comissões terão o trabalho de articular, formar e acompanhar nestes três eixos toda a vida pastoral da Arquidiocese”, detalhou. Também será criada uma coordenação de pastoral arquidiocesana, com um coordenador que trabalhará colegiadamente com os coordenadores regionais de pastoral
Dom Carlos Silva, OFMCap., Bispo Auxiliar da Arquidiocese, explicou a dimensão evangelizadora das três comissões: “O Anúncio contempla todas as ações da dimensão bíblico-catequética. É o anúncio da vida! A Santificação contempla todas as ações em vista da vida litúrgica e dos sacramentos, assim, relaciona-se com o louvor a Deus e o reconhecimento de que a vida é um dom a ser cuidado; e o Testemunho envolve todas as pastorais sociotransformadoras e os cuidados essenciais ao rebanho, relaciona-se com o compromisso e a defesa da vida”. Ele destacou, ainda, que evangelizar no contexto plural de São Paulo “requer de todos nós criatividade e coerência com o Evangelho”.
24 DECANATOS
Na reformulação da organização pastoral, os setores pastorais das regiões episcopais darão lugar aos decanatos, que agruparão de 12 a 15 paróquias de uma mesma região. Padre Pedro Augusto Ciola de Almeida, que integra o grupo pós-sinodal da elaboração de um novo plano de pastoral, listou as paróquias que foram transferidas de região e apresentou a configuração dos decanatos: na Região Belém serão cinco decanatos; em Santana, outro cinco; na Brasilândia, quatro; na Sé, também quatro decanatos; na Lapa, três decanatos; e no Ipiranga, também três. Ao todo, serão 24 decanatos na Arquidiocese.
“Para possibilitar um melhor acompanhamento daquilo que são as organizações mais locais da vida do clero e da pastoral das paróquias, pensamos em adequar a estrutura dos setores nas regiões para essa forma de decanato”, detalhou Dom Odilo.
Padre Tarcísio Marques Mesquita, Coordenador Geral do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral, explicou ao O SÃO PAULO que o Arcebispo nomeará para cada decanato um decano, o qual “terá uma ação mais intensa com o bispo auxiliar da Região e com as atividades da Arquidiocese. Também terá responsabilidades no acompanhamento administrativo e pastoral das paróquias do decanato e um maior cuidado com a pastoral presbiteral”.
Durante a assembleia, foram definidos por sorteio os nomes dos decanatos, que fazem alusão aos apóstolos e outros personagens centrais do Novo Testamento. Oportunamente os nomes serão divulgados. “Tivemos o critério de permear biblicamente nossa vida pastoral. Por isso, os decanatos terão nomes de grandes figuras do Novo Testamento. Somos herdeiros da fé que eles anunciaram e testemunharam em primeira pessoa”, ressaltou o Arcebispo.
PLANO DE PASTORAL
A segunda etapa da Assembleia Arquidiocesana de Pastoral acontecerá em 2 de março de 2024, quando será pensado um projeto pastoral para os próximos dois anos.
Dom Odilo explicou que se optará por um projeto pastoral e não por um plano – que tem diretrizes mais gerais e um prazo mais extenso para ser aplicado – porque há muitas coisas ainda em curso, como o Sínodo universal, que será concluído em 2024 e resultará em uma exortação apostólica redigida pelo Papa; a realização do Jubileu de 2025, que terá repercussão na ação evangelizadora da Igreja; além do fato de a própria Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) não planejar, por ora, mudanças nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), as quais costumam servir de base para o Plano Pastoral da Arquidiocese.
“Para que há a organização pastoral e administrativa da Arquidiocese de São Paulo? Existe para o Anúncio, a Santificação e o Testemunho. Esta é a razão de existir da Igreja em São Paulo, e nosso plano de ação evangelizadora e pastoral deve traduzir isso”, afirmou Dom Odilo na conclusão da assembleia.
NOVO VICARIATO
Durante o evento, o Arcebispo oficializou a criação do Vicariato Episcopal para a Pastoral da Saúde e dos Enfermos e nomeou como Vigário Episcopal o Cônego João Inácio Mildner, 63, atual Assistente Eclesiástico Arquidiocesano da Pastoral da Saúde.