Em ‘oração com Jesus’, Via-Sacra do Papa Francisco recorda momentos em que Cristo rezou

Cristo preparou com a oração “cada um dos seus dias”, inclusive os seus dias finais na Terra, do Monte das Oliveiras até a Cruz. Assim refletiu o Papa Francisco no texto que preparou para a tradicional Via-Sacra do Coliseu, realizada no centro histórico de Roma na Sexta-feira da Paixão, 29. Para preservar sua saúde, o Pontífice não compareceu pessoalmente ao evento – a segunda vez que isso acontece –, mas neste ano, pela primeira vez, ele mesmo redigiu as meditações.

Fotos: Vatican Media

A Via-Sacra é uma oração comunitária que recorda, em 14 estações, os passos da Paixão e Morte de Cristo, associando-os às diversas situações de sofrimento humano vividas no mundo de hoje. “Jesus, nós também carregamos cruzes, às vezes muito pesadas: uma doença, um acidente, a morte de um ente querido, uma decepção amorosa, um filho perdido, um emprego perdido, uma ferida interior que não cicatriza, o fracasso de um projeto, uma espera que não deu certo… Jesus, como você reza aí?”, contemplou o Papa neste ano.

“A oração é, antes de mais nada, diálogo e intimidade”, afirma o Papa no seu texto. Cristo, em sua oração, “entrou na porta estreita da nossa dor e a atravessou até o fim”. Cristo pede a cada um de nós “proximidade”, diz o Bispo de Roma, mas muitas vezes nós nos “atormentamos” ou nos ocupamos mais com “ser servidos do que com servir os outros”. Pediu o Papa Francisco: “Acorde-nos, Senhor, desperta-nos do torpor do coração, para que também hoje, sobretudo hoje, precisas da nossa oração.”

CADA ESTAÇÃO, UMA REALIDADE

Da primeira à 14ª estação da Via-Sacra, o momento de oração no Coliseu e no Fórum Romano fez memória de situações de dor humana. A carregar a Cruz durante o caminho percorrido estiveram desde religiosas de clausura, pessoas assistidas por projetos sociais, ou que atuam neles, uma família, pessoas com deficiência, confessores, migrantes, catequistas, párocos e jovens.

“Jesus, és a minha vida e, para não perder a rota no caminho, preciso de ti, que perdoa e reergue, que cura o meu coração e dá sentido à minha dor”, leu-se, na oração final da Via-Sacra – também conhecida com o nome em latim, Via-Crucis.

“Jesus, com a tua Cruz fizeste de todos nós uma coisa só: une os crentes em comunhão, infunde sentimentos fraternos e pacientes, ajuda-nos a colaborar e a caminhar juntos; manter a Igreja e o mundo em paz”, continuou.

A Via-Sacra deste ano é contemplada, em especial, na figura de Cristo mesmo e nas suas orações junto ao Pai. “Jesus, eles perfuram seus braços e pernas com pregos, dilacerando sua carne, e ali mesmo, enquanto a dor física é mais excruciante, a oração impossível sai de seus lábios: perdoe aquele que está cravando os pregos em seus pulsos”, reflete, por exemplo. “Então, com você, Jesus, eu também posso encontrar a coragem de escolher o perdão, que liberta o coração e reaviva a vida”, continua.

A meditação também olhou para a Paixão e Morte de Cristo por meio de diferentes personagens do relato. Entre eles, por exemplo, Maria, a mãe de Jesus; o Bom Ladrão, que morre ao seu lado; e José de Arimateia, que o ajuda a carregar a Cruz. “Jesus, porque não fugistes de minha desorientação, mas a habitastes até as profundezas; louvor e glória a ti que, sobrecarregado com toda a distância, te aproximaste daqueles que estavam mais distantes de ti. E eu, na escuridão do meu porquê, encontro você, Jesus, luz na noite. E no clamor de tantos solitários e excluídos, oprimidos e abandonados, eu o vejo, meu Deus: permita-me reconhecê-lo e amá-lo”, escreve.

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários