Dia de reafirmar a esperança na ressurreição e na vida eterna

A Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, em 2 de novembro, relembra aos viventes sua união com os que os precederam na fé

*Reportagem publicada em 29 de outubro de 2019

Fazer memória daqueles que os precederam na fé é uma tradição dos cristãos desde as primeiras comunidades. No entanto, a reserva de uma data aos finados ocorreu oficialmente apenas no século XIV, em Roma.

Em 1915, diante da grande quantidade de mortos nos conflitos da 1ª Guerra Mundial (1914-1918), o Papa Bento XV recomendou que, a cada 2 de novembro, a Igreja realize a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos.


“A Igreja, desde os primeiros tempos, cultiva com grande piedade a memória dos defuntos e oferece por eles seu sufrágio, ou seja, oferece orações e missas para manter a comunhão com aqueles batizados que se foram”, recordou, ao O SÃO PAULO, o Padre José Arnaldo Juliano dos Santos, teólogo-perito em Eclesiologia. 

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Unidos na fé

Na Constituição Dogmática Lumen Gentium (LG), na referência à união da Igreja celeste com a Igreja peregrina, indica-se que “todos os que são de Cristo e têm o Seu Espírito estão unidos numa só Igreja e ligados uns aos outros Nele (cf. Ef 4,16). E, assim, de modo nenhum se interrompe a união dos que ainda caminham sobre a terra com os irmãos que adormeceram na paz de Cristo”. 

Nesse sentido, a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, em 2 de novembro, relembra aos viventes sua união com os que os precederam na fé, de modo que, “reconhecendo claramente esta comunicação de todo o Corpo místico de Cristo, a Igreja dos que ainda peregrinam venerou, com muita piedade, desde os primeiros tempos do Cristianismo, a memória dos defuntos; e, ‘porque é um pensamento santo e salutar rezar pelos mortos, para que sejam livres de seus pecados’ (2 Mc 12,46), por eles ofereceu também sufrágios’ (LG,50)”, consta no Catecismo da Igreja Católica (CIC,958), “particularmente o sacrifício eucarístico para que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus” (CIC,1032). 

Indulgências

Esse estrito sinal de fraternidade cristã entre os viventes e os já falecidos também pode ser demonstrado com a obtenção da indulgência plenária para a alma de quem já morreu. “Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do purgatório a remissão das penas temporais, sequelas dos pecados” (CIC, 1498).

Nós cremos na Ressurreição da carne

O Dia de Finados também coloca o vivente diante de um dos pilares da fé cristã: a esperança na ressurreição da carne, o corpo, que, mediante o Batismo, tornou-se templo do Espírito Santo.


“Na morte, separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção, enquanto a sua alma vai ao encontro de Deus, embora ficando à espera de se reunir ao seu corpo glorificado. Deus, na sua onipotência, restituirá definitivamente a vida incorruptível aos nossos corpos, unindo-os às nossas almas pela virtude da Ressurreição de Jesus” (CIC,997). Assim como Cristo ressuscitou com o seu próprio corpo, mas não regressou a uma vida terrena, todos ressuscitarão com seu próprio corpo, transformado em corpo gloriosos, em corpo espiritual (cf. CIC,999). Como isso se dará “ultrapassa a nossa imaginação e o nosso entendimento; só na fé se torna acessível” (CIC,1000).

“A ressurreição da carne é a nova configuração de tudo aquilo que somos na Ressurreição do Cristo. Não há explicação, basta crer que ressuscitaremos com Cristo”, explicou Padre Arnaldo.

Segundo o Sacerdote, é importante que se tenha clareza que ressurreição da carne não significa reencarnação. “Os que creem na reencarnação pensam que nós retornamos para este mundo para purificar nossos pecados em uma outra vida. Isso é, indiscutivelmente, errado segundo a fé cristã. Nós morremos uma vez, vamos para a casa do Pai uma única vez, e lá, com os santos, esperamos a ressurreição da carne. Portanto, a reencarnação não é algo que está na doutrina católica e cristã em geral”, enfatizou.  

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