No Angelus, Papa fala sobre coerência de vida e pede cessar-fogo em Gaza

‘Para um sacerdote, um agente pastoral, um político, um professor ou um pai, esta regra vale sempre: o que você diz, o que você prega aos outros, seja você primeiro a vivê-lo. Para sermos mestres críveis, devemos primeiro ser testemunhas críveis’, ressaltou o Pontífice

Na oração mariana do Angelus, no domingo, 5, o Papa Francisco comentou sobre o Evangelho 31o Domingo do Tempo Comum, em que Jesus fala a “respeito dos escribas e fariseus, isto é, dos líderes religiosos do povo”.

Foto: Vatican Media

Cabe lembrar que no Brasil, como a Solenidade de Todos os Santos foi celebrada nesta data, os textos da missa foram diferentes.

“Em relação a estas autoridades, Jesus usa palavras muito severas, ‘porque dizem e não fazem’ e ‘fazem todas as suas ações só para serem vistos pelos outros’”, disse Francisco no início de sua alocução.

Inicialmente, o Papa se deteve sobre a distância entre o dizer e o fazer. “A estes mestres de Israel, que pretendem ensinar aos outros a Palavra de Deus e serem respeitados como autoridades do Templo, Jesus contesta a duplicidade de suas vidas: pregam uma coisa, mas, depois, vivem outra”, disse, lembrando que estas palavras de Jesus recordam as dos profetas, em particular de Isaías: “Esse povo se aproxima de mim só com palavras, e somente com os lábios me glorifica, enquanto o seu coração está longe de mim”.

A DUPLICIDADE DO CORAÇÃO

Francisco falou sobre o perigo ao qual todos devem estar vigilantes: a duplicidade do coração. “Nós também corremos esse perigo. Essa duplicidade do coração que põe em risco a autenticidade do nosso testemunho e também a nossa credibilidade como pessoas e como cristãos”.

Segundo o Papa, “devido à nossa fragilidade, todos experimentamos uma certa distância entre o dizer e o fazer; mas outra coisa, ao invés, é ter um coração duplo, viver com ‘um pé em dois sapatos’ sem fazer disso um problema”.

“Especialmente quando somos chamados – na vida, na sociedade ou na Igreja – a desempenhar um papel de responsabilidade, lembremo-nos disto: não à duplicidade! Para um sacerdote, um agente pastoral, um político, um professor ou um pai, esta regra vale sempre: o que você diz, o que você prega aos outros, seja você primeiro a vivê-lo. Para sermos mestres críveis, devemos primeiro ser testemunhas críveis.

Pessoas ‘maquiadas’ não sabem como viver a verdade”.

A seguir, Francisco se deteve no segundo aspecto que “surge como consequência: a primazia do exterior sobre o interior”.

“Vivendo na duplicidade, os escribas e fariseus estão preocupados em ter que esconder a sua incoerência para salvar a sua reputação exterior. Na verdade, se as pessoas soubessem o que realmente há nos seus corações, ficariam envergonhados, perdendo toda a sua credibilidade. Então, eles fazem obras para parecerem justos, para ‘salvar a face’, como se diz”, frisou o Papa.

O truque é muito comum: maquiam o rosto, maquiam a vida, maquiam o coração. Essas pessoas “maquiadas” não sabem como viver a verdade. E, muitas vezes, nós também temos essa tentação da duplicidade.

SER TESTEMUNHAS CRÍVEIS DO EVANGELHO

“Acolhendo esta advertência de Jesus, perguntemo-nos: Procuramos praticar o que pregamos ou vivemos na duplicidade? Dizemos uma coisa e fazemos outra? Estamos preocupados apenas em nos mostrar impecáveis ​​por fora, maquiados, ou cuidamos da nossa vida interior com a sinceridade do coração?”, ressaltou.

“Dirijamo-nos à Virgem Santa: Ela que viveu com integridade e humildade de coração segundo a vontade de Deus, nos ajude a ser testemunhas críveis do Evangelho”, conclui o Papa.

CESSAR-FOGO EM GAZA

Após a oração mariana do Angelus, o Papa Francisco fez um apelo por um cessar-fogo imediato entre Israel e Palestina

“Continuo pensando na grave situação na Palestina e em Israel, onde tantas pessoas perderam a vida. Peço-lhes que parem, em nome de Deus: cessar-fogo! Espero que todos os caminhos sejam percorridos para evitar absolutamente uma ampliação do conflito, que os feridos possam ser socorridos e a ajuda chegue à população de Gaza, onde a situação humanitária é gravíssima. Que os reféns sejam libertados imediatamente. Dentre eles também há muitas crianças, que elas voltem para suas famílias! Sim, pensemos nas crianças, em todas as crianças envolvidas nesta guerra, assim como na Ucrânia e em outros conflitos: isso está matando o futuro delas. Rezemos para que se tenha a força de dizer ‘basta’”.

O Papa também manifestou sua proximidade ao “povo do Nepal que sofre com o terramoto; bem como aos refugiados afegãos que encontraram refúgio no Paquistão, mas que agora já não sabem para onde ir”.

“Rezo também pelas vítimas das tempestades e enchentes, na Itália e em outros países”, disse ainda Francisco.

Por fim, o Pontífice saudou os peregrinos da Itália e demais países, e o Comitê “Deter a Guerra”. Desejou a todos um bom domingo e pediu aos fiéis para não se esquecerem de rezar por ele.

Fonte: Vatican News

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