Clero da Arquidiocese expressa pesar pela morte de Dom Cláudio

Dom Claudio em seu Jubileu, na Catedral (arquivo O SÃO PAULO)

Monsenhor Sérgio Tani, Vigário Judicial para Arquidiocese, em nome do Clero arquidiocesano expressou pesar pela morte de Dom Claudio Hummes na Catedral da Sé, no momento de suas exéquias, na Catedral Metropolitana Paulista, dia 06.

Leia a íntegra:

Depois de várias Santas Missas celebradas nestes últimos dias, aqui em nossa Catedral e em muitos outros lugares, chegou o momento da despedida final: a última Santa Missa de Corpo presente, a última encomendação. Nossa Arquidiocese deu e dá ao nosso Dom Cláudio, aquilo que temos de mais precioso, nossas orações e a celebração do sacrifício eucarístico em sufrágio de sua alma.

É o momento de apresentarmos nossas orações ao Senhor, justo juiz, para que perdoe os pecados de nosso Dom Cláudio e lhe conceda contemplar a luz perpétua. Repetimos como o salmista: se levardes em conta nossas faltas, Senhor, quem poderá subsistir, mas em vós se encontra o perdão, eu vos temo e em vós espero. Suplicamos ao Senhor que trate nosso Dom Cláudio com um coração cheio de misericórdia.

Pedimos perdão por ele e para ele, nos recordando também de suas boas obras, a única coisa que levamos desta vida. Hoje é o momento de louvarmos e agradecermos ao nosso bom Deus pelas tantas obras boas que Dom Cláudio fez enquanto esteve entre nós.

Nasce Aury Hummes em 1934 em terras gaúchas, para depois em 1956 nascer Frei Claúdio, franciscano dos Frades Menores, filho e discípulo de São Francisco de Assis. Em 1958 foi ordenado sacerdote. Tornou-se em 1975 Bispo Coadjutor e depois titular da Diocese de Santo André, sucessivamente, Arcebispo de Fortaleza, e em 1998 décimo oitavo bispo de São Paulo, quando ainda era somente um bispado, seu sexto arcebispo e quarto cardeal.

Em São Paulo, tantos de nós poderíamos elencar uma grande quantidade de feitos e boas obras sobretudo quando pastoreou nossa Arquidiocese: construção do novo Seminário Bom Pastor no Ipiranga, término da construção de nossa Catedral da Sé, restauração do diaconato permanente, acompanhamento de nossa PUC, compra do edifício para o seminário propedêutico ou introdutório, preocupação constante com os pobres de Deus, especialmente com os trabalhadores desempregados. Nunca deixou de louvar a Deus, pela ação do Espírito Santo, e de acompanhar as muitas associações e novas comunidades, laicais e clericais, como a Comunidade Shalom, ainda em Fortaleza, Aliança de Misericórdia, Arautos do Evangelho e tantas outras, demonstrando, assim, grande preocupação com a evangelização. Esteve sempre presente em seu coração sacerdotal o desejo que todos pudessem se tornar verdadeiros discípulos de Jesus Cristo, sempre Discípulos de Cristo, tema este também escolhido por ele para a pregação do retiro para o Papa e a Cúria Romana no ano de 2002, motivo de grande orgulho para o nosso Brasil, ter um de nossos bispos como pregador do retiro espiritual do Papa.

Dentre tantos ofícios e responsabilidades, foi criado Cardeal no consistório de 2001, juntamente com o então Arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mário Bergoglio. Em seu coração de pastor nunca faltou aquela preocupação especial com a formação do clero. Se via, era notório, que o Seminário era a pupila de seus olhos, também por isso foi chamado pelo Papa Bento para que assumisse como Prefeito da então chamada Congregação para o Clero, hoje Dicastério para o Clero, colaborando muito de perto com o Papa no cuidado e solicitude pelos sacerdotes do mundo inteiro. Propôs e organizou a realização do Ano Sacerdotal, proclamado pelo Papa Emérito Bento XVI, em 2009, ajudando a nós sacerdotes a recuperarmos a alegria de nossa vocação, unida à responsabilidade de viver esse grande dom recebido de Deus. Em Roma, no Vaticano, era comum ser chamado de “Uomo buono e semplice”: “homem bom e simples”, que nunca deixou de ser Franciscano, no modo de se comportar, de tratar as pessoas e de viver mesmo, aliás, posso testemunhar, o lugar que normalmente mais visitava era a casa geral da Ordem dos Frades Menores em Roma, onde ser sentia realmente em casa, além da terra de São Francisco, Assis, também na casa dos Frades Conventuais, guardiães do Santuário Franciscano.

Terminada sua missão no Vaticano, decide voltar às origens, retorna a São Paulo, sendo muito bem acolhido por nosso Arcebispo Dom Odilo Scherer  – e por toda a Arquidiocese –  que nunca deixou faltar-lhe nada, não só a assistência material e médica, mas também sobreetudo nos últimos meses, a assistência espiritual. Logo recebe nova missão e auxílio às Igrejas da Amazônia. Sempre muito preocupado com a evangelização e muito atento e solidário com seus irmãos bispos e prelados, dizia ele, homens abnegados que pastoreavam aquelas terras de missão com grande sacrifício e amor.

Hoje damos o último adeus ao Frei Cláudio, amigo do Papa Francisco, hoje aqui representado pelo nosso Núncio, Dom Giambattista Diquattro. Assim disse o Papa Francisco em seu telegrama: “TRAGO SEMPRE VIVAS NA MÉMORIA AS PALAVRAS QUE DOM CLÁUDIO ME DISSE NO DIA 13 DE MARÇO DE 2013, PEDINDO-ME QUE NÃO ME ESQUECESSE DOS POBRES”. Frei Cláudio, amigo de Francisco, amigo do Papa, amigo de todos nós, para que possa viver eternamente na companhia do amigo Senhor Jesus. Obrigado, Senhor, pela vida de Dom Cláudio, perdoe seus pecados, o receba no seu Reino eterno, para que também interceda por todos nós que ainda continuamos peregrinos em busca da santidade.

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