Matrimônio: sinal da união indissolúvel de Cristo com a Igreja

Papa Francisco abençoa recém-casados após audiência geral no Vaticano (foto Arquivo/Vatican Media)

Publicada em 2016, a exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia (AL), do Papa Francisco, ressalta, como tema central, a alegria do amor presente no Matrimônio e nas famílias.

Fruto do caminho sinodal percorrido pela Igreja entre 2014 e 2015, esse documento sublinha que, apesar dos numerosos sinais de crise no Matrimônio, “o desejo de família permanece vivo, especialmente entre os jovens, e isto incentiva a Igreja”.

Reforçando o que seus predecessores – especialmente São Paulo VI e São João Paulo II – já haviam escrito, Francisco recorda que o Matrimônio cristão, “reflexo da união entre Cristo e a sua Igreja, realiza-se plenamente na união entre um homem e uma mulher, que se doam reciprocamente com um amor exclusivo e livre fidelidade, se pertencem até a morte e se abrem à transmissão da vida, consagrados pelo sacramento que lhes confere a graça para se constituírem como igreja doméstica e serem fermento de vida nova para a sociedade” (AL, 292).

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Sacramento

O Bispo de Roma também enfatiza que o sacramento não é uma “coisa” nem uma “força”, mas o próprio Cristo que “vem ao encontro dos esposos cristãos”, permanece com eles e “lhes dá a coragem de o seguirem, tomando sobre si a sua cruz, de se levantarem depois das quedas, de se perdoarem mutuamente, de levarem o fardo um do outro”.

Francisco garante que os esposos nunca estarão sós, com as suas próprias forças, para enfrentar os desafios que surgem. “São chamados a responder ao dom de Deus com o seu esforço, a sua criatividade, a sua perseverança e a sua luta diária, mas sempre poderão invocar o Espírito Santo que consagrou a sua união, para que a graça recebida se manifeste sem cessar em cada nova situação”.

Amor conjugal

A exortação apostólica destaca que o Concílio Vaticano II ensina que o amor conjugal “compreende o bem de toda a pessoa e, por conseguinte, pode conferir especial dignidade às manifestações do corpo e do espírito, enobrecendo-as como elementos e sinais peculiares do amor conjugal”.

O Pontífice lembra que a união sexual, “vivida de modo humano e santificada pelo sacramento”, é, por sua vez, “caminho de crescimento na vida da graça para os esposos”. Sobre esse aspecto, o Catecismo da Igreja Católica ensina que o Matrimônio é uma “íntima comunidade da vida e do amor conjugal”, que constitui um bem para os próprios esposos” e a sexualidade “ordena-se para o amor conjugal do homem e da mulher”.

Nesse sentido, os filhos que nascem dessa união não vêm “de fora”, para se juntarem ao amor mútuo dos esposos, mas surgem “no próprio coração deste dom mútuo”, do qual são fruto e complemento. “Desde o início, o amor rejeita qualquer impulso para se fechar em

si mesmo, e abre-se a uma fecundidade que o prolonga para além da sua própria existência. Assim, nenhum ato sexual dos esposos pode negar este significado, embora, por várias razões, nem sempre possa efetivamente gerar uma nova vida.”

Fragilidade

O Santo Padre dedica uma parte da Amoris laetitia para falar das situações de fragilidade e sofrimentos das famílias, reforçando que “a Igreja não deixa de valorizar os elementos construtivos nas situações que ainda não correspondem ou já não correspondem à sua doutrina sobre o Matrimônio”.

Por isso, o Bispo de Roma salienta a importância de acompanhar, discernir e integrar os casais que vivem fragilidades, ajudando-os para que, gradualmente, correspondam ao chamado de Deus para suas vidas.

Francisco também recorda que as famílias não são “ilhas” isoladas, e fala sobre a “família alargada” ou “ampliada”, que consiste na comunidade próxima com as quais pais e filhos interagem, trocam experiências e se ajudam mutuamente. Dela, fazem parte os avós, tios, primos e até os vizinhos.

Vida espiritual

O último capítulo do documento é dedicado à espiritualidade conjugal. O Papa afirma que a presença do Senhor habita a família real e concreta, com todos os seus sofrimentos, lutas, alegrias e propósitos diários.

“A espiritualidade do amor familiar é feita de milhares de gestos reais e concretos. Deus tem a sua própria habitação nesta variedade de dons e encontros que fazem maturar a comunhão. Esta dedicação une ‘o humano e o divino’, porque está cheia do amor de Deus. Em suma, a espiritualidade matrimonial é uma espiritualidade do vínculo habitado pelo amor divino.”


DOCUMENTOS DA IGREJA SOBRE A FAMÍLIA


O elenco de textos do magistério da Igreja sobre a família é bastante vasto. São documentos pontifícios, cartas, mensagens, estudos, homilias, catequeses e outros materiais que trazem reflexões que aprofundam diversos aspectos dessa vocação cristã. Veja, a seguir, alguns:


PAPA LEÃO XIII
Arcanum divinae sapientiae (1880) PAPA PIo XI
Casti connubii (1930)

PAPA PIO XII
Mensagem aos participantes na Con- ferência Internacional sobre a Família (1958)

SÃO JOÃO XXIII
Mater et magistra (1961 – números 32, 33, 144, 173, 180, 182, 229)

SÃO PAULO VI
Humanae vitae (1968) sÃo JoÃo PAulo II
Familiaris consortio (1981) Gratissimam sane (1994) Evangelium vitae (1995)

PAPA BENTO XVI
Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre a colaboração do homem e da mulher na Igreja e no mundo (2004) Aos participantes da Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para a Família (2006)
Aos participantes da Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para a Família (2010)
Aos participantes da Assembleia Plenária do Pontifício Conselho para a Família (2011)

FRANCISCO
Amoris laetitia (2016)

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