‘Unamo-nos à paixão de Cristo para termos parte com ele na sua glória’

Cardeal Scherer preside missa de Domingo de Ramos, na cripta da Catedral da Sé (foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

O Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu neste domingo, 28, na Catedral da Sé, a missa do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, que marca o início da Semana Santa.

A celebração aconteceu na cripta da Catedral, sem a presença de fiéis, devido às medidas restritivas para conter o avanço da pandemia da COVID-19. Os ritos foram transmitidos pela rádio 9 de Julho e pelas mídias digitais da Arquidiocese. Também por causa a emergência sanitária, não houve a tradicional procissão de ramos.

No início da liturgia, houve a bênção dos ramos, que recorda a entrada triunfante de Jesus em Jerusalém, seguida da leitura do trecho do Evangelho que narra a entrada de Jesus em Jerusalém. Nessa missa, também foi proclamado o relato da Paixão do Senhor segundo São Marcos.

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Coragem e fraqueza

Na homilia, Dom Odilo chamou a atenção para a riqueza de detalhes e personagens narrados pelo evangelista, que ilustram o sofrimento vivido por Jesus até sua morte na cruz.

Ao destacar alguns desses personagens, o Cardeal sublinhou o apóstolo Pedro, cheio de entusiasmo por Jesus, que prometeu defender seu mestre até o fim, no horto das oliveiras, porém, dormiu com seus companheiros, ao invés de vigiarem com Jesus em oração. Em seguida, esse mesmo apóstolo negou o Senhor três vezes.

“Quantas vezes isso acontece também conosco? Quanta coragem e quanta fraqueza! Como precisamos ser humildes até mesmo na nossa fé, pois sempre precisamos contar muito com a graça de Deus para permanecermos firmes e constantes”, afirmou o Arcebispo, enfatizando que Pedro revela a fraqueza de cada cristão e o quanto a fé, a vida moral e o seguimento de Jesus podem ser superficiais.

(foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO)

A multidão

Dom Odilo também refletiu sobre a imagem da multidão anônima que amava Jesus e o acolheu solenemente na entrada em Jerusalém e, por outro lado, também estava presente no julgamento de Jesus e, manipulada pelas autoridades de seu tempo, pediu a sua morte. O Cardeal afirmou, ainda, que, movida por uma espécie de “fake news” (notícias falsas) daquela época, a multidão aceitou insultar sem mesmo saber o motivo de sua condenação.

“Quanta capacidade manipulação da opinião pública. Quanta capacidade de fazer mal aos outros espalhando falsidade, calúnias. Isso aconteceu no julgamento de Jesus. Quanto mal uma mentira é capaz de fazer.”, afirmou o Purpurado, alertando para a atualidade desse mal na sociedade. “Não sejamos também nós manipulados pela mentira. Mantenhamos firmes o nosso juízo e senso crítico. Saibamos distinguir, discernir”.

Semana Santa em casa

Por fim, o Arcebispo convidou todos os fiéis a acompanharem os passos da Paixão de Jesus ao longo da Semana Santa com interioridade, como em um grande retiro espiritual, apesar das limitações atuais.

“Infelizmente, não será possível estar nas igrejas, porque precisamos todos colaborar neste zelo pela saúde uns dos outros, para que diminuam as pessoas doentes e as mortes por causa da pandemia que está em um momento extremamente crítico. Mas, a partir de nossas casas, dos meios técnicos que temos, podemos acompanhar a liturgia a cada dia desta semana, que será para nós um grande momento de reflexão e de oração, de nos unirmos à paixão de Jesus”, exortou o Cardeal.

“‘Unamo-nos à paixão de Cristo para termos parte com ele na sua glória, na sua ressurreição”, concluiu Dom Odilo.

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