‘Sejamos instrumentos de Deus para o despertar das vocações’

Afirmou o Cardeal Scherer, em live vocacional realizada no sábado, 24

Reprodução do Facebook

Com o objetivo de despertar, sobretudo nos jovens, o discernimento do chamado de Deus ao sacerdócio e à vida consagrada, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, realizou um encontro virtual no sábado, 24.

A live vocacional, que marcou a comemoração do 58º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, no domingo, 25, teve a participação dos bispos auxiliares da Arquidiocese, padres, diáconos e membros de comunidades e pastorais.

Dom Odilo iniciou o colóquio com uma breve meditação sobre a mensagem do Papa Francisco para a data, que este ano tem como tema “São José: o sonho da vocação”, refletindo sobre como o Santo patriarca da Sagrada Família acolheu o chamado de Deus. 

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Sonho, serviço e fidelidade

Na mensagem, o Papa sugere três palavras-chave para entender a vocação de José à resposta a este chamado.

A primeira palavra é “sonho”, referindo-se aos sonhos por meio dos quais Deus falou a José, como relatado na Bíblia. “José acolhe o sonho como chamado de Deus, não questiona se é verdade”, destacou o Cardeal, sublinhando a exortação do Pontífice a “acolher o sonho de Deus em nossa vida”.

Outro aspecto ressaltado pelo Papa na mensagem é o “serviço”. “José respondeu à vocação com atitude de serviço. Não procurou fazer apenas o que era do seu agrado. Ele se colocou a serviço de Deus e daqueles que foram confiados ao seu cuidado”, comentou o Cardeal, explicando, contudo, que esse serviço é “doação de amor, na simplicidade do dia a dia”.

A terceira palavra-chave assinalada por Francisco é “fidelidade”. “José é descrito como bom, justo, honesto, fiel ao seu chamado. A vocação é isso, aderir, todos os dias, com generosidade e perseverança, à vontade de Deus a nosso respeito”, afirmou Dom Odilo.

Cada dia 

Nesse contexto, o Cardeal compartilhou um episódio da sua história vocacional, quando passou momentos de dúvidas no seminário, questionando-se se conseguiria ser fiel a vida toda. Então, ele procurou seu diretor espiritual, que lhe respondeu: “Hoje você está conseguindo ser fiel? Então, não se preocupe (com isso) daqui a 15, 20 ou 30 anos. Seja fiel a cada dia”.

“É isso que o Papa diz, Deus diz àqueles que Ele chama: ‘Não tenha medo, estou contigo’ e dá força, coragem para assumir e corresponder à vocação”, enfatizou o Arcebispo, reiterando que essa fidelidade deve ser vivida na alegria. “A vocação não pode ser vivida como um peso que oprime. Se alguém não está feliz, é sinal de que esta não é sua vocação.”

Histórias

Após a reflexão sobre a mensagem do Papa, houve um momento de partilha das histórias vocacionais dos bispos e sacerdotes presentes na reunião virtual.

Dom Ângelo Ademir Mezzari, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, catarinense de Forquilhinha, relatou que, desde a infância, manifestava o desejo de ser padre. “Meus promotores vocacionais foram meus pais”, destacou, contando que foi seu pai quem o levou ao seminário da Congregação dos Rogacionistas do Coração de Jesus, quando tinha 11 anos.

Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, contou que também foi na infância que o gaúcho de Vanini começou a pensar na possibilidade de ser sacerdote, vendo o pároco da sua paróquia de origem. 

Na juventude, Dom Jorge seguiu a carreira militar, chegando a receber a patente de sargento. “Mas não era aquilo que me realizava, porque a chama da vocação já estava em mim”, destacou. Antes de ingressar no seminário, porém, ele trabalhou por alguns anos como circense, quando teve contato com a realidade dos nômades, dedicando-se posteriormente a essa pastoral. “Eu saí do picadeiro para o altar”, afirmou.   

‘Crise’

Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, contou que na infância chegou a pensar na possibilidade de ser padre, mas, com o passar do tempo, essa ideia perdeu força. Na adolescência, ele começou a trabalhar em uma oficina de autoelétrica e, aos 16 anos, abriu sua própria oficina com um amigo.

Seu trabalho ia bem, tinha uma namorada, até que, aos 18 anos, participou de um encontro de oração do Caminho Neocatecumenal, que lhe provocou uma profunda “crise”. “Parecia que tudo aquilo que eu tinha construído até o momento havia desmoronado. Nada fazia sentido. No fim daquele ano, eu ingressei no seminário”, contou o Bispo.

Exemplo de vida 

Ao falar sobre a história de sua vocação, o Cardeal Scherer destacou que, embora fosse de família muito religiosa no interior do Paraná, o que realmente despertou nele o desejo de ser padre foi o exemplo de seu pároco, um missionário do Verbo Divino, que havia sido expulso da China pela revolução comunista. “Era um padre muito alegre, visitava as famílias… Não havia um doente que ele não visitasse. O exemplo desse padre foi determinante para mim”, afirmou Dom Odilo, recordando que esse sacerdote foi seu padrinho de ordenação.

Por fim, o Arcebispo de São Paulo enfatizou a importância do testemunho dos padres e religiosos para a promoção vocacional e reforçou que além do exemplo de vida é preciso interpelar os jovens sobre a vocação. “Não tenhamos medo de lhes perguntar: ‘Você não quer ser padre?’. De repente, Deus se serve da nossa palavra para lançar uma semente de vocação no coração daquela pessoa […]. Pessoas, circunstâncias e acontecimentos são instrumentos de Deus para o despertar vocacional”, concluiu. 

Para assistir à íntegra da live, acesse aqui

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