Francisco: ‘Que a vacina da COVID-19 chegue também aos pobres’

Seria triste se a vacina para a COVID-19 não fosse universal e para todos, disse o Papa Francisco em audiência-geral, transmitida on-line, no dia 19. O Pontífice, que vem fazendo uma série de reflexões acerca do mundo sob e após a pandemia, afirmou que dois são os “vírus” com os quais deve haver preocupação atualmente: o coronavírus, mas, também, a injustiça social.

“Por um lado, é indispensável encontrar a cura para o vírus pequeno, mas tremendo, que submete a si o mundo inteiro. Por outro, devemos nos curar de um grande vírus, aquele da injustiça social, da desigualdade de oportunidade, da marginalização e da falta de proteção dos mais fracos”, comentou o Papa.

Ele insistiu que a Igreja faz uma “opção preferencial pelos pobres” e que esta é uma causa que “está no centro do Evangelho”, pois o primeiro a fazê-la foi Jesus Cristo.

“Cristo mesmo, que é Deus, se despojou, fazendo-se semelhante aos homens; e não escolheu uma vida de privilégio, mas escolheu a condição de servo”, acrescentou, citando Filipenses 2,6-7. Ele também citou São João Paulo II, ao afirmar que essa mesma escolha é de toda a Igreja.

“Os seguidores de Jesus se reconhecem pela sua proximidade aos pobres, aos pequeninos, aos doentes, aos presos, aos excluídos, aos esquecidos, a quantos não têm comida nem roupa”, disse.

A INJUSTIÇA NÃO É NORMAL

O Papa Francisco defende que a chamada “nova normalidade” não deve regularizar também a injustiça social e a degradação do meio ambiente. “De uma crise não se sai igual: ou saímos melhores ou piores”, afirmou. Ele pede ao mundo uma economia de desenvolvimento integral, e não de assistencialismo. Nesse sentido, o Pontífice recomenda aos líderes políticos que a assistência financeira oferecida com dinheiro público deve ser destinada a indústrias que promovam o bem comum e cujas ações sejam de caráter inclusivo em todos os aspectos e âmbitos da sociedade. “As periferias devem estar no centro, ou sairemos piores da crise”, argumentou Francisco.

“Há critérios para escolher quais serão as indústrias que devem ser ajudadas: as que contribuem para a inclusão dos excluídos, para a promoção dos últimos, para o bem comum e para o cuidado da criação. Quatro critérios”, refletiu.

VACINA PARA TODOS

O Papa também afirmou que seria “triste” se a vacina para a doença que atinge o mundo de forma avassaladora se tornasse um privilégio de ricos ou somente de alguns países. Para ele, esta pandemia coloca em risco, principalmente, os mais pobres, que não têm acesso aos mesmos serviços de saúde nem podem se isolar da mesma forma que as pessoas mais abastadas. “Seria triste se, na vacina para a COVID-19, se desse a prioridade aos mais ricos!”, disse o Papa. “Seria triste se esta vacina se tornasse propriedade desta ou daquela nação, e não universal e para todos”, completou, referindo-se a possíveis implicações geopolíticas e econômicas que a criação de vacinas para a COVID-19 pode causar.

Em resumo, na visão do Papa Francisco, é preciso partir “do amor concreto de Deus” também na hora de tomar as decisões sobre como resolver a crise provocada pela pandemia, curando tanto as doenças “causadas por pequenos vírus invisíveis” quanto as grandes e visíveis injustiças sociais.

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