Há 40 anos, São João Paulo II sofreu um atentado e mostrou ao mundo a força do perdão

Pontífice foi atingido por três tiros na Praça São Pedro, passou por cirurgia e perdoou seu agressor

Foto: Vatican Media

Na tarde do dia 13 de maio de 1981, uma quarta-feira, o Papa João Paulo II, aos 60 anos de idade, sofreu um atentado enquanto fazia a sua volta habitual entre os fiéis reunidos para a Audiência Geral, na Praça São Pedro. Na ocasião, ele percorria a praça no papamóvel.

Em pleno vigor físico, instantes depois que devolveu aos pais uma criança que havia pegado em seus braços, o Papa foi baleado. Três tiros atingiram seu abdômen. Desmaiado nos braços de seu secretário, o Pontífice foi levado às pressas para dentro do Vaticano e, em seguida, ao Hospital Agostino Gemelli, onde passou por uma cirurgia.

Foram momentos de muita tensão. Sem acreditar no que estava acontecendo, muitos peregrinos se ajoelharam e se reuniram em oração com o Terço na mão, que tinham levado para o Santo Papa abençoar.

O atentado deixou todos perplexos. Na edição do O SÃO PAULO de 15 de maio de 1981, a primeira publicada logo após o atentado, Dom Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo de São Paulo, declarou: “Nunca se provou tanto que a violência é uma loucura. E essa loucura abalou o mundo todo. Porque esse atentado veio atingir aquele que significa a própria paz”.  

Ainda no artigo, disse o Cardeal Arns: “Esta é uma noite de perplexidade e angústia. Mas há um anúncio de esperança: Deus é Pai e nos ama. Que Ele restitua ao seu povo, a alegria e a paz”.

Devoção a Nossa Senhora de Fátima e orações dos fiéis

Manchete do O SÃO PAULO de 15 de maio de 1981

Sessenta e quatro anos antes da tentativa de assassinato do Papa João Paulo II, no mesmo dia, 13 de maio, Nossa Senhora apareceu aos pastorinhos em Fátima. O Papa do Totus tuus, Maria! é assim confiado pelo Povo de Deus à Virgem.

Papa João Paulo II sempre disse, com convicção, que devia a sua vida à intervenção de Nossa Senhora de Fátima.

Na tarde do atentado, a oração pedindo pela vida do Santo Papa se espalhou pelo mundo inteiro. Rezar foi o movimento espontâneo de milhões de pessoas assim que ficaram sabendo que o Papa estava lutando para sobreviver.

Os fiéis rezaram incessantemente até que São João Paulo II foi considerado fora de perigo.

A oração o acompanhou e o guardou até o final de sua vida terrena, inclusive, nos momentos de sofrimento e de doença, que marcaram sua existência até os últimos dias de vida, em 2005.

O perdão

Quatro dias após o atentado, em 17 de maio, João Paulo II, que nunca havia faltado em um encontro com os fiéis, rezou com eles a primeira Regina Coeli por meio de uma gravação feita no leito do hospital. Com voz fraca, disse: “Rezo pelo irmão que me atirou, a quem eu sinceramente perdoei. Unidos a Cristo, Sacerdote e Vítima, eu ofereço meus sofrimentos pela Igreja e pelo mundo”.

A gravação foi transmitida pela rádio para os fiéis na Praça São Pedro, da janela do escritório do Papa que estava vazia.

O perdão do Papa, quase mortalmente ferido, ao seu agressor tocou a todos. Sua mensagem chegou ainda com mais força nos corações de todos em 27 de dezembro de 1983, quando o Papa João Paulo II, autor da encíclica Dives in misericordia, foi até a prisão Rebíbia de Roma, entrou na cela de seu agressor, o jovem Mehmet Ali Agca, e o abraçou.

O encontro não foi registrado em áudio, mas logo após ter acontecido, o Pontífice afirmou que eles se encontraram como homens e como irmãos. “Porque somos todos irmãos e todos os acontecimentos de nossas vidas devem confirmar a fraternidade que vem do fato de que Deus é nosso Pai”, acrescentou o Papa.

Sobre esse encontro, há comoventes imagens.

Memória dos 40 anos

Cardeal Stanislaw Dziwisz, arcebispo emérito de Cracóvia e secretário particular de São João Paulo II, diante das vestes ensanguentadas do Pontífice (foto: Vatican Media)

Na quinta-feira, 13, será celebrada no Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Polanica Zdroj-Sokołówka, na Polônia, uma missa em ação de graças a Nossa Senhora de Fátima por ter intercedido pela vida de João Paulo II há 40 anos.

A Solene Eucaristia será presidida pelo presidente da Conferência Episcopal Polonesa, Dom Stanisław Gądecki.

Está previsto ainda, um concerto intitulado “Totus Tuus, Maria”. Durante o concerto, por volta das 21h37 (horário local), será entoada a canção “O Senhor uma vez esteve na praia”, também conhecida como “A Barca”, que era querida por João Paulo II.

De acordo com a programação publicada no site do episcopado polonês, ainda na quinta-feira, 13, após a Santa Missa e a oração do Rosário, será iniciada a Noite Extrema de Fátima, ou seja, a oração itinerante do Rosário: o percurso terá aproximadamente 33 km, cada quilômetro é um ano de vida terrena de Jesus.

Os peregrinos farão paradas nas igrejas localizadas em Kotlina Kłodzka, incluindo Stara Łomnica, Starków, Stary Wielisław e Polanica Zdrój. Em cada uma será lida uma passagem do Apocalipse.

A oração continuará junto à estátua de Nossa Senhora de Fátima no Santuário Polanica Zdroj-Sokołówka, que em 2014, foi consagrada em Fátima e começou a sua peregrinação em todas as paróquias da Diocese de Świdnica para preparar os fiéis para o 100º aniversário das aparições de Fátima.

(Com informações do Vatican News / Vatican News Service – RB)

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários