Templo e altar são dedicados na Paróquia Pessoal Chinesa Sagrada Família

Igreja localizada na Vila Olímpia, na Região Sé, passou por reformas e é referência de fé e cultura para os imigrantes chineses que chegam ao Brasil

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Após ampla reforma e construção de um novo presbitério, o altar e a igreja da Paróquia Pessoal Chinesa Sagrada Família foram dedicados no domingo, 4, em missa solene presidida por Dom Rogério Augusto das Neves, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé.

O rito de dedicação foi marcado por diversos símbolos e gestos, como a aspersão de água benta sobre o povo, as paredes da igreja e o altar; a deposição sob o altar das relíquias de São João da Cruz, São Paulo Wu Anju, São Paulo Wu Was Shu, Santa Teresinha do Menino Jesus, Santa Elisabeth da Trindade, Santa Teresa de Calcutá, Santa Teresa dos Andes, Santa Dulce dos Pobres e Beato Gabriele Maria Allegra; houve, também, a unção do altar e das paredes da igreja com o óleo do Crisma, a incensação do altar e seu posterior revestimento e iluminação com velas.

A Comunidade Católica Chinesa está no Brasil desde 1955 e oferece aos imigrantes chineses acolhida, educação, cultura e fé. Os primeiros sacerdotes chineses chegaram ao Porto de Santos, no litoral paulista, acompanhados por Dom Job Chen Chi-ming.

Em 1958, fundaram a Paróquia Pessoal Chinesa Sagrada Família, na Vila Olímpia, onde, além da manutenção do templo para missas e ações pastorais, desenvolvem uma ampla ação social junto à Escola Chinesa Impacto; mantêm uma biblioteca com mais de 45 mil livros; há, ainda, a Associação Beneficente da Educação Brasil e China; o Centro de Juventude Chinesa, que proporciona convivência cultural; e uma ampla assistência para as famílias carentes por meio da distribuição de 100 cestas básicas mensalmente.

“Nossa missão é acolher os imigrantes chineses e expandir as ações pastorais e sociais aos paroquianos e amigos que vêm ao nosso encontro. O pão da Palavra, da educação, da cultura e da fé motivam nossa atuação nessa comunidade”, afirmou ao O SÃO PAULO o Padre Thomas Xiao Shihui, Pároco. Ele foi um dos concelebrantes da missa, assim como os Padres Lucas Xiao, Vigário Paroquial; Yuping Duan, que atua na Paróquia Divino Espírito Santo, na Diocese de Campo Limpo, e Pedro Ariede.

AMBIENTE DE FÉ E SOLIDARIEDADE

Após seis décadas de evangelização, o Padre Thomas e os paroquianos perceberam a necessidade de reformar o templo, dada a existência de cupins e avarias no teto, no piso e nas instalações elétricas. A ação só foi possível com as doações de paroquianos e amigos.

“Costumo afirmar que esta comunidade é um lugar de milagres. Os milagres da fé, da generosidade, da partilha e da amizade nos ajudaram a realizar essa reforma e a deixar nosso espaço celebrativo bonito e orante”, disse o Pároco, destacando a beleza estética das obras de arte, assinadas pelo artista plástico Sergio Ricciuto Conte.

“Um dos painéis representa a Padroeira de Xangai, Nossa Senhora de Sheshan, e os oito pilares da família na sociedade: amor, saúde, paz, educação, missão, fidelidade, respeito e responsabilidade. O mosaico da Sagrada Família, o Espírito Santo no altar e os demais elementos são um convite à oração e ao fortalecimento da fé”, afirmou o Sacerdote.

Padre Thomas ressaltou que a Paróquia é um sinal visível da ação de Deus: “Neste templo, nós nos reunimos para ouvir a Palavra de Deus, rezar juntos e expandir a caridade pastoral e social aos irmãos e irmãs da comunidade chinesa e brasileira”.

EXPRESSAR A FÉ

“Esta igreja está sendo ritualmente dedicada hoje. Que esta casa de oração seja sinal da fé, da adoração, do louvor e da caridade”, expressou Dom Rogério na homilia.

O Bispo também lembrou que a “Igreja precisa ser um espaço para expressar a fé para quem a frequenta”, sendo, assim, “um lugar para oração, adesão e expressão da fé”.

Me Wang Catalani (Teresa) nasceu em Taiwan. Paroquiana desde a juventude, atualmente ela é uma das responsáveis pela Catequese. “Minha família sempre participou das celebrações aqui. A Paróquia é um espaço de acolhida para os chineses que chegam ao Brasil. A inserção dos imigrantes na língua, na cultura é importante. Aqui, expandimos o apelo de Jesus no Evangelho de acolher, ensinar, saciar a fome por meio das várias atividades sociais”, afirmou.

“Somos uma comunidade que acolhe chineses e brasileiros, e, juntos, renovamos, a cada Eucaristia, a fé e a esperança. Nosso desejo é crescer e atrair os jovens para a evangelização e para a ação pastoral”, finalizou Teresa.

AÇÃO EDUCATIVA E SOCIAL

Padre Lucas Xiao é o responsável pela ação educativa na Paróquia. Ele ressaltou que a Escola Particular Chinesa Impacto beneficia 250 alunos chineses e brasileiros no maternal, fundamental e ensino médio. O Vigário Paroquial é o fundador da Associação Beneficente da Educação Brasil e China. Em parceria com a Prefeitura, a instituição atende 1.150 crianças, de até 3 anos, das quais apenas cinco são chinesas.

O Sacerdote ressaltou que a Paróquia é reconhecida e respeitada por toda a colônia chinesa, sendo também referência no campo acadêmico e no que se refere ao registro da história dos imigrantes chineses no Brasil.

“Nossa ação social na área da educação abrange um viés de aprendizagem e inculturação. Para os chineses, os cursos de português são fundamentais na chegada ao País, incluindo a recolocação dos adultos no mercado de trabalho. E para os brasileiros, garantem o acesso à educação de qualidade”, frisou Padre Lucas.

Genne Tsan, 58, é autônoma e, aos domingos, atua como professora voluntária na escola. “Hoje, minha missão é ensinar o português para os cinco alunos chineses”, disse à reportagem.

Alexandre Lui, 85, nasceu em Taiwan. “A ação pastoral de caridade é muito forte em nossa comunidade, de modo especial no campo da educação e no cuidado com os irmãos necessitados”, disse, destacando que o templo reformado revigora a fé e o desejo de crescer nas ações sociais.

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários